sábado, abril 12, 2008

Unidose para os antibióticos

A Ministra da Saúde defendeu ao Expresso a prescrição de unidoses de antibióticos.
Não estamos a falar ainda da generalização da unidose fora das farmácias hospitalares?
Eu gostaria que essa fosse uma verdade, principalmente porque significaria melhoria clínica e da prescrição. Só que é complexo de implementar, não vai ser tão rápido como gostaríamos. Mas mesmo que não possa ser para todos os medicamentos, há alguns em que gostaria de instituir a unidose: sobretudo nos antibióticos. Já dei orientações ao Infarmed nesse sentido.
É de salutar a preocupação com o custo dos medicamentos e com garantir o preceito constitucional de acesso universal à saúde. Mas se o antibiótico não deve ser receitado ou vendido em unidose. Admito que, por exemplo, um analgésico seja vendido em unidose, mas os antibióticos não são medicamentos de resposta a um sintoma como a dor; têm como alvo a causa de uma enfermidade, em particular uma infecção bacteriana. Para serem efectivos nesse propósito devem ser prescritos em regime de várias doses, o necessário para erradicar a infecção e evitar o ressurgimento da infecção sob forma resistente ao antibiótico, que pode acarretar riscos para a saúde do doente e uma séria ameaça à saúde pública. A prescrição excessiva de antibióticos (por exemplo, para gripes virais, contra as quais não tem qualquer efeito) e a suspensão da administração de antibióticos quando a sintomatologia melhora, mas antes de terminar o regime necessário para eliminar a infecção, são algumas das causas promotoras da evolução de estirpes resistentes de bactérias, que constitui hoje uma séria ameaça à saúde pública nos países desenvolvidos. Existem já formas resistentes a múltiplos antibióticos entre as espécies de bactérias responsáveis por doenças como a tuberculose, escarlatina ou pneumonia; doenças que pareciam já não ser ameaça de morte estão a ressurgir sob formas contra as quais os antibióticos são ineficazes. Se o objectivo é tornar os antibióticos mais acessíveis, encontre-se uma forma que não contribua para a sua utilização incorrecta.

3 comentários:

Anônimo disse...

Esse receio teria razão de ser se a "unidose" for vender "1 comprimido" mas penso que não é bem assim.

A venda em unidose de um medicamento é a venda das doses necessárias para o tratamento e não mais do que isso.

Imaginando que um médico receita um tratamento com antibiótico para sete dias. Se por exemplo tiver de tomar 3 por dia, a sua "unidose" seria uma caixa com 21 comprimidos.

Não sei sei é essa ideia do ministra ou não. Mas entendo que isso seria positivo. Pelo menos seria melhor do que ter de comprar uma caixa com 30 ou com 60 comprimidos.

No caso dos antibióticos é necessária a apresentação de uma receita médica, na qual deve constar o número de comprimidos necessários.

Parece-me é que não haverá grandes alterações com a "unidose" nos antibióticos já que já estão disponíveis caixas que se aproximam bastante das doses normalmente necessárias.

Se calhar fará mais sentido nos analgésicos já que há tratamentos que apenas precisam de 3 ou 4 comprimidos mas só há caixas de 20 (por exemplo).

André Levy disse...

Agradeço o esclarecimento do Alexandre Leite. Se de facto uma "unidose" de antibiótico corresponde a um "tratamento" é mais racional.

Anônimo disse...

-Em total desacordo.
-O que é urgente e necessário é uma maior formação das pessoas quanto as diferenças que existem entre um antibiótico e um analgésico.
-No séc XXI, é ridículo ter de pagar uma consulta de dezenas de euros a um qualquer médico para obter um antibiótico para combater uma infecção num dente.