Enquanto muitos novos países membros da EU se esforçam por entrar na zona euro, uma sondagem revela que quase 64% das pessoas residentes nesse zona monetária preferiam reverter para os sistemas nacionais. A notícia onde li este resultado não revela se tal se deve a algum saudosismo pelas antigas notas. Suspeito que seja pelo efeito que o euro teve sobre o custo de vida e sobre as economias domésticas.
Em Janeiro de 2002, entrou em vigor o sistema monetário europeu em 12 países membros da UE: Portugal, Alemanha, Bélgica, Espanha, França, Irlanda, Luxemburgo, Austria, Holanda, Finlândia e Grécia. De fora ficavam, por decisão própria, a Dinamarca, Suécia e Grã-Bretanha.
Entre os países que desejam entrar para o euro está a Eslovénia (que deverá integrar em Janeiro de 2007). Malta, Chipre e a Latvia apontam entrar em 2008, a Eslováquia em 2009, e a Hungria e a República Checa 2010. A Lituânia e a Estónia ainda não satisfazem os critérios de integração, devido às suas inflacções elevadas. O Primeiro Ministro da Polónia, Kazimierz Marcinkiewicz, declarou que nesse ano o seu país está preparado a discutir a integração.
Para os membros do euro, mais importante que as novas notas e moedas, que o exercício de conversão, que aprender o valor do café, pão, etc numa nova moeda, foi o abdicar de um aspecto fundamental da soberania: a política economica monetária doméstica. Não se trata de uma questão de orgulho nacional, de patriotismo numismático. Sem podermos ajustar o valor da moeda com que vendemos e compramos produtos ao e do estrangeiro, foi-nos retirado um instrumento fundamental de contolo da nossa economia. Esse poder está agora nas mãos do Banco Central Europeu (BCE), que responde sobretudo às necessidades das economias maiores da EU, em particular da Alemanha, com graves consequências para as economias mais pequenas e em maiores apuros.
Portugal é um exemplo muito claro. Fala-se agora muito na necessidade de modernizar a nossa economia, de passarmos de um economia baseada em baixos salários para uma economia baseada na tecnologia, uma opção ajuizada parece-me. Usa-se como argumento o facto de com o modelo de baixos salários não podermos competir com a China e Europa de Leste, onde os salários são ainda mais baixos. Explica-se a nossa dificuldade em exportar produtos com recurso à nossa incapacidade de produzir mercadorias competitivas (leia-se mais baratas). Mas esta incapacidade é explicada apenas em função do modelo de baixos salários, quando a integração no Euro teve enorme importância. Como? Desde a entrada em vigor do euro, essa moeda já subiu 30% em valor, relativamente ao dólar dos EUA. Assim, só por este facto, o preço das mercadorias portuguesas vendidas fora da UE aumentaram 30% de preço. Por outro lado, os produtos importados de fora da EU, como da China, tornaram-se 30% mais baratos. Isto sem alteração do sistema de produção, do valor dos salários, benefícios sociais dos trabalhadores, seu nível de formação. Apenas por alteração das taxas de câmbio. As tais que Portugal já não pode ajustar em favor favor da sua balança comercial, cuja alteração é da competência exclusiva do BCE.
Nenhum comentário:
Postar um comentário