No passado sábado, participei no
Encontro Nacional do PCP sobre as Eleições de 2009. Entre os muitos e interessantes contributos vindos de todo o país e diversos sectores, houve uma que sobressaiu na minha opinião, dada na parte da tarde, e nem me lembro do nome do camarada. Vinha do Distrito de Aveiro. E relatou como essa mesma manha numa empresa têxtil, a
Jotex, em Espinho (notem bem, a poucos kms do Congresso do PS) alguns trabalhadores tinham visto a chegada de camiões destinados a transportar a maquinaria da empresa. Isto a um sábado, sem conhecimento dos trabalhadores. Alguns destes dirigiram-se a um militante comunista da região para pedir ajuda. Ao chegarem de novo à fábrica, já havia um brigada da PSP para escoltar os camiões que já se encontravam com máquinas carregadas. Rapidamente se mobilizaram os trabalhadores da fábrica, cerca de 60 ao todo, para impedirem que a maquinaria fosse removida. Porque haveria de ser desmantelada uma fábrica que estava em plena produção e possuia uma carteira de encomendas preenchida? Os trabalhadores, na sua maioria mulheres, conseguiram na noite de sábado que impedir a saída das máquina e o descarregamento dos camiões.
1 Neste caso, quem foram os grandes defensores da manutenção de postos de trabalho e do sector produtivo: os empresários "empreendedores", mas preocupados em reaver o seu capital fixo, ou os trabalhadores, defendendo o seu ganha-pão, a sua dignididade, o seu trabalho, e as suas vidas?
São múltiplos os casos pelo país fora em que os empresários aproveitando a crise, tentam desfazer-se de investimentos no sector produtivo, e são os trabalhadores que lutam pela defesa da produção nacional e dos seus postos de trabalho, isto é, em defesa na nossa economia nacional. Para referir apenas dois
- os 170 trabalhadores da Bordalo Pinheiro que "trabalharam milhares de horas sem receber, produzindo peças inigualáveis que foram entretanto exportadas e vendidas na loja nas Caldas da Rainha."2 Que forma encontrou a administração de mostrar a sua gratidão aos trabalhadores para se esforçarem para manter a empresa em produtiva e com projecção? O "não pagamento dos salários e a ameaça de redução de postos de trabalho e, numa espécie de canto da sereia, a «solicitação» aos trabalhadores para que recorressem à suspensão do contrato de trabalho." 2 Mas os trabalhadores, unidos, estão a lutar para manter otodos os postos de trabalho e exigirem o pagamento de salários.
- as centenas de trabalhadores do Arsenal do Alfeite, estabelecimento de reparação e manutenção naval da Armada, que dia 19 vão concentrar-se em Lisboa para exigirem a imediata reavaliação do processo de extinção e privatização, processo que a Comissão de Trabalhadores caracteriza como "profundamente lesivo do interesse público, dos postos de trabalho e dos mais elementares direitos laborais".3
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1 DN online 02.03.09
2 Avante! Nº 1839 26.Fevereiro.2009
3 Avante! Nº 1839 26.Fevereiro.2009
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