domingo, outubro 18, 2009

Está tudo doido?!

Passei as últimas duas semanas de cama, doente, e pude prestar uma atenção mínima às notícias. Mas as que vi convenceram-me que a minha cabeça ainda não estava recuperada.
Quando vi um referência à atribuição do Prémio Nobel da Paz ao novo presidente dos EUA, Barack Obama, não sabia se havia estado em coma durante uns anos, ou se Obama havia salvo o mundo do apocalipse durante os dias em que estive doente e desatento.
Agora que estou com a cabeça um pouco mais clara, entendo que Obama ganhou mesmo o prémio e, pelo que se pode concluir, não por nada que tenha concretizado. Quanto muito terá sido por ter feito os juízes sentirem esperança no futuro. Diz a texto do júri: «pelos seus esforços extraordinários para reforçar a diplomacia e cooperação internacional entre os povos.»
Não é primeira vez que há controvérsia em torno do galardoado. Basta recordar Henry Kissinger, Lech Walesa, Mikail Gorbatchev, Frederick de Klerk, Shimon Peres,
A sua nomeação tem levantado naturalmente perguntas. Cabe perguntar se não teria mais sentido nomear alguém ou alguma organização com mais tempo para concretizar os seus planos. Há assim tão poucos candidatos? Não. O comité recebeu um número recorde de nomeações (205), incluindo 33 organizações.
As nomeações são aceites pelo comité de nomeação até 1 de Fevereiro. Os membros do comité podem fazer nomeações até à primeira reunião do comité. Mas Obama foi inaugurado para a Presidência dos EUA a 20 de Janeiro de 2009. Isto é, por muito extraordinárias que fossem as actividades de Obama durante os primeiros meses da sua presidência, estas não deveriam contar para a avaliação do comité.
Ora, que me lembre, nas primeiras semanas na Casa Branca Obama não erradicou a fome na terra, não fez desaparecer as minas terrestres, não resolveu alguns dos conflitos militares persistentes, nem transformou água em vinho. Tomou alguns passos interessantes no sentido da redução de armas nucleares, mas é ainda cedo para ver onde irão conduzir. Por outro lado, reforçou a presença militar no Afeganistão e apoiou as eleições fraudulentas. Mas é escusado por os pesos nos dois pratos da balança, pois muitas dessas decisões e acções foram posteriores ao período sob consideração pelo comité Nobel. A menos que simplesmente incutir esperança, qual Prozac, tenha mais peso que acções concretas. Será que as outras 200 nomeações eram assim tão fraquinhas?

Um comentário:

Anônimo disse...

Ora leia isto:
http://resistir.info/chossudovsky/nobel_11out09.html