sexta-feira, setembro 25, 2009

Subirá sempre mais alto a bandeira comunista

José Carlos Ary dos Santos, que faleceu há 25 anos, escreveu, em Agosto de 1975, e com rapidez, um belo e emocionante poema enaltecendo os comunistas e a sua bandeira. No espírito desse valor que sempre defendeu, a liberdade ("Porém cantar é ternura/escrever constrói liberdade/e não há coisa mais pura/do que dizer a verdade"), tomei eu a liberdade de adicionar algumas quadras (a vermelho) ao seu poema "A Bandeira comunista", versos que o actualizam para o contexto actual.

A bandeira comunista

Foi como se não bastasse
tudo quanto nos fizeram
como se não lhes chegasse
todo o sangue que beberam
como se o ódio fartasse
apenas os que sofreram
como se a luta de classe
não fosse dos que a moveram.
Foi como se as mãos partidas
ou as unhas arrancadas
fossem outras tantas vidas
outra vez incendiadas.

À voz de anticomunista
o patrão surgiu de novo
e com a miséria à vista
tentou dividir o povo.
E falou à multidão
tal como estava previsto
usando sem ter razão
a falsa ideia de Cristo.

Pois quando o povo é cristão
também luta a nosso lado
nós repartimos o pão
não temos o pão guardado.
Por isso quando os burgueses
nos quiserem destruir
encontram os portugueses
que souberam resistir.

E a cada novo assalto
cada escalada fascista
cada atendado de limpeza
do regime salazarista

A cada Durão, Leite,
ou clique Satanista
aos Portas que Abril fechadas
e outros pró-imperialistas

a cada parte ou bloco oco
querendo atrair progressistas
mas sem ligação às massas
só aplausos dos jornalistas

a cada falsa esquerda
socraticó-socialista
que entre brindes e reformas
faz obséquio ao monopolista

contra todos estes cabrões
há ruptura realista, e
subirá sempre mais alto
a bandeira comunista.

4 comentários:

Maria disse...

Gostei do 'arranjo'.
Mas o Zé Carlos não morreu há 40 anos. Corrige lá o post...

:))

André Levy disse...

Obrigado pelo comentário e correcção do deslize.

Anônimo disse...

Não tens o direito de fazer isto! É um abuso e uma falta de respeito pela memória e pelo imenso talento do Ary, por muito que aches justificável o "acrescento". E digo-te isto como comunista que sou, ainda o fascismo nos perseguia.
David

André Levy disse...

Lamento que reajas de forma tão hostil ao "acrescento". Obviamente não partilhamos da mesma visão da construção cultural. Não vejo as obras como objectos acabados. Os autores não encaram as suas obras enquanto tal e frequentemente as modificam. E outros artistas não encaram as obras alheias como obras intocáveis. É frequente, na música por exemplo, ouvirmos citações de trechos musicais de compositores que admiram. Não a pretensão de ser um poeta, muito menos um do alcance e habilidade do Ary. Mas prezo a liberdade, que inclui a liberdade artística, que Ary defendeu e proclamou. Assim prefaciei o meu texto.
Direito tenho.
Podes considerar um abuso de mau gosto: questão de opinião.
Falta de respeito: de forma alguma.