sexta-feira, junho 02, 2006

Bordel no Mundial [UE]

O Artemis, o maior e mais luxiriante bordel de Berlim.Já se vê um abundância de bandeiras portuguesas nas janelas. O Mundial de Futebol vem aí. Eventos que atraem atenção e pessoas (ou seja $ e €) são prontamente cooptados e transformados em potenciais mercados, no qual som, imagem e matéria se tornam mercadorias. Entre os múltiplos preparativos o que mais traz a nu o carácter mercantil com que o sistema capitalista imbui qualquer manifestação desportiva ou cultural é, desta feita, a rede de bordeis montada em Berlim para saciar os visitantes ao Mundial (ver post anterior).

Em resposta foi lançada em Janeiro, pela Coalição Contra o Tráfico de Mulheres uma petição que conta já com mais de cem mil assinaturas, intitulada "Comprar Sexo Não é um Desporto". Eis o texto da petição que será certamente mais eloquente que eu. Apelo à vossa assinatura.



COMPRAR SEXO NÃO É UM DESPORTO DÍGAMOS NÃO À PROSTITUÇÃO DE MULHERES DURANTE O MUNDIAL DE FUTEBOL DE 2006
Entre 9 de Junho e o 9 de Julho de 2006, vai disputar-se a Copa do Mundo de Futebol em 12 cidades alemãs. Calcula-se que cerca de 3 milhões de espectadores - maioritariamente homens - seguirão este evento. Estima-se também que umas 40,000 mulheres serão "importadas" da Europa Central e de Leste até a Alemanha para "serví-los sexualmente". A Alemanha legalizou o proxenetismo e a indústria do sexo no ano de 2002. É evidente que os bairros reservados para tal não serão capazes de acolher os milhares de turistas desportivo-sexuais que está previsto a ele acudirem. Tendo em conta o fluxo de turistas desportivo-sexuais que se avizinha, a industria do sexo alemã construiu um gigantesco complexo prostitucional, prevendo o "boom comercial" que se produzirá durante o Mundial de Futebol em 2006. "O futebol e o sexo são um par", declarou o advogado do novo mega prostíbulo de 3,000 m2, capaz de acolher 650 clientes masculinos, que foi construindo ao lado do principal estádio de futebol do Mundial em Berlim. Em zonas do tamanha de um campo de futebol, construíram-se "casinhas de sexo" que parecem serviços públicos, às quais se chamaram "cabines de prestação". Preservativos, duches e estacionamentos estão à disposição dos compradores, com especial cuidado dado à protecção do anonimato do cliente. Nós, pessoas individuais e organizações preocupadas, declaramos que:
  • Comprar sexo não é um desporto. É exploração sexual que afecta física e psicologicamente as mulheres, e que considera o corpo da mulher uma mercadoria que pode ser comprada e vendida.
  • Tratar o corpo das mulheres como uma mercadoria viola os valores padrão internacionais do desporto, que promovem a igualdade, respeito mútuo e a não discriminação. O Presidente da FIFA, o sr. J.F. Blatt reconhece "o papel preponderante no desporto, especialmente no futebol, como portador de mensagens claras contra os males que assolam as sociedades do mundo inteiro". Como contribuirá o Mundial de Futebol para erradicar este mal social que é o tráfico de pessoas e exploração sexual?
  • Os homens de bem não comprar sexo porque respeitam a dignidade e integridade do ser humano.
Não à organização de prostituição durante a Copa do Mundo de Futebol

Nós os assinantes desta declaração, pedimos que:
  • os 32 países que participam no Mundial de Futebol, que ratificaram as Convenções e/ou Protocolos contra a prostituição e o tráfico de mulheres, se oponham à promoção da prostituição por parte da Alemanha, e dissociem publicamente as suas equipas da indústria do sexo;
  • os componentes das equipas de futebol se manifestem publicamente contra a exploração sexual das mulheres;
  • o Comité da FIFA e seu Presidente sejam coerentes no seu dever de responsabilidade social, e se oponham à união que se estabeleceu entre o futebol e o comércio de sexo. Pedimos que protestem contra a exploração sexual das mulheres perante o governo Alemão e seu chanceler, a senhora Angela Merkel, perante a Federação Alemã de Futebol e seu presidente Sr Gerhard Mayer-Vorfelder;
  • o governo Alemão e seu chanceler, a sra. Angela Merkel, e a Federação Alemã de Futebol e seu presidente Sr Gerhard Mayer-Vorfelder, parem o tráfico com fim de prostituição, desincentivando a procura que favorece a prostituição.
  • as pessoas individuais e as organizações preocupadas se unam nesta acção, assinando esta declaração de protesto contra a promoção público do tráfico e prostituição de mulheres.

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