O Bruno Peixe fez uma excelente análise do panorama colocado a um eleitor de esquerda perante o actual leque de candidatos. Efectivamente a trajectória de Manuel Alegre desde de antes da última corrida presidencial tem sido a de tentativa de equilibrismo – e o homem tem alguma envergadura física para essas andanças, e vai-lhe faltando o olfacto político. A sua tentativa de criar um espaço de convergência de esquerda esteve condenado à partida por antipatia natural com uma secção inultrapassável da esquerda. Mas procurou manter um discurso anti-sistema que lhe permitiu a aproximação ao Bloco de Esquerda, aos Renovadores e alguns independentes, embora depois nas várias horas de verdade, enquanto parlamentar, não leva-se o discurso até ao voto na Assembleia.
No decurso desta campanha, defraudou completamente o espaço de convergência de parte da esquerda ao aceitar (e agradecer) o apoio oficial do PS. A sua base de apoio é assim uma salada mista, temperada apenas com vinagre. O período de campanha será um teste à capacidade de coesão da sua actual base de apoio. Quais as linhas unificadoras entre forças que estão no governo e na oposição? É a plataforma do candidato viável para bater Cavaco? Parece uma base muito pobre no reino das ideias e princípios.
Não pretendo neste texto defender a minha opção pelo apoio na candidatura de Francisco Lopes (mas queria deixar isso claro). Pretendia antes lançar uma das possíveis perguntas aos que se afirmando de esquerda pretendem apoiar Alegre, recordando que ao eleger o próximo PR estarão também a eleger o Chefe Supremo das Forças Armadas Portuguesas. Quem vencer as eleições presidenciais prestará o juramento de cumprir e fazer cumprir a Constituição da República Portugues, incluindo o Art 7 onde se “preconiza a abolição do imperialismo (…) [e] a dissolução dos blocos político-militares”.
Publicado no blog «5 dias»
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