Mas de vez em quando aparecem artigos que não dão para acreditar. No Diário Económico de 19 de Junho, veio um artigo de opinião de um tal Jorge A. Vasconecellos e Sá, que tem esta tese extraordinária, a propósito dos 1,200 empregados da Azambuja, ameaçados de deslocalização da General Motors:
”Pelo direito a melhores condições salariais”, segundo um delegado sindical. Uma pessoa, pára, olha e pensa: Direito? Em que mundo vivem estas pessoas? Vejamos... um direito só existe na prática quando alguém tem o correspondente dever: de não fazer ou de fazer. Sem a obrigação deste, o direito daquele não existe. quem tem o dever (de pagar)? Os gestores? Mas estes representam os accionistas. Pelo que se aqueles tiveram subdesempenho, estes demitem-nos ou retiram o dinheiro. Os governantes? Mas estes representam os contribuintes. E a sua responsabilidade moral prioritária não é para os que têm algo e querem mais (ou igual), mas sim para os que não têm nada e querem algo: os doentes; os desempregados; os reformados; e os estudantes. ? ... Donde não há ninguém com um dever/obrigação que corresponda na prática ao direito dos empregados da Azambuja. Pelo que o direito destes é teórico, sem concretização real. É pois um direito de outro mundo, da Lalalândia ou do planeta Zorg. E talvez aí a personagem Oris ou Bug esteja disposta a passar o cheque. Neste mundo, não vejo ninguém.Como cidadão do planeta Zorg, faço notar que JAVES não menciona os accionistas, que na sua lógica têm direito a tomar decisões para maximizarem o seu lucro especulativo. Se têm esse direito é porque alguem tem um dever de o garantir. Será o dever dos trabalhadores serem explorados, contribuirem com a sua mais-valia para o bem-estar dos especuladores? O direito a melhores salários é um direito conquistado, a custo, na luta de classes. O direito à greve vem garantido na Constituição Portuguêsa (Art. 57, ponto 1) não podendo a lei limitar o "âmbito de interesses a defender através da greve". Então eles haviam de fazer greve para quê? Para defender o direito de exploração?! O JAVES deve achar que os trabalhadores devem fazer sacrifícios para facilitar o trabalho dos gestores e governantes em evitar as deslocalizações - numa recente proposta patronal aos trabalhadores da Delphy, produtor da partes automóveis nos EUA, os salários seriam reduzidos em 70%! . A prática demonstra que as deslocalizações acabam por suceder, e os trabalhadores comeram com os sacrifícios para benefício de quem? Até onde a espiral descendente? Ou é só balelas que quermos mudar para um modelo económico que não esteja baseado nos baixos salários?
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