
sábado, setembro 29, 2007
domingo, setembro 23, 2007
Reunião Europeia em Defesa da Paz

28 e 29 de Setembro
no Hotel Zurique, em Lisboa
no Hotel Zurique, em Lisboa
Sob o Lema “Desmilitarizar a Europa, Defender a Paz”, a reunião bordará genericamente os seguintes temas:
§ A Europa e o Mundo – A estratégia de guerra e a militarização na Europa;
§ Em defesa da paz, contra o militarismo e a guerra;
§ A ordem política internacional. Solidariedade com os povos sob agressão e ocupação estrangeira, bloqueios e ingerência. O movimento pela paz.
Esta reunião é co-organizada pelo Conselho Português para a Paz e Cooperação, o Conselho Mundial da Paz e o Grupo Confederal da Esquerda Unitária/Esquerda Verde Nórdica, do Parlamento Europeu.
Podemos desde já anunciar que contamos com a confirmação de presença de trinta representantes de Movimentos e Organizações pela paz oriundos de quinze países Europeus, e ainda com a presença de euro-deputados de Portugal, Grécia, Alemanha, República Checa e Espanha.
Programa
Sexta-feira, 28 de Setembro
14.30H – 16.30H
- Sessão de Abertura, Intervenções de Boas Vindas do CPPC, do CMP e GUE/NGL
- 1ª Sessão de Trabalhos: “A Europa e o Mundo – A estratégia de guerra e a militarização na Europa”
17.00H – 19.00H
2ª Sessão de Trabalhos: “Em defesa da paz, contra o militarismo e a guerra”
Sábado, 29 de Setembro
9.00H – 13.00H
3ª Sessão de trabalhos: “A ordem política internacional. Solidariedade com os povos sob agressão e ocupação estrangeira, bloqueios e ingerência. O movimento pela paz”
14.30H – 16.30H Continuação dos trabalhos
17.00 — 18.00H Aprovação da “Declaração Final”
18.30H Conferência de Imprensa
Fatalidades na luta de classes
O Inquérito sobre Violações de Direitos Sindicais, referente a 2006, realizado pela International Trade Union Confederation (ITUC), tráz à memória que lutar pelos direitos dos trabalhadoresnão implica apenas o esforço físico e mental, e a disponibilidade para organizar e mobilizar, mas que traz riscos que podem ir desde o despedimento, à prisão, até aos ataques físicos e morte. Ainda dizem que já não há luta de classes ...

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quinta-feira, setembro 20, 2007
Tambores de guerra
Os sinais de que os EUA estão a planear um ataque ao Irão continuam a emergir do interior do Pentágono e dos serviços de inteligência. Segundo Alexis Debat, director de terrorismo e segurança nacional no Centro Nixon, o Pentágono elaborou um plano de ataque aéreo contra 1200 alvos no Irão (1). O Pentágono terá concluído que a resposta iraniana será igual quer se façam ataques precisos ou um ataque massivo, pelo que pretendem aniquilar a capacidade militar iraniana em três dias. Terão também em conta os planos de Israel, que se tem declarado disposto a ataque as centrais nucleares iranianas, caso os EUA não o façam.
No final de Agosto, Bush acrescentou a Guarda Revolucionária do Irão – um braço das forças militares iranianas – à sua lista de grupos terroristas, em resposta ao seu alegado envolvimento no Afeganistão e Iraque. O porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Sean McCormack, acusou a Guarda de ter «tentáculos numa diversificada gama de actividades, incluindo empresariais e bancárias; todos sabemos [!] que eles apoiam esses grupos que perseguem os nossos soldados no Iraque, que fornecem armas aos Taliban no Afeganistão, e também tem havido muitas informações sobre as suas ligações ao Hezbollah e outras organizações terroristas».
Estas acusações contrariam as afirmações do presidente Afegão, Hamid Karzai, que declarou à CNN que o Irão tem sido uma influência positiva sobre o Afeganistão. Ignorando estas declarações, Bush acusou o Irão de ser uma força desestabilizadora. Isto no país que os EUA invadiu para esmagar os Taliban e apanhar Bin Laden – dois objectivos falhados – e cuja integridade é ameaçada por conflitos entre as forças tribais financiadas pelos EUA e cuja grande proeza foi tornar o Afeganistão o maior produtor e exportador de ópio do mundo.
Bush acusa a teocracia xiita do Irão de ligações com os Taliban e al-Qaeda (no Iraque), ambos grupos fundamentalistas sunitas, ignorando o profundo antagonismo entre as duas correntes islâmicas: alegações tão ridículas como acusar o Vaticano de ter armado os Hugenots.
