Nos EUA, uma recente sondagem Gallup indica que 2/3 dos Estado-unidenses querem que as suas tropas se retirem do Iraque, e 31% querem que a retirada seja imediata. Na Europa há muito que as sondagens indicam uma alargada oposição à presença de tropas de Iraque, e alguns governos que apoiaram o envio das suas tropas sofreram eleitoralmente por isso, e.g., José Maria Aznar. Face à avanlanche de evidências que afinal a administração Bush mentiu sobre a existência de armas de destruição massiva no Iraque e fabulou sobre a ligação de Saddam a bin Laden; face à crescente instabilidade no Iraque, aos abusos de prisioneiros nas prisões Iraquianas às mãos das tropas ocidentais; face à violência das investidas Estado-unidenses sobre populações civis, e.g. Falluja; face à morte de soldados ocidentais numa ocupação sem fim previsto - muitos comentadores, políticos, cidadãos mudaram de opinião e passaram a opôr-se à continuação de tropas ocidentais no Iraque, onde contribuem mais para a propagação de terrorismo que sua prevenção. (Sobre a mal planeada e gerida ocupação do Iraque, sua contribuição para o terrorismo e como não contribui para o estabelecimento de um estado soberano e autónomo, veja-se Security Sector Reform and Post-Conflict Peacebuilding referida neste artigo.
Devemos porém questionar o que impede as mesmas pessoas de se opôrem de igual modo à ocupação do Afeganistão. Isto apesar das semelhanças entre as duas situações. Os Taliban ganham força, dominam províncias do sul do país, como Helmand, conduzem ataques constantes sobre as tropas de ocupação e também sobre escolas (para combaterem o seu igual tratamento dos géneros). O Afeganistão tem também o seu Abu-Ghraib ou Guantanamo, em na base aérea de Bagram onde estão detidos mais de 600 presos, muitos detidos há 2-3 anos sem serem formalmente acusados, sujeitos a tortura, e sob condições piores que a prisão de Guantanamo. Um ex-interrogador estima que 90% serão inocentes. As empresas ocidentais contratadas para reconstruir o país têm desviado fundos e o que têm construido tem sido abaixo de qualidade. Os senhores da guerra dividem entre si o poder - o governo em Kabul controla pouco mais que a zona em torno da capital. Estes re-estabeleceram a plantação de ópio, garantido 90% da heroína que entra na Europa.
Mas a camuflagem como "guerra justa", a isenção desta guerra à crítica, facilitada pela menor informação sobre os conflitos e condições no terreno, tem de se desmascarada. Vários são os líderes que criticam a guerra no Iraque, ganhando pontos com os seus eleitorados, chegando ao ponto de retirar as suas tropas, para depois no mesmo gesto as enviarem para o Afeganistão, e assim ficando nas boas graças dos EUA. Foi o caso do Zapatero, em Espanha, ou mais recentemente de Prodi, na Itália. E também em Portugal. Nós iremo manter tropas no Afeganistão até pelo menos Fevereiro de 2007, segundo o Conselho Superior de Defesa Nacional. Espero que as nossas tropas aí estacionadas não sofram o destino do Sg. João Paulo Pereira.
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Em Janeiro de 2006 estavam 35 países a participar na Força Internacional de Ajuda à Segurança (ISAF), comandada pela NATO, um total de 9,200 tropas, esperando-se que este número cresça até 15,000. Para tabela do número de tropas por país (Fev/2005).
terça-feira, julho 11, 2006
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