Ontem teve lugar uma reunião extraordinária dos instérios de Negócios Estrangeiros da UE. Nas suas conclusões, o Conselho condema os ataques do Hezbollah, mas não dirige uma palavra de condenação a Israel, limitando-se a condemar a morte de inocentes em resultado do ataque Israelita em Qana.
Significativamente, apela a uma cessar-fogo, mas devido à interposição da Grã-Bretanha e Alemanha, a redação inicial, defendida pela França, apelado a cessar-fogo imediato foi substituida pelo " fim imediato das hostilidades a ser seguido por um cessar fogo sustentável".
Apoia, também, os esforços das NU em deslocar uma força internacional para a região, sob a condição de respeito pela soberania do Líbano; e apoia o plano de sete pontos proposto pelo Primeiro-ministro Libanês, Fuad Siniora:
1. mútua libertação de soldados e prisioneiros
2. retirada de Israel para a fronteira demarcada permitindo o retorno de civis;
3. retirada de Israel das Quintas de Shebaa colocando a zona sob controlo temporário das NU;
4. Extensão da autoridade Libanese ao sul do território
5. Expansão da força das NU já existente no sul Líbano;
6. Reforço do armistício de 1949;
7. Reconstrução do sul
O Hezbollah já deu sinais de poder apoiar o plano. Um dos pontos de contenção, e uma das razões de persistência de um braço armado do Hezbollah, é a presença de forças Israelitas nas Quintas de Sheeba. Embora Israel se tenha retirado do Líbano em 2000 - 22 anos depois de tal ser exigido pelas resoluções do Conselho de Segunança das NU nº 242 (1967) e nº 425 - permanece ainda nas Quintas de Sheeba, que considera como território Sírio. As NU considerou a resolução satisfeita, certificando a retirada de Israel. Mas o Líbano reclama esse território como seu, com a aprovação da Síria. De qualquer forma, o território está ocupado por Israel, e o Hezbollah reclama a sua presença nesse território como uma razão para persistir militarizado.
A deslocar-se uma força internacional para o sul do Líbano terá que haver um mandato claro por parte das NU, com total respeito pela soberania do Líbano e com a sua concordância; e ser acompanhado de pressão para o cumprimento das demais resoluções das NU na região.
E não me refiro à Resolução 1559 que aponta entre outros ponto para o desarmamento das milícias Líbaneses, mas nas incontáveis resoluções que Israel persiste em ignorar. (Há também que clarificar se a 1559 se aplica ao Hezbollah. O ex-primeiro ministro Líbano, Najib Mikati, afirmava o ano passado que "Hezbollah não é uma milícia, é uma resistência, e existe uma diferença entre resistência e milícia." Tem além do mais um braço político, com presença ministrial. E recordo ainda, em particular aos comentadores televisivos, que o Hezbollah não é considerado pela UE como uma organização terrorista.)
Pois se a única coisa que se fizer é reforçar a força internacional no Líbano - recorde-se que já lá está uma força das NU - então que haverá de novo? Irá Israel respeitar essa força internacional, ou esta irá correr o risco dos observadores mortos por Israel a 26 de Julho? Qual será a tarefa dessa força? Não poderá ser simplesmente a de desmilitarizar o Hezbollah, sem que se resolva a ocupação das Quintas de Sheeba ou se libertem os prisioneiros? E se forem libertos prisioneiros, não era isso o pretendido pelo Hezbollah com o sequestro dos dois soldados em Junho? A ser destacada, só no quadro do plano proposto pelo Líbano. De outra forma, como se justificar que apenas seja deslocada para território de um dos dois países involvidos no conflito. Há um sério risco de Israel limpar as mãos, e se gerar um guerra civil no Líbano, se não houver respeito por todas as componentes da sociedade Líbanesa. As NU já não são bem vista na região, como o ilustra o ataque às suas instalações após o ataque Israelita a Qana. Terá de agir com tacto. Mas sobretudo, terá que agir de forma resoluta sobre ambos os lados, i.e. ter um pulso mais forte sobre Israel.
quarta-feira, agosto 02, 2006
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Um comentário:
Parabéns. Ou era um homónimo seu, aquele Levy que andou a agitar os bolseiros?
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