Perigo real
Persistem as alegações estadunidenses de que o Irão pretende desenvolver armas nucleares e tem impedido as inspecções da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA). Mas, a 30 de Agosto, Mohamed ElBaradei, director-geral da AIEA, emitiu um relatório assinalando cooperação significativa com o Irão, concluindo que foi capaz de verificar que o material nuclear declarado não está a ser desviado dos seus fins pacíficos (2).
As relações diplomáticas positivas são afogadas nos média nos EUA, onde predomina a imagem de Irão fundamentalista e ameaçador. O ex-embaixador dos EUA na ONU, John Bolton, declarou, no canal televisivo Fox News, que deseja um ataque ao Irão: «Espero que o Irão entenda que estamos a falar a sério, que estamos determinados a que não consigam capacidade nuclear e que, se não inverterem as decisões estratégicas dos últimos 20 anos, devem ter em conta a possibilidade de um ataque». As notícias e comentários sobre o Irão na Fox News são em tudo semelhantes às que antecederam a invasão do Iraque (3).
Contrastando com a incapacidade dos EUA em dialogar com o Irão, Mahmoud Ahmadinejad, presidente do Irão, tem-se desdobrado em contactos diplomáticos. Em Agosto visitou o Afeganistão, Turquemenistão, Quirguizistão e Azerbaidjão, tudo países onde os EUA têm procurado aumentar a sua influência e presença militar. Após a sua reunião com Karzai, afirmou: «Queremos que o nosso melhor amigo seja um país poderoso, desenvolvido e estável».
Esteve ainda presente como observador na recente cimeira da Organização de Cooperação de Xangai (OCX), após a qual o presidente russo, Vladimir Putin, reafirmou o seu compromisso de completar a construção da central nuclear de Bushehr, no Sul do Irão (4). Assinou um contrato com a Bielorússia para esta desenvolver o campo petrolífero de Jofeir.
Ahmadinejad descarta a probabilidade de os EUA atacarem o seu país, descrevendo como erradas as análises vindas do interior dos EUA referindo que uma secção da administração Bush estaria a preparar um ataque4. Temo que Ahmadinejad esteja a dar mais crédito à racionalidade da administração Bush-Cheney do que esta tem demonstrado merecer. Ou melhor, ela obedece a uma razão, mas a do imperialismo e seus interesses geoestratégicos, não a lógica do direito internacional, da paz e respeito entre nações. É certo que o Irão tem uma capacidade militar defensiva superior à do Afeganistão ou do Iraque (mesmo antes da primeira guerra do golfo). Mas os EUA só invadiram o Iraque após anos de sanções que enfraqueceram o país económica e militarmente. Uma primeira ofensiva não tomará a forma de invasão, mas possivelmente de ataques estratégicos. Há que dar atenção e peso aos tambores de guerra que tocam cada vez mais alto em direcção ao Irão, preparando terreno para o momento oportuno.
_____________
(1) Times de Londres, 2 de Setembro
(2) Muriel Mirak-Weissbach, 31 de Agosto, http://www.globalresearch.ca ;
(3) Vejam o documentário curto de Robert Greenwald, "Fox Attacks:Iran", disponível no YouTube
(4) Agência de Notícias da Republica Islâmica, http://www2.irna.ir/
Artigo publicado na Edição Nº1764 do Avante!
No final de Agosto, Bush acrescentou a Guarda Revolucionária do Irão – um braço das forças militares iranianas – à sua lista de grupos terroristas, em resposta ao seu alegado envolvimento no Afeganistão e Iraque. O porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Sean McCormack, acusou a Guarda de ter «tentáculos numa diversificada gama de actividades, incluindo empresariais e bancárias; todos sabemos [!] que eles apoiam esses grupos que perseguem os nossos soldados no Iraque, que fornecem armas aos Taliban no Afeganistão, e também tem havido muitas informações sobre as suas ligações ao Hezbollah e outras organizações terroristas».
Estas acusações contrariam as afirmações do presidente Afegão, Hamid Karzai, que declarou à CNN que o Irão tem sido uma influência positiva sobre o Afeganistão. Ignorando estas declarações, Bush acusou o Irão de ser uma força desestabilizadora. Isto no país que os EUA invadiu para esmagar os Taliban e apanhar Bin Laden – dois objectivos falhados – e cuja integridade é ameaçada por conflitos entre as forças tribais financiadas pelos EUA e cuja grande proeza foi tornar o Afeganistão o maior produtor e exportador de ópio do mundo.
