Faz hoje 150 ano que saiu nas livrarias Inglesas a primeira edição «Sobre a Origem das Espécies por Meio da Selecção Natural, ou a Preservação das Faças Favorecidas na Luta pela Vida» (no original: «On the Origin of Species by Means of Natural Selection, or the Preservation of Favoured Races in the Struggle for Life») de Charles Darwin. As 1250 cópias da 1ª edição (apenas 1170 nas livrarias) esgotaram rapidamente, e uma segunda edição de 3 mil exemplares foi impressa em Janeiro de 1860.
Embora escrito para o público não especializado (não se pode dizer que seja tenha sido para o público em já que a maioria da população inglesa na época mal sabia ler), talvez nenhum livro científico anterior tenha tido tanto e tão imediato impacto na sociedade. Os comentários terão propagado também por pessoas que não terão lido o livro, levando a várias distorções. Mas o peso dos argumentos a favor da evolução expostos neste volume terão feito da ideia de evolução um tema de discussão incontornável.
Curiosamente, o mecanismo de selecção natural, proposto por Darwin como mecanismo natural capaz de explicar a origem das adaptações das espécies, não foi objecto de tão grande discussão, nem bem recebido inclusivamente por defensores de Darwin. O seu mais feroz defensor público, Thomas Henry Huxley, alcunhado de "buldogue de Darwin", não perfilhava do mecanismo de selecção natural.
Contudo, passados 150 anos não há dúvida que a Evolução das espécies é um facto e que um dos mecanismos responsável pela evolução, e o único capaz de dar uma explicação material e natural para a origem de adaptações biológicas, é a selecção natural.
É certo que Darwin só publicou a «Origem» após ter recebido uma carta de Alfred Russel Wallace, expondo a ideia de evolução por selecção natural. (Curiosamente, ambos tiveram, independentemente, como fonte de inspiração para o mecanismo de selecção natural a leitura da obra de Malthus sobre o crescimento demográfico humano.) Mas ninguém pode negar, e o próprio Wallace o reconheceu, que Darwin não só teve precedência no desenvolvimento da ideia, como durante os largos anos em que andou a cozinhá-la, acumulou uma variedade e grandeza de factos e argumentos muito superior ao de Wallace. Em 1858, cartas de Wallace e Darwin foram lidas conjuntamente numa sessão da Sociedade Linneana, sem grande impacto social. Foi com a publicação da «Origem» que verdadeiramente se fundou a Biologia Evolutiva como área integradora de toda a biologia. Esta noção é muitas vezes encapsulada na citação de um artigo, de 1973) de um evolucionista do século XX, Theodosius Dobzhansky: "nada faz