quinta-feira, janeiro 18, 2007

10 grandes portugueses


O Programa "Grandes Portugueses", da RTP, já anunciou os dez finalistas. Não é que eu subscreva a natureza deste tipo de programa: é demasiado redutor destacar uma pessoa (e necessariamente um homem, dados os finalistas) como o Portguês mais ... quê? influente, criativo, memorável? Como comparar objectivamente o legado histórico de Álvaro Cunhal, falecido o ano passado, com a de D. Afonso Henriques, falecido há mais de 800 anos? Acresce que este título de carácter duvidoso é atribuido por um processo também ele prenhe de distorções. Dá ideia de tratar-se de um processo democrático - todos podem votar -, mas na verdade será apenas uma amostra de gente a fazê-lo. E podemos também perguntar-nos se deveria ser o universo generalizado de pessoas a atribuir o título.

Já é possível consultar a ordenação dos outros 90 grandes portugueses, onde é possível observar algumas posições curiosas:
  • Marcelo Caetano (31) e Alberto João Jardim (52º) à frente do Vasco Gonçalves (54)
  • O Ricardo Araújo Pereira (do Gato Fedorento, 76º) à frente do Bocage (78º), António Lobo Antunes (82º) ou Miguel Torga (85º)
  • O Cristiano Ronaldo (63º) à frente do Carlos Lopes (72º) ou Joaquim Agostinho (94º)
  • ... enfim, dava para continuar sem fim, ilustrando ordenações que reflectem modas, e ignorância
Bom, mas confesso, que embora tenha todas estas reservas, já votei (a votação é até o dia do 'Grande Debate' em Março). E entre os 10 finalistas, escolhi quem tinha já recebido o meu voto na primeira ronda. Por ter demonstrado excelência em várias actividades da esfera humana ao longo da sua vida, na política (prática e teórica), literatura, artes plásticas. Por ter tido uma ligação profunda com o povo português e uma enorme projecção internacional, sendo uma figura reconhecida pelos movimentos progressistas por todo o mundo. Por ter tido uma influência na história portuguesa durante toda a sua vida. Por feito sacrifícios físicos e espirituais pelo progresso do nosso país, sustentando prisão, tortura, e exílio. Escolhi, naturalmente, Álvaro Cunhal.

Um comentário:

Anônimo disse...

Apoiado!!!
Ezer Paixão.