Bush acusa a teocracia xiita do Irão de ligações com os Taliban e al-Qaeda (no Iraque), ambos grupos fundamentalistas sunitas, ignorando o profundo antagonismo entre as duas correntes islâmicas: alegações tão ridículas como acusar o Vaticano de ter armado os Hugenots.
Perigo real
Persistem as alegações estadunidenses de que o Irão pretende desenvolver armas nucleares e tem impedido as inspecções da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA). Mas, a 30 de Agosto, Mohamed ElBaradei, director-geral da AIEA, emitiu um relatório assinalando cooperação significativa com o Irão, concluindo que foi capaz de verificar que o material nuclear declarado não está a ser desviado dos seus fins pacíficos (2).
As relações diplomáticas positivas são afogadas nos média nos EUA, onde predomina a imagem de Irão fundamentalista e ameaçador. O ex-embaixador dos EUA na ONU, John Bolton, declarou, no canal televisivo Fox News, que deseja um ataque ao Irão: «Espero que o Irão entenda que estamos a falar a sério, que estamos determinados a que não consigam capacidade nuclear e que, se não inverterem as decisões estratégicas dos últimos 20 anos, devem ter em conta a possibilidade de um ataque». As notícias e comentários sobre o Irão na Fox News são em tudo semelhantes às que antecederam a invasão do Iraque (3).
Contrastando com a incapacidade dos EUA em dialogar com o Irão, Mahmoud Ahmadinejad, presidente do Irão, tem-se desdobrado em contactos diplomáticos. Em Agosto visitou o Afeganistão, Turquemenistão, Quirguizistão e Azerbaidjão, tudo países onde os EUA têm procurado aumentar a sua influência e presença militar. Após a sua reunião com Karzai, afirmou: «Queremos que o nosso melhor amigo seja um país poderoso, desenvolvido e estável».
Esteve ainda presente como observador na recente cimeira da Organização de Cooperação de Xangai (OCX), após a qual o presidente russo, Vladimir Putin, reafirmou o seu compromisso de completar a construção da central nuclear de Bushehr, no Sul do Irão (4). Assinou um contrato com a Bielorússia para esta desenvolver o campo petrolífero de Jofeir.
Ahmadinejad descarta a probabilidade de os EUA atacarem o seu país, descrevendo como erradas as análises vindas do interior dos EUA referindo que uma secção da administração Bush estaria a preparar um ataque4. Temo que Ahmadinejad esteja a dar mais crédito à racionalidade da administração Bush-Cheney do que esta tem demonstrado merecer. Ou melhor, ela obedece a uma razão, mas a do imperialismo e seus interesses geoestratégicos, não a lógica do direito internacional, da paz e respeito entre nações. É certo que o Irão tem uma capacidade militar defensiva superior à do Afeganistão ou do Iraque (mesmo antes da primeira guerra do golfo). Mas os EUA só invadiram o Iraque após anos de sanções que enfraqueceram o país económica e militarmente. Uma primeira ofensiva não tomará a forma de invasão, mas possivelmente de ataques estratégicos. Há que dar atenção e peso aos tambores de guerra que tocam cada vez mais alto em direcção ao Irão, preparando terreno para o momento oportuno.
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(1) Times de Londres, 2 de Setembro
(2) Muriel Mirak-Weissbach, 31 de Agosto, http://www.globalresearch.ca ;
(3) Vejam o documentário curto de Robert Greenwald, "Fox Attacks:Iran", disponível no YouTube
(4) Agência de Notícias da Republica Islâmica, http://www2.irna.ir/
Artigo publicado na Edição Nº1764 do Avante!
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sábado, setembro 15, 2007
A revolução está agendada
Já ouvi amigos e camaradas, activistas na luta, falarem desanimadamente das perspectivas de mudanças profundas na sociedade portuguêsa. Entendem a importância de resistir as ofensivas neo-liberais, e entregam-se a essa batalha com todo o coração, mas sem esperança de essas lutas conduzirem a uma transformação estrutural, de ultrapassarmos a fase de resistência para a fase de construção de algo novo, do combate ao capitalismo à construção do socialismo. Sentem que hoje as forças do capitalismo e do imperialismo são demasiado fortes para serem derrotadas. Que vale a pena resistir, que é necessário fazê-lo, mas que a «vitória final» está para lá do horizonte. A existência da URSS socialista tornava esse objectivo mais tangível. Agora parece demasiado distante.
