terça-feira, dezembro 12, 2006

Homenagem a José Dias Coelho

No próximo dia 19 de Dezembro será o 45º aniversário do assasinato de José Dias Coelho pela Pide. Tinha apenas 38 anos. JDC era um artista plástico de extraórdinária sensibilidade e versatilidade, e cedo aderiu à resistência ao fascismo sendo activo na Frente Académica Anti-fascista e no MUD Juvenil. Mais tarde mergulhou no trabalho político clandestino, enquanto funcionário do PCP, até que a PIDE o abateu. Seguia pela Rua dos Lusíadas, quando cinco agentes da PIDE saltaram de um automóvel, perseguiram-no, cercaram-no e dispararam dois tiros. Um tiro à queima-roupa, em pleno peito, deitou-o por terra; o outro foi disparado com ele já no chão. Os assassinos meteram-no num carro e partiram a toda a velocidade. Só duas horas depois, quando estava a expirar, o entregaram no Hospital da CUF.
Este 19 de Dez. haverá uma homenagem evocativa com a participação de Jerónimo de Sousa, com concentração no local do assassinato, na Rua José Dias Coelho, 30 (ao Calvário), seguida às 19h do lançamento do livro «A Resistência em Portugal», na Junta de Freguesia de Alcântara, Rua dos Lusíadas, 13. Uma exposição dedicada ao JDC estará patente na Junta entre 19 e 29 de Dezembro.

A morte saiu à rua num dia assim
Naquele lugar sem nome para qualquer fim

Uma gota rubra sobre a calcada cai
E um rio de sangue de um peito aberto sai

O vento que dá nas canas do canavial
E a foice duma ceifeira de Portugal

E o som da bigorna como um clarim do céu
Vão dizendo em toda a parte o Pintor morreu

Teu sangue, Pintor, reclama outra morte igual
Só olho por olho e dente por dente vale

À lei assassina, à morte que te matou
Teu corpo pertence à terra que te abracou

Aqui te afirmamos dente por dente assim
Que um dia rirá melhor quem rirá por fim

Na curva da estrada hà covas feitas no chão
E em todas florirão rosas de uma nação
Zeca Afonso

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