segunda-feira, julho 19, 2010

Luta de classes

Num momento de impulso criativo, numa viagem de metropolitano, ocorreu-me um lema cujo objectivo era:
  • recordar aos mais esquecidos, distraídos, ou  cujas mentes foram enchidas com carnes podres da ideologia burguesa, este facto evidente: a luta entre classes sociais  – tal como Marx as definiu – existe e está bem viva, então agora neste momento de crise.
  • frisar que a luta de classes afecta a todos: aos que dela têm consciência e nela intervêm, aos que reconhecendo-a agem como se não existisse ou como se não lhes dissesse respeito, e aos que dela não têm consciência (pela razão que seja).
Assim, saiu-me o lema "Na luta de classes, não há espectadores".
Isto é, não há duas equipas a jogar no terreno, com gente a assistir. Todos estão no terreno de jogo, quer tenham disso consciência ou não.

Ao usar a metáfora desportiva quis dar um pouco de cor ao lema. Mas ao discutir o lema, acabei por reconhecer que o termo "espectador" não será o melhor para traduzir a segunda questão que desejava encapsular. Pois os que não participam na luta (de qualquer dos lados), embora possam sofrer com o decorrer do "jogo" em campo, torcer por uma "equipa", são de facto meros espectadores.

Na falta de um bom tesauro Português, escrevo esta entrada na esperança de algum contributo que me ajude a afinar e corrigir o lema, preservando uma certa elegância e cor mínimas.

Já me surgiram algumas alternativas, com as quais não estou ainda satisfeito:
  • "Na luta de classes, ninguém está imune"
  • "Na luta de classes, ninguém é neutro" (ou não há Suiça)
  • ou mais directamente – "A luta de classes, afecta-nos a todos"
Agradeço sugestões, dentro do objectivo que me lancei.

Deixo a recomendação de um livro de um Marxista Estado-Unidense, Michael Lebowitz, sobre a necessidade de construir agora o socialismo, e que este pode ir sendo construído no dia-à-dia, com certo tipo de acções, além da primordial – a luta – por forma a fazer as camadas exploradas sentirem o seu poder transformador e transformarem, ainda que numa pequena escala, a sociedade, mesmo no contexto de uma democracia burguesa em que domina o capital monopolista.

10 comentários:

Bruno disse...

"Na luta de classes, está-se em jogo com, ou sem, bola."

Foi a primeira que me surgiu...

Clara Belo disse...

Eu estou pela do Bruno.E já agora vejam também o meu blog e comentem. wwwpodealguemserquemnaoe.blogspot.com

André, às vezes escreves posts muito grandes que imagino pouca gente lê. Tenta ser um pouco mais sucinto. É um bom exercício.

Op! disse...

O silencio é amigo do agressor!
Quem tenta não participar na Luta de Classes está de facto a ajudar a classe dominante!
Assim proponho que continues com o teu primeiro lema: "Na Luta de Classes, não há expectadores!"

Anônimo disse...

Sem a pretensão de cumprir os objectivos, num registo mais panfletário, mas válido ou pertinente num contexto de agudização da luta de classes, característico de tempos de profunda crise como o que atravessamos, em que mesmo os "espectadores" - os que são afectados e participam sem grande consciência - acabam por ser obrigados a tomar partido:

«As barricadas da luta de classes só têm dois lados: ou se está do lado dos trabalhadores contra o capital ou se está do lado do capital contra os trabalhadores».

(o amigo do costume)

André Levy disse...

Talvez, numa versão mais comprida e não muito elegante :«Na Luta de Classes, há que tomar partido. Decide tu, não deixes que decidam por ti.»

Ad Argumentandum disse...

Parabéns pelo(s) texto(s).

Saudações!

Sérgio Ribeiro disse...

* Na luta de classes, já perdeu quem não lutou
* Na luta de classes, não há árbitros
* Na luta de classes, de um lado vale tudo, do outro valem todos
* Na luta de classes, há os que têm e há os que são, os que não têm mas que não são estão do lado dos que têm

Sérgio Ribeiro disse...

Ah!, e um abraço!

Boa malha.

Alex disse...

Já que estamos numa de futebol... "Na luta de classes não há fora de jogo". :)

Anônimo disse...

"E no entanto, ela move-se."

Não podemos deixar de comparar aqueles que hoje negam a luta de classes (evidência científica exposta pelo marxismo e pela prática) com aqueles que há 4 séculos obrigaram Galileu a negar que a Terra se move (que também é uma evidência científica exposta pela física e pela experimentação).

É claro que depois há ainda os ingénuos!