segunda-feira, setembro 28, 2009

3 derrotados e um vencedor

Leitura rápida do resultado das eleições legislativas:
  • derrota do PS. Apesar de seguir como primeira força, conseguiu-o não tanto por mérito próprio, mas pelo voto útil e o demérito do maior partido da oposição
  • derrota do PSD/PPD. Segundo o esquema de rotação bipolar, seria difícil imaginar condições tão propícias para o PSD/PPD obter mais votos que o PS. Ter ficado tão atrás do PS só revela a sua liquidação de ideias e liderança, e a falta de confiança que inspira. Manuela Ferreira Leite, que não deverá chegar ao fim do ano como líder, não conseguiu atrair os votos da direita do PS. Esses descontentes foram votar CDS/PP, que obteve um resultado positivo. Tudo somado creio que a leitura de uma derrota da direita (ou da esquerda) não é possível. Nem uma vitória.
  • derrota dos novos movimentos. Tanta publicidade distribuída e afixada, tanto dinheiro gasto para tentar capitalizar o descontentamento nos "partidos dos costume", tão poucas ideias apelativas, tão poucas personalidades carismáticas ou conhecidas pela sua intervenção, resultou que o fenómeno dos recém criados partidos, em particular os "Movimentos" não cativaram interesse. Nem um deles logrou ser a sexta força mais votada, que foi o PCTP/MRPP (que beneficia sempre de quem vota no símbolo e não nesse partido). O MEP angariou 0.45% da votação a nível nacional (cerca de 25 mil votos), atrás do PCTP/MRPP com com quase 0.93% (cerca de 52 mil e 600 votos). Olhando para as últimas décadas, só o PRD, devido à associação com a figura do ex-presidente Eanes, e o PSN, com uma agenda bem demarcada e dirigida a um eleitoral particular e de peso, conseguiram encaixar-se no centrão da Assembleia
  • Acho que o vencedor destas eleições é a maioria relativa do governo. Que alívio saber que não teremos um governo assente num grupo com maioria absoluta na AR. Um governo que pode cair se o povo assim o entender, sem ter que esperar por eleições. Um governo compelido a ouvir, dialogar, ceder, mudar de posição em função da vontade popular, a ter que persuadir pela razão, em vez de fazer o que quer porque pode. Que a grande ruptura não se daria numas eleições, não tinha ilusões. A grande ruptura alcance-se entre elas, no dia a dia. Agora termos ainda o combate local nas eleições autárquicas. Mas a luta segue para além desse momento. Com a CDU e os seus apoiantes solidamente sempre a crescer.

2 comentários:

Op! disse...

Temo não ser assim tão simples: existe a possibilidade da união de forças com o PP. Ainda que a mascara de esquerda do PS o leve a apoiar causas liberais "á lá BE" que se põem ao modelo conservador do PP, os modelos socioeconómico e político de ambos (PS e PP) são os mesmos, o que poderá levar a uma aliança duradoura entrevalada só por "questões éticas".

amigona avó e a neta princesa disse...

Foi bem ler a tua opinião...um abraço...