Mas não esse sentimento não terá sempre pesado sobre as aspirações dos resistentes? Sobre os que lutavam contra o aparteid? Contra o colonialismo? Contra o fascismo? Contra o Salazar e Marcelo Caetano? Contra a ocupação indonésia em Timor, ou o colete de forças estadunidense em Cuba, ou as sucessivas juntas militares e presidências de direita na Venezuela? Ou contra o muro de berlim? A história do século XX é rica de transformações repentinas, que anos ou mesmo meses antes pareciam longíquas ou impossíveis. É certo que nem sempre estas penderam para o lado do progresso social, mas sobresaí que a história é fluida e dinâmica. Um olhar para o passado demonstra que há motivo para ter esperança no sucesso transformador da luta quotidiana, e que pode ter consequências mais cedo do que a nossa imaginação premite antever.
Não procuro com isto simplesmente convencer a resistir. Isso já estes companheiros fazem. Entendem que a luta não garante a vitória, mas que sem ela a derrota está assegurada. Mas é necessário mais. É necessário resistir inclinado para a frente, embuir a resistência de propulsão, embeber a luta de esperança, mais, de convicção não só na vitória da luta pontual, mas da vitória final. Não porque esta seja certa, mas - como indicava a Rosa Luxemburgo - porque é necessária
pois a alternativa é a barbárie. Há que lutar por uma sociedade diferente como algo ao nosso alcance. A história demontra que é possível. A perspectiva imediata pode ser sombria, mas quem sabe quando virá o momento revolucionário? Pode ser só para os nossos bisnetos, ou pode ser no ano que vem.
No comício de encerramento da Festa do Avante!, Jerónimo de Sousa disse:
Mas não esse sentimento não terá sempre pesado sobre as aspirações dos resistentes? Sobre os que lutavam contra o aparteid? Contra o colonialismo? Contra o fascismo? Contra o Salazar e Marcelo Caetano? Contra a ocupação indonésia em Timor, ou o colete de forças estadunidense em Cuba, ou as sucessivas juntas militares e presidências de direita na Venezuela? Ou contra o muro de berlim? A história do século XX é rica de transformações repentinas, que anos ou mesmo meses antes pareciam longíquas ou impossíveis. É certo que nem sempre estas penderam para o lado do progresso social, mas sobresaí que a história é fluida e dinâmica. Um olhar para o passado demonstra que há motivo para ter esperança no sucesso transformador da luta quotidiana, e que pode ter consequências mais cedo do que a nossa imaginação premite antever.
Não procuro com isto simplesmente convencer a resistir. Isso já estes companheiros fazem. Entendem que a luta não garante a vitória, mas que sem ela a derrota está assegurada. Mas é necessário mais. É necessário resistir inclinado para a frente, embuir a resistência de propulsão, embeber a luta de esperança, mais, de convicção não só na vitória da luta pontual, mas da vitória final. Não porque esta seja certa, mas - como indicava a Rosa Luxemburgo - porque é necessária
pois a alternativa é a barbárie. Há que lutar por uma sociedade diferente como algo ao nosso alcance. A história demontra que é possível. A perspectiva imediata pode ser sombria, mas quem sabe quando virá o momento revolucionário? Pode ser só para os nossos bisnetos, ou pode ser no ano que vem.
No comício de encerramento da Festa do Avante!, Jerónimo de Sousa disse:
Por todo mundo prossegue a resistência e a luta libertadora e o retomar do curso ascendente do processo universal de emancipação social e nacional. E nesta caminhada – que implicará avanços e recuos, vitórias e derrotas, momentos de exaltante avanço revolucionário e situações de sombria reacção – é necessário ter sempre presente a perspectiva do socialismo, não como objectivo longínquo mas como uma possibilidade e uma exigência do nosso tempo.
quinta-feira, setembro 13, 2007
Caça ao dólar
As eleições presidenciais nos EUA são daqui a mais de um ano e meio (a 4 de Novembro), mas a corrida já vai bastante adiantada, tendo mesmo começado antes das últimas eleições intercalares, em Novembro de 2006. Porquê tão cedo? Antes de ganharem votos, os candidatos precisam de ganhar dólares: o mercado eleitoral tem prioridade sobre o escrutínio democrático. O presidente da Comissão Eleitoral afirmou que para ser levado a sério um candidato terá de conseguir $100 milhões até ao fim de 2007, e que as eleições presidenciais de 2008 prometem ser as mais dispendiosas de sempre, possivelmente ultrapassando o recorde de 2004 (mil milhões de dólares) –Para o texto completo sobre as finanças eleitorais nos EUA, vejam o Avante!mais que metade do PIB de Portugal*.
