
Vejam a entrevista a Lugo no Odiario.info
O secretário-geral do PS utilizou uma imagem do filósofo espanhol Ortega y Gasset para descrever a UE: «São muitas abelhas, um só voo. É mesmo assim que eu vejo a Europa. Sabermos voar, não andar pelo solo, mas voar, ter aspiração, ter sonho e ter ambição», acrescentando que «é isto que também está no tratado de Lisboa». (ver)Metáfora entomológica curiosa, esta do primeiro-ministro. É que as colónias de abelhas são constituídas por obreiras e uma rainha. Talvez um colónia de formigas fosse mais apropriado. Aí além da rainha e das obreiras em fila, temos também as soldados. Nisto de metáforas, gosto mais do Jazz ensemble, cada um improvisando harmonicamente, sem maestro.
Não estamos a falar ainda da generalização da unidose fora das farmácias hospitalares?É de salutar a preocupação com o custo dos medicamentos e com garantir o preceito constitucional de acesso universal à saúde. Mas se o antibiótico não deve ser receitado ou vendido em unidose. Admito que, por exemplo, um analgésico seja vendido em unidose, mas os antibióticos não são medicamentos de resposta a um sintoma como a dor; têm como alvo a causa de uma enfermidade, em particular uma infecção bacteriana. Para serem efectivos nesse propósito devem ser prescritos em regime de várias doses, o necessário para erradicar a infecção e evitar o ressurgimento da infecção sob forma resistente ao antibiótico, que pode acarretar riscos para a saúde do doente e uma séria ameaça à saúde pública. A prescrição excessiva de antibióticos (por exemplo, para gripes virais, contra as quais não tem qualquer efeito) e a suspensão da administração de antibióticos quando a sintomatologia melhora, mas antes de terminar o regime necessário para eliminar a infecção, são algumas das causas promotoras da evolução de estirpes resistentes de bactérias, que constitui hoje uma séria ameaça à saúde pública nos países desenvolvidos. Existem já formas resistentes a múltiplos antibióticos entre as espécies de bactérias responsáveis por doenças como a tuberculose, escarlatina ou pneumonia; doenças que pareciam já não ser ameaça de morte estão a ressurgir sob formas contra as quais os antibióticos são ineficazes. Se o objectivo é tornar os antibióticos mais acessíveis, encontre-se uma forma que não contribua para a sua utilização incorrecta.
Eu gostaria que essa fosse uma verdade, principalmente porque significaria melhoria clínica e da prescrição. Só que é complexo de implementar, não vai ser tão rápido como gostaríamos. Mas mesmo que não possa ser para todos os medicamentos, há alguns em que gostaria de instituir a unidose: sobretudo nos antibióticos. Já dei orientações ao Infarmed nesse sentido.