domingo, junho 07, 2009

Projecções e primeiras impressões

No momento que escrevo há já projecções, foram já feitas as declarações de Jerónimo de Sousa, Vital Moreira/José Sócrates e Paulo Rangel, e feitos alguns comentários às mesmas declarações e projecções. As minhas primeiras impressões:
  • um expressivo decréscimo dos partidos do Bloco Central. Vital Moreira refere esta projecção como preocupação pela governabilidade do país. Eu creio ser um sinal claro de rejeição da política de direita dos dois partidos que têm dominado o cenário político nacional. Comenta-se sobretudo a vitória do PSD e a derrota do PS, mas acho bastante mais significativo o decréscimo da sua soma. Ambos perderam. Há tanto demérito do PS como do PSD (é difícil comparar com os anteriores resultados ao PE, pois o PSD concorreu com o CDS-PP nas últimas eleições em 2004). A maior votação do PSD não deixa porém de expressar um voto de penalização do PS e do seu governo. Paulo Rangel tem razão ao fazer notar que noutros países da Europa nem todos os governos sofreram o voto de castigo neste momento de crise. Foram sobretudo os governos do Grupo Socialista Europeu no Governo que sofreram derrotas eleitorais, o que se irá traduzir numa alteração de configuração preocupante no PE.
  • O decréscimo do Bloco Central traduziu-se sobretudo num reforço das forças à sua esquerda, isto é das forças de esquerda, aquelas que Vital Moreira referia (usando uma linguagem infeliz) como a extrema-esquerda (como se o PS fosse esquerda ou, então, como se não houvesse esquerda). Pouco importa se a CDU ficou à frente do BE ou vice versa. Contrariamente ao que António Barreto expressou, não será uma pesada derrota da CDU e de um acontecimento histórico se o BE (ou a extrema-esquerda, segundo AB) passar a CDU (ou o PCP, segundo AB). Como representantes das duas forças afirmaram durante a campanha, estas duas forças não são concorrentes. Se, como as projecções indicam, a CDU cresceu em número de votos – e faltando a esta hora apurar ainda 250 freguesias, a CDU já obteve mais votos que em 2004 – foi atingido um dos objectivos da CDU.
  • A já esperada, e lamentável, elevada abstenção, sinal de desinteresse nas eleições europeias e na vida política nacional e europeia.

2 comentários:

Anônimo disse...

André,
A já esperada, e lamentável, elevada abstenção, sinal de desinteresse nas eleições.
Creio ser um sinal muito preocupante.
Os partidos deviam pensarem um pouco.
Estamos no século XXI.
É PREOCUPANTE.

Clara Belo disse...

André,
Permite-me discordar nalguns pontos da tua análise: apesar do Bloco Central ter perdido em percentagem, o PSD foi o vencedor destas eleições. Apesar da CDU ter subido em votação atingindo um resultado que não se via há 15 anos, o BE ficou à frente, o que também é a primeira vez que acontece. Eu continuo a dizer que é uma pena que a CDU e o BE não se juntem, pois os dois juntos já representam 20% dos votos, embora continuem todos a dizer que não são adversários. Se não são adversários, porque é que não se juntam?