* Esta comparação foi um grandíssimo erro da minha parte (obrigado B.), uma discalculia que confundiu vírgulas com pontos e mil milhões com "billions". A referência ao custo das eleições de 2004 (mil milhões de dólares, ou um "billion") está correcta, o que está ridiculamente incorrecto é a equivalência a 1/2 do PIB de Portugal. Este é da ordem dos 210 mil milhões de dólares. As minhas desculpas aos leitores da Jangada de Pedra e do Avante!.
A engenharia da tortura
Um relatório do Gabinete do Inspector Geral do Departamento de Defesa (OIG) foi desclassificado, em Maio de 2006, que descreve em detalhe a participação de psicólogos na transferência de técnicas do SERE para interrogação de detidos na "Guerra ao Terrorismo". O relatório refere o treino de interrogadores, o envolvimento nos BSCTs, e o papel central de psicólogos nos interrogatórios, não deixando dúvida sobre a responsabilidade destes especialistas no desenvolvimento de técnicas de tortura e das condições de detenção. Alguns transcritos de interrogações, como a de Kahtani, o vigésimo sequestrador do onze de Setembro, documentam como os psicólogos orientavam os interrogadores sobre como intensificarem a pressão, como explorarem fraquezas.Para o texto completo sobre o papel de psicólogos na interrogação e tortura de presos e a recente decisão da Associação Americana de Psicólogos, leiam o texto completo em odiario.info
quinta-feira, setembro 06, 2007
Caça ao dólar
As eleições presidenciais nos EUA são daqui a mais de um ano e meio (a 4 de Novembro), mas a corrida já vai bastante adiantada, tendo mesmo começado antes das últimas eleições intercalares, em Novembro de 2006. Porquê tão cedo? Antes de ganharem votos, os candidatos precisam de ganhar dólares: o mercado eleitoral tem prioridade sobre o escrutínio democrático. O presidente da Comissão Eleitoral afirmou que para ser levado a sério um candidato terá de conseguir $100 milhões até ao fim de 2007, e que as eleições presidenciais de 2008 prometem ser as mais dispendiosas de sempre, possivelmente ultrapassando o recorde de 2004 (mil milhões de dólares) – mais que metade do PIB de Portugal.
Estas serão as primeiras eleições em 80 anos nas quais não haverá um elemento da Casa Branca a concorrer, havendo vários candidatos à partida dentro de ambos os partidos tradicionais. A separação entre os candidatos na pré campanha não é feita consoante diferenças entre as suas propostas, ou estratégias políticas, ou até personalidades, mas segundo a avaliação dos principais investidores sobre qual o candidato que melhor servirá os seus interesses. São os investidores de Wall Street e outros interesses comerciais que determinam a viabilidade inicial dos candidatos, que contribuem para os anúncios televisivos e determinam a atenção e forma de cobertura dedicada pela comunicação social, e desta forma moldam quais os candidatos considerados viáveis. Um candidato com ambição de ganhar a corrida no seu partido sabe que tem de ter um arranque forte. Thomas Vilsack, um dos primeiros democratas a anunciar a sua candidatura, desistiu da corrida em Fevereiro, após prever que não seria capaz de competir financeiramente com os outros candidatos: havia logrado acumular apenas $1.3 milhões durante os três meses em que foi candidato, o mesmo que outros candidatos conseguiam angariar numa noite – um sinal claro da inviabilidade da sua candidatura.
Os investidores em geral não se movem pelas filiações partidárias dos candidatos, sendo frequente contribuírem para ambos os partidos. Num sistema político fortemente bi-polarizado, financiado por um sector económico interessado em assegurar a estabilidade e continuidade da política económica, isto é, os privilégios do capital, um candidato precisa de convergir para o programa único, com pequenas variações de pormenor. Este programa em nada corresponde à vontade maioritária da população, expressa em sondagens de opinião, nem ao peso demográfico das diferentes camadas da população. Assim, por exemplo pode defender-se uma (eventual) retirada do Iraque, mas sem um calendário preciso, e há que ser um forte apoiante de Israel: organizações pró israelitas são responsáveis por cerca de 40% do financiamento do Partido Democrata.
Candidatos na corrida
Candidatos com propostas divergentes são rapidamente marginalizados pelos investidores e comunicação social. Recorde-se a forte campanha contra Ralph Nader, candidato pelo Partido Verde nas eleições de 2000, excluído dos debates presidenciais e acusado pelos democratas de lhes roubar os votos necessários para ganhar as eleições.
