2ª Feira, 7 de Maio, às 21.00, o PCP promove uma concentração de protesto contra a discriminação por parte da RTP. A concentração decorre frente à Casa do Artista, em Carnide, onde a RTP promove, nessa mesma altura, um debate sobre eleições (incluindo em Lisboa) sem a presença de qualquer representante do Partido. A concentração decorre sob o lema "Não calam a voz do PCP". Participa e divulga esta acção.Vários são os programas de debate e talk-shows sobre actualidade politica na rádio e televisão. É dever democrático das estações e de interesse cívico para os ouvintes e espectadores as emissoras escolherem convidados de forma a representar a diversidade de opinião, diferentes sectores políticos, por forma a garantir um substantivo confronto de opiniões, ideias e perspectivas e não simplesmente uma esgrima de retórica e um pavonear de personalidades. É possível escolher personalidades especializadas no tema em debate, comentadores generalistas, ou represetantes de organizações como os partidos políticos. Em Portugal poucos são os comentadores que não estão conotados a um partido político, quando não são mesmo militantes e ex-dirigentes partidários. Mesmo que ocasionalmente tomem posições contrárias ou críticas da direcção desse partido, o mais frequente é a opinião e perspectiva expressa ser semelhante à desse partido, e o comentador estar efectivamente em representação desse sector partidário. É portanto falacioso apresentar um programa com Marcelo Rebelo de Sousa ou António Vitorino como apenas a exposição de opiniões de um qualquer cidadão informado. Tratam-se de espaços oferecidos às opiniões de partidos políticos. Ou tomem o exemplo do programa «
Choque Ideológico» anunciado pela RPT como "
espaço de debate sobre polémicas da actualidade entre personalidades "sem actividade partidária relevante" (como historiadores, politólogos e filósofos, entre outros)". Sôa interessante, mas a presença de Bagão Félix alerta logo para o facto de haver sectores ideológicos claramente presentes, e outros ostensivamente ausentes.Sendo comentadores da área ideológica associada a partidos ou representantes escolhidos pelos mesmos, um critério das emissores pode ser garantir alguma proporcionalidade entre os sectores partidários representados pelos convidados e o peso desses sectores na Assembleia da República. (Outro critério poderia ser escolher opositores ideológicos, por contraste com aqueles que variam apenas na forma e estilo de implementação dos mesmos preceitos ideológicos.) Se o programa tem apenas dois convidados, terá alguma lógica que estes provenham dos sectores representados pelos dois maiores partidos em termos eleitorais, PS e PSD. (Sob o critério alternativo sugerido acima, esta rescolha resume-se a convidar Dupont e Dupond, ou Tweedledum e Tweedledee.)
Mas que fazer se o espaço permite três convidados? Que sector representará o terceiro convidado? A opção do programa «
Quadratura do Círculo» da SIC Notícias é convidar o Lobo Xavier (CDS-PP), para juntamente com Pacheco Pereira (PSD) e Jorge Coelho (PS) haver um verdadeiro clash de ... personalidades. Alguns programas optam por ter cinco convidados podendo assim incluir, para além dos três partidos referidos acima, o PCP e Bloco de Esquerda. É o caso dos programas «
Debate da Nação» ou «
Eurodeputados» da RTP e RTP-N. Não estão assim representados todos os grupos parlamentares, mas sempre haverá um espectro mais alargado e representativo.
E se o formato escolhido fôr de quatro pessoas? Não seria lógico escolher haver pessoas das áreas dos quatro partidos com maior votação? Não terá sido certamente essa resposta dos produtores do «
Eixo do Mal», na SIC Notícias, que inclui José Júdice, Clara Ferrera Alves, Nuno Artur Silva e Daniel Oliveira. Então e o PCP? O partido com maior história, terceiro maior grupo parlamentar e autarquico? O seu eleitorado só tem direito a ter uma voz nestes programas quando o número de pessoas é grande, ou seja no formato mais raro, e às vezes nem nesses?