segunda-feira, setembro 03, 2007

Escalada contra Irão II

Na 3ª passada (dia 28), o presidente do Irão, Mahmoud Ahmadinejad, descartou a probabilidade dos EUA atacarem o seu país, descrevendo como errada as analises vindas do interior dos EUA que uma secção da administração Bush estaria a preparar um ataque (ver). Mas adiantou que um ataque sobre o Irão terá a resposta apropriada : «considero improvável que os EUA tomem uma acção tão ilógica e ilegal, porque a medida tornar-se-ia numa anedota mundial. Não ouvi quaisquer planos serem colocados oficialmente pela administração dos EUA. (...) Pensamos existir uma divisão na administração: uns desejam resolver o problema logicamente e outros, cujas fábricas de armas estão em falência, querem aumentar a tensão mundial.» (ver)

Temo que Ahmadinejad esteja a dar mais crédito à racionalidade da Administração Bush-Cheney do que esta tem demonstrado merecer. Ou melhor, ela obedece a uma razão, mas a do imperialismo e seus interesses geoestratégicos, não a lógica do direito internacional, da paz e respeito entre nações. Há que dar atenção e peso aos crescentes tambores de guerra estadunidenses que tocam cada vez mais alto em direcção ao Irão, preparando terreno para o momento oportuno.

Um ex-agente da CIA, Robert Baer, num artigo na revista Time, prevê um ataque nos próximos 6 meses (ver). O ex-embaixador dos EUA às NU, John Bolton, declarou, no canal televisivo Fox News, que deseja um ataque: «Absolutamente. Espero que o Irão entenda que estamos sérios, que estamos determinados a que não consigam capacidade nuclear, e se não inverterem as decisões estratégicas dos últimos 20 anos, que devem ter em conta a possibilidade de um ataque.» (ver)

É certo que o Irão tem uma capacidade militar defensiva superior à do Afeganistão ou do Iraque (mesmo antes da primeira guerra do golfo). Mas os EUA só invadiram o Iraque após anos de sanções que enfraqueceram o pais economicamente e militarmente. Uma primeira ofensiva estadunidense não tomará a forma de invasão, mas possivelmente de ataques estratégicos.
Segundo Alexis Debat, director de terrorismo e segurança nacional no Centro Nixon, o Pentágono terá concluido que a resposta Iraniana será igual quer se façam ataques precisos ou um ataque massivo, e está a elaborar planos para ataques aéreos contra 1200 alvos no Irão para aniquilar a sua capacidade militar em três dias (ver). Na avaliação do Pentágono jogam também os planos de Israel, que se tem declarado disposto a ataque as centrais nucleares Iranianas caso o EUA não o faça.

No mesmo dia 28, Bush fez novas declarações contra o Irão: «Eles não podem escapar à responsabilidade pelos ataques contras as forças da aliança e o assassinato de Iraquianos inocentes. O regime Iraniano deve terminar estas acções. Até o fazer, tomarei as acções necessárias para proteger as nossas tropas. Autorizei os nossos comandantes no Iraque para confrontar as actividades assassinas de Teerão.» (ver)

A 30 de Agosto, o Director-geral da Agência Internacional de Energia Atómica (IAEA), Mohamed ElBaradei, emitiu um relatório sobre a implementação do Tratado de Não-Proliferação no Irão assinalando cooperação significativa com o Irão e um abrandar do programa de enriquecimento de urânio (ver). Mas dias depois Ahmadinejad anunciou que o Irão já tinha atingido a meta de 3 mil centrifugas para enriquecimento de urânio, contrariando o relatório do IAEA que estimava apenas duas mil (ver).

Este tipo de contradições abrem caminho para a discussão de novas sanções do Conselho de Segurança das NU contra o Irão. Mas existem diferentes posturas dentro do CS: o Presidente Russo, Vladimir Putin, reforçou o mês passado, durante a cimeira da Organização de Cooperação de Xangai (OCX), o seu compromisso de completar a construção da central nuclear de Bushehr no sul do Irão (ver). Ahmadinejad tem procurado ganhar apoio entre os seus países vizinhos. Em Agosto visitou o Afeganistão, Turquemenistão, Quirjistão e Azerbeijão, tudo países onde os EUA também têm procurado aumentar a sua influência e presença militar (ver).

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