Usando o compasso financeiro, quais são os candidatos que a meio ano das eleições primárias, demonstram ter fôlego? Entre os democratas, destacam-se a senadora e mulher do ex-presidente, Hillary Clinton, e o jovem senador de Illinois, o afro-americano Barak Obama. Ambos ultrapassaram já os $58 milhões angariados, com Clinton ligeiramente à frente, mas tendo Obama obtido melhores resultados no segundo quadrimestre devido à acumulação de pequenas contribuições. Bastante atrás ficam os restantes candidatos democratas, incluindo o ex-candidato vice-presidencial John Edwards. Entre os republicanos, estão empatados na liderança, com cerca de $35 milhões cada, o ex-presidente da câmara de Nova Iorque e suposto herói do 11 de Setembro, Rudy Giuliani, e o ex-governador do Massachusetts, Mitt Romney. Giuliani foi atacado num anúncio promovido pelo sindicato dos bombeiros de Nova Iorque, mas a sua imagem será certamente maquilhada pois recebeu o apoio do vice-presidente de programação da cadeia televisiva FOX, Sean Hannity. O senador do Arizona, John McCain, foi forçado a despedir dezenas de trabalhadores de campanha devido aos mais fracos resultados financeiros. Significativo é também o crescendo do Partido Democrata que consegue pela primeira vez em muitos anos ultrapassar o Partido Republicano, em larga medida devido a uma alteração do apoio dos grupos de interesse, que desde Reagan têm maioritariamente apoiado os republicanos. Dentro de um ano, formalizada a escolha dos interesses financeiros com o voto dos eleitores, será business as usual.
Texto Publicado no Avante! Edição Nº.1762, 06/09/2007
Estas serão as primeiras eleições em 80 anos nas quais não haverá um elemento da Casa Branca a concorrer, havendo vários candidatos à partida dentro de ambos os partidos tradicionais. A separação entre os candidatos na pré campanha não é feita consoante diferenças entre as suas propostas, ou estratégias políticas, ou até personalidades, mas segundo a avaliação dos principais investidores sobre qual o candidato que melhor servirá os seus interesses. São os investidores de Wall Street e outros interesses comerciais que determinam a viabilidade inicial dos candidatos, que contribuem para os anúncios televisivos e determinam a atenção e forma de cobertura dedicada pela comunicação social, e desta forma moldam quais os candidatos considerados viáveis. Um candidato com ambição de ganhar a corrida no seu partido sabe que tem de ter um arranque forte. Thomas Vilsack, um dos primeiros democratas a anunciar a sua candidatura, desistiu da corrida em Fevereiro, após prever que não seria capaz de competir financeiramente com os outros candidatos: havia logrado acumular apenas $1.3 milhões durante os três meses em que foi candidato, o mesmo que outros candidatos conseguiam angariar numa noite – um sinal claro da inviabilidade da sua candidatura.
Os investidores em geral não se movem pelas filiações partidárias dos candidatos, sendo frequente contribuírem para ambos os partidos. Num sistema político fortemente bi-polarizado, financiado por um sector económico interessado em assegurar a estabilidade e continuidade da política económica, isto é, os privilégios do capital, um candidato precisa de convergir para o programa único, com pequenas variações de pormenor. Este programa em nada corresponde à vontade maioritária da população, expressa em sondagens de opinião, nem ao peso demográfico das diferentes camadas da população. Assim, por exemplo pode defender-se uma (eventual) retirada do Iraque, mas sem um calendário preciso, e há que ser um forte apoiante de Israel: organizações pró israelitas são responsáveis por cerca de 40% do financiamento do Partido Democrata.
Candidatos na corrida
Candidatos com propostas divergentes são rapidamente marginalizados pelos investidores e comunicação social. Recorde-se a forte campanha contra Ralph Nader, candidato pelo Partido Verde nas eleições de 2000, excluído dos debates presidenciais e acusado pelos democratas de lhes roubar os votos necessários para ganhar as eleições.
Usando o compasso financeiro, quais são os candidatos que a meio ano das eleições primárias, demonstram ter fôlego? Entre os democratas, destacam-se a senadora e mulher do ex-presidente, Hillary Clinton, e o jovem senador de Illinois, o afro-americano Barak Obama. Ambos ultrapassaram já os $58 milhões angariados, com Clinton ligeiramente à frente, mas tendo Obama obtido melhores resultados no segundo quadrimestre devido à acumulação de pequenas contribuições. Bastante atrás ficam os restantes candidatos democratas, incluindo o ex-candidato vice-presidencial John Edwards. Entre os republicanos, estão empatados na liderança, com cerca de $35 milhões cada, o ex-presidente da câmara de Nova Iorque e suposto herói do 11 de Setembro, Rudy Giuliani, e o ex-governador do Massachusetts, Mitt Romney. Giuliani foi atacado num anúncio promovido pelo sindicato dos bombeiros de Nova Iorque, mas a sua imagem será certamente maquilhada pois recebeu o apoio do vice-presidente de programação da cadeia televisiva FOX, Sean Hannity. O senador do Arizona, John McCain, foi forçado a despedir dezenas de trabalhadores de campanha devido aos mais fracos resultados financeiros. Significativo é também o crescendo do Partido Democrata que consegue pela primeira vez em muitos anos ultrapassar o Partido Republicano, em larga medida devido a uma alteração do apoio dos grupos de interesse, que desde Reagan têm maioritariamente apoiado os republicanos. Dentro de um ano, formalizada a escolha dos interesses financeiros com o voto dos eleitores, será business as usual.
