segunda-feira, setembro 15, 2008

Paquistão ao centro

À medida que caminhamos para as eleições presidenciais nos EUA (a 4 de Novembro, uma 3ª feira laboral, outro dos anacronismos do sistema político dos EUA), o eleitorado dos EUA, mas todo o mundo, tem de escrutinar as política internacional dos candidatos. Um cenário em particular que me preocupa é a postura perante o Paquistão, potencial nuclear, em grande fluxo político internamente, vizinho do ocupado Afeganistão, e alegada fonte de recrutamento para os Taliban e al-qaeda.

Obama tem vindo a afirmar uma política de retirada lenta do Iraque para dar prioridade à frente Afegã, mas chegou à admitir ataques unilaterais sobre o Paquistão, sem consentimento do seu governo. Por exemplo, a 1/8/07:
Existem terroristas [nas montanhas do Paquistão] que assassinaram 3 mil estadunidenses. Estão a planear atacar de novo. Foi um erro terrível não actuar quando tivemos oportunidade de liquidar uma reunião da al-qaeda em 2005. Se tivermos inteligência actuável sobre alvos terroristas de alto valor, e o Presidente Musharraf não actuar, nós actuaremos."
Samantha Power, um dos conselheiros de política international de Obama, frizou que está implícito um bombardeamento. Mas é díficil imaginar que outro tipo de acção militar poderia estar implicada, e em todo o caso, tratar-se-ia de assassinatos programados em território estrangeiro, contra a soberania desse país.

Entretanto, já Musharraf não é Presidente. Já tomou posse ainda desconhecido Yousaf Raza Gilani, que apenas me apresenta no seu currículo ter pertencido ao governo corrupto de Benazir Butto.

Claro que não é preciso esperar por um novo Presidente para tais ataques. O New York Times noticiou no passado dia 11, que Bush secretamente aprovou, em Julho, ataques terrestres dos EUA no Paquistão sem conhecimento do governo Paquistanês. Tais ataques já tiveram lugar. No primeiro, forças dos EUA disparam no interior de 3 casas contendo apenas mulheres e crianças. A chefia militar do Paquistãojá reagiu, afirmando que defenderia a sua soberania "a todo o custo", e o General Ashfaq Parvez Kayani afirmou que nenhumas forças armadas têm autorização para conduzir operações no interior do Paquistão.

Questionada no canal ABC, sobre esta política de ataques unilateriais no Paquistão, a experiente candidata vice-presidencial republicana, Sarah Palin respondeu
Acredito que a América tem de exercer todas as opções para parar os terroristas que estão dispostos a destruir América e os nossos aliados. Temos de colocar todas as opções da mesa.
O jornalista da ABC, Charles Gibson, pediu-lhe também as suas impressões sobre o conflito na Georgia e a acção da Rússia, dada a proximidade do estado de que é governadora (o Alaska) deste país.
Palin: "São nossos vizinhos. Podemos realmente ver a Russia do Alaska.
Gibson: "É a favor de integrar a Georgia e a Ucrânia na NATO?"
Palin: "A Ucrânia definitivamente, sim. Sim, e a Georgia. O Putin [sic] pensa de outro modo, naturalmente que pensa de outro modo, mas —”
Gibson: "Sob o tratado da NATO, não teriamos de ir para guerra se a Rússia entrasse na Georgia?"
Palin: "Talvez. Quero dizer, é esse o acordo quando se é aliado da NATO, se um outro país é atacado, a expectativa é ser chamadado para ajudar."
Tudo isto seria cómico, se fosse um jogo de Risco. Mas há armas nucleares nestes países que aqui se estão a referir. Nunca o mundo teve conflitos inter-capitalistas e atentados à soberiania entre potenciais nucleares.

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