terça-feira, outubro 24, 2006

Economicista

Tendo constatado que presentemente os dicionários da língua Portuguêsa não oferecem definições da palavra 'economicista', Paulo Soares de Pinho decidiu, nas páginas do Diário Económico, esboçar uma definição:
Economicista [ikónumi’siStá] adj. e subst. Pessoa que procura optimizar a utilização dos recursos humanos e materiais sob sua gestão, combatendo o desperdício, mesmo que isso implique a irritação de poderosos grupos de pressão organizados com capacidade de ‘lobby’ político e mediático. Trata-se de alguém cuja elevada consciência social a leva a defender o interesse colectivo da comunidade contra os interesses de minorias que se consideram detentoras de privilégios irreversíveis que o resto da sociedade tem de suportar através de maiores impostos ou menores benefícios sociais.
Efectivamente, devo conversar com gente e ler literatura muito diferente do Sr. PSP. Pois eu cá entendo economicista como aquele que coloca interesses económicos, ou melhor financeiros, acima de quaiquer outros interesses, como sejam o social. Aquele que coloca a obtenção de lucro, vá lá a procura da viabilidade económica, acima da função extra-financeira da actividade ou serviço. Um produtor cultural economicista, por exemplo, procura acima de tudo ter muito público, e condiciona a escolha do material cultura a esse mesmo critério, por oposição a quem possa estar interessado em expandir os horizontes da arte e espere que o público responda.

Mas PSP pinta o economicista como o garante da função social, pois a viabilidade financeira é condição sine qua non para que qualquer actividade se possa realizar. Como no seu exemplo:
aquele que colocando em primeiro lugar os interesses dos mais necessitados procura reformar a Segurança Social com vista a assegurar que, quer hoje, quer no futuro, as pensões são pagas em montante condigno a aqueles que delas irão necessitar, combatendo situações abusivas que as gerações futuras terão de (ou recusar-se-ão a) pagar.
Afinal esta malta que anda a crer reformar a SS, leia-se oferecer os lucros da SS ao sector privado, são grandes samaritanos, preocupados com os necessitados. Apenas querem salvar o sistema de pensões, que diga-se está muito bem, obrigado, e muito longe de qualquer proclamada falência.


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