Texto Publicado no Avante! Edição Nº.1762, 06/09/2007
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segunda-feira, setembro 03, 2007
Escalada contra Irão II
Na 3ª passada (dia 28), o presidente do Irão, Mahmoud Ahmadinejad, descartou a probabilidade dos EUA atacarem o seu país, descrevendo como errada as analises vindas do interior dos EUA que uma secção da administração Bush estaria a preparar um ataque (ver). Mas adiantou que um ataque sobre o Irão terá a resposta apropriada : «considero improvável que os EUA tomem uma acção tão ilógica e ilegal, porque a medida tornar-se-ia numa anedota mundial. Não ouvi quaisquer planos serem colocados oficialmente pela administração dos EUA. (...) Pensamos existir uma divisão na administração: uns desejam resolver o problema logicamente e outros, cujas fábricas de armas estão em falência, querem aumentar a tensão mundial.» (ver)
Temo que Ahmadinejad esteja a dar mais crédito à racionalidade da Administração Bush-Cheney do que esta tem demonstrado merecer. Ou melhor, ela obedece a uma razão, mas a do imperialismo e seus interesses geoestratégicos, não a lógica do direito internacional, da paz e respeito entre nações. Há que dar atenção e peso aos crescentes tambores de guerra estadunidenses que tocam cada vez mais alto em direcção ao Irão, preparando terreno para o momento oportuno.
Um ex-agente da CIA, Robert Baer, num artigo na revista Time, prevê um ataque nos próximos 6 meses (ver). O ex-embaixador dos EUA às NU, John Bolton, declarou, no canal televisivo Fox News, que deseja um ataque: «Absolutamente. Espero que o Irão entenda que estamos sérios, que estamos determinados a que não consigam capacidade nuclear, e se não inverterem as decisões estratégicas dos últimos 20 anos, que devem ter em conta a possibilidade de um ataque.» (ver)
É certo que o Irão tem uma capacidade militar defensiva superior à do Afeganistão ou do Iraque (mesmo antes da primeira guerra do golfo). Mas os EUA só invadiram o Iraque após anos de sanções que enfraqueceram o pais economicamente e militarmente. Uma primeira ofensiva estadunidense não tomará a forma de invasão, mas possivelmente de ataques estratégicos.
Segundo Alexis Debat, director de terrorismo e segurança nacional no Centro Nixon, o Pentágono terá concluido que a resposta Iraniana será igual quer se façam ataques precisos ou um ataque massivo, e está a elaborar planos para ataques aéreos contra 1200 alvos no Irão para aniquilar a sua capacidade militar em três dias (ver). Na avaliação do Pentágono jogam também os planos de Israel, que se tem declarado disposto a ataque as centrais nucleares Iranianas caso o EUA não o faça.
No mesmo dia 28, Bush fez novas declarações contra o Irão: «Eles não podem escapar à responsabilidade pelos ataques contras as forças da aliança e o assassinato de Iraquianos inocentes. O regime Iraniano deve terminar estas acções. Até o fazer, tomarei as acções necessárias para proteger as nossas tropas. Autorizei os nossos comandantes no Iraque para confrontar as actividades assassinas de Teerão.» (ver)
A 30 de Agosto, o Director-geral da Agência Internacional de Energia Atómica (IAEA), Mohamed ElBaradei, emitiu um relatório sobre a implementação do Tratado de Não-Proliferação no Irão assinalando cooperação significativa com o Irão e um abrandar do programa de enriquecimento de urânio (ver). Mas dias depois Ahmadinejad anunciou que o Irão já tinha atingido a meta de 3 mil centrifugas para enriquecimento de urânio, contrariando o relatório do IAEA que estimava apenas duas mil (ver).
Este tipo de contradições abrem caminho para a discussão de novas sanções do Conselho de Segurança das NU contra o Irão. Mas existem diferentes posturas dentro do CS: o Presidente Russo, Vladimir Putin, reforçou o mês passado, durante a cimeira da Organização de Cooperação de Xangai (OCX), o seu compromisso de completar a construção da central nuclear de Bushehr no sul do Irão (ver). Ahmadinejad tem procurado ganhar apoio entre os seus países vizinhos. Em Agosto visitou o Afeganistão, Turquemenistão, Quirjistão e Azerbeijão, tudo países onde os EUA também têm procurado aumentar a sua influência e presença militar (ver).
Temo que Ahmadinejad esteja a dar mais crédito à racionalidade da Administração Bush-Cheney do que esta tem demonstrado merecer. Ou melhor, ela obedece a uma razão, mas a do imperialismo e seus interesses geoestratégicos, não a lógica do direito internacional, da paz e respeito entre nações. Há que dar atenção e peso aos crescentes tambores de guerra estadunidenses que tocam cada vez mais alto em direcção ao Irão, preparando terreno para o momento oportuno.
Um ex-agente da CIA, Robert Baer, num artigo na revista Time, prevê um ataque nos próximos 6 meses (ver). O ex-embaixador dos EUA às NU, John Bolton, declarou, no canal televisivo Fox News, que deseja um ataque: «Absolutamente. Espero que o Irão entenda que estamos sérios, que estamos determinados a que não consigam capacidade nuclear, e se não inverterem as decisões estratégicas dos últimos 20 anos, que devem ter em conta a possibilidade de um ataque.» (ver)
É certo que o Irão tem uma capacidade militar defensiva superior à do Afeganistão ou do Iraque (mesmo antes da primeira guerra do golfo). Mas os EUA só invadiram o Iraque após anos de sanções que enfraqueceram o pais economicamente e militarmente. Uma primeira ofensiva estadunidense não tomará a forma de invasão, mas possivelmente de ataques estratégicos.
Segundo Alexis Debat, director de terrorismo e segurança nacional no Centro Nixon, o Pentágono terá concluido que a resposta Iraniana será igual quer se façam ataques precisos ou um ataque massivo, e está a elaborar planos para ataques aéreos contra 1200 alvos no Irão para aniquilar a sua capacidade militar em três dias (ver). Na avaliação do Pentágono jogam também os planos de Israel, que se tem declarado disposto a ataque as centrais nucleares Iranianas caso o EUA não o faça.
No mesmo dia 28, Bush fez novas declarações contra o Irão: «Eles não podem escapar à responsabilidade pelos ataques contras as forças da aliança e o assassinato de Iraquianos inocentes. O regime Iraniano deve terminar estas acções. Até o fazer, tomarei as acções necessárias para proteger as nossas tropas. Autorizei os nossos comandantes no Iraque para confrontar as actividades assassinas de Teerão.» (ver)
A 30 de Agosto, o Director-geral da Agência Internacional de Energia Atómica (IAEA), Mohamed ElBaradei, emitiu um relatório sobre a implementação do Tratado de Não-Proliferação no Irão assinalando cooperação significativa com o Irão e um abrandar do programa de enriquecimento de urânio (ver). Mas dias depois Ahmadinejad anunciou que o Irão já tinha atingido a meta de 3 mil centrifugas para enriquecimento de urânio, contrariando o relatório do IAEA que estimava apenas duas mil (ver).
Este tipo de contradições abrem caminho para a discussão de novas sanções do Conselho de Segurança das NU contra o Irão. Mas existem diferentes posturas dentro do CS: o Presidente Russo, Vladimir Putin, reforçou o mês passado, durante a cimeira da Organização de Cooperação de Xangai (OCX), o seu compromisso de completar a construção da central nuclear de Bushehr no sul do Irão (ver). Ahmadinejad tem procurado ganhar apoio entre os seus países vizinhos. Em Agosto visitou o Afeganistão, Turquemenistão, Quirjistão e Azerbeijão, tudo países onde os EUA também têm procurado aumentar a sua influência e presença militar (ver).
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André Levy
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domingo, setembro 02, 2007
Concentração da comunicação social em Portugal
À semelhança do que sucede no mercado mundial, também em Portugal sucede um processo de concentração da comunicação social nas mãos de umas poucas companhias. A nível mundial vêmos inclusivamente transnacionais como a Sony/Bertelsmann AG, Time-Warner/AOL, Disney terem não só os produtores de filmes, música etc como também os meios de comunicação que os divulgam e criticam (ver). O seguinte quadro é uma primeira tentativa de resumir os tentáculos das maiores empresas portuguesas nas várias áreas de comunicação social. Agradeço correcções e acrescentos (ou links para outros resumos mais completos)
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André Levy
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6:54 PM
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