
Um inquérito da deputada europeia do PS, Ana Gomes, revelou não só mais registos de vôo como planos de vôo militares sensíveis, que até agora permaneceram secretos. O registos indicam como a maior parte dos prisioneiros trocaram de avião numa base militar da Turquia e sobrevoaram o espaço aéreo Grego, Italiano e Português. Outros terão aterrado em Espanha: incluindo o cidadão britânico Feroz Abbasi, então com 21 anos, e o Australiano David Hicks.
Mas Portugal ofereceu mais que o seu espaço aéreo. A consulta da base de dados dos vôos no site GhostPlane revela cerca de 30 vôos de aviões da CIA nos Azçores, e outros tantos no Continente. Mais: conhecem-se apenas 5 locais de partida para vôos directos até Guantanamo: Líbia, Marrocos, Turquia, EUA, e os Azores.
O Comissário do Conselho Europeu para os Direitos Humanos, Thomas Hammarberg, terá afirmado: «O que sucedeu em Guantanamo foi tortura [é tortura teria sido o tempo verbal correcto] e é ilegal albergar ou assistir em tornar esta tortura possível. Sob a lei, os governos Europeus deviam ter intercedido e não deviam ter permtido que estes vôos ocorressem.» Ana Gomes acrescentou:«É claro para mim que Guantanamo não poderia ter sido criado sem o envolvimento dos países europeus.»
Grey cita ainda o Ministro dos Negócios Estrangeiros, Luís Amado, que justificou os sobrevoôs como estando ao abrigo das «Nações Unidas e Nato e que Portugal segiu naturalmente o princípio de boa fé nas suas relações com os seus aliados». O papel da NATO em Guantánamo resulta de um acordo secreto dos seus membros, celebrado em Bruxelas em Outubro de 2001. Segundo Lord Robertson, então secretário de defesa britânico e mais tarde secretário-geral da NATO, o acordo deu carta branca para sobrevoôs de aviões militares dos EUA e outros aliados relacionados com operações anti-terrorismo. Mas numa carta a Ana Gomes, o actual secretário-geral da NATO, Jaap de Hoop Scheffer, afirmou que «nenhum avião da NATO voou para ou de Guantanamo», e que a NATO «como organização não tem qualquer involvimento ou papel coordenador em dar permissões para vôos ou direitos de sobrevôo.»
4 comentários:
É comovente, a «boa fé» do ministro...
Voos acordados que deram acesso a que alguns voassem a outros cargos virando costas ao seu país.
Petição em Prol das Crianças Vítimas de Crimes Sexuais
Até ao momento (13/12/2007):
2138 assinaturas online
2600 assinaturas forma convencional (manual)
4738 total
A sociedade civil mexe. A corrente cresce.
A todos os que têm colaborado nesta causa, muito obrigada.
O tema do mais recente filme de Gavin Hood é o programa da CIA que tem sido justificado pela Administração norte-americana como necessário para a obtenção de informações que visam proteger a segurança nacional e consequentemente a vida de milhares de pessoas. O recurso a técnicas intensivas de interrogatório é objecto de escrutínio e a pergunta impõem-se: até onde estamos dispostos a ir enquanto civilização em nome da segurança nacional? É aceitável o uso de técnicas de tortura para evitar o terrorismo? Petrificante é descobrir que uma pergunta de resposta óbvia... merece afinal um second thought por parte da opinião pública americana. Afinal, não é evidente para todos que a tortura é um crime e uma violação dos direitos humanos. O filme chama-se RENDITION e aqui fica o trailer: http://opoderdegrayskull.blogspot.com/2007/12/um-programa-da-cia-chamado-rendition_6667.html. Com Jake Gyllenhaal e Meryl Streep.
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