segunda-feira, maio 23, 2005

Carta ao Director do Público

Caro. Director do Público

tenho lido as notícias do Público da passada semana em torno da Assembleia para Promover a Sociedade Civil (APSC) em Cuba, com alguma irritação. Não contesto a legitimidade da cobertura deste evento, e embora não concorde com o destaque dado pelo Público entendo-o. Mas o que acho inaceitável é que não seja simultaneamente dada qualquer atenção, para não dizer atenção equivalente, para outros eventos em Cuba que porventura contradizem o subtexto das notícias sobre a APSC. Como o editorial de Domingo do Público demonstra, a cobertura deste evento não foi isenta, tendo um claro subtexto crítica ao governo cubano e seu sistema político e económico, tentando pintar uma imagem de regime totalitário e anti-democrático, e em processo de desagregação. Mas uma cobertura mais equilibrada de Cuba certamente teria mencionado algums eventos recentes que claramente contradizem esta criação. Destaco apenas dois: 1) A afluência de mais de oito milhões de eleitores (96% dos eleitores) às urnas em Abril passado, para eleger os delegados às Assembleias Municipais do Poder Popular. Certamente que este número mereceria a atenção to Público e seria um elemento importante para avaliar a democraticidade reinante em Cuba. 2) A manifestação de um milhão de 200 mil cubanos nas ruas de La Habana contra o terrorismo e exigindo a extradição ou prisão do Luís Posada Carriles, a 18 de Maio, que como certamente saberá se encontrava em liberdade nos EUA e foi mais tarde devido a pressão internacional preso. Não espero do Público uma total isenção em muitas matérias, mas espero que assuma a responsabilidade de no mínimo fazer referência a notícias pertinentes às matérias destacadas, deixando depois ao leitor a tarefa de fazer o seu próprio juízo.
Cordialmente
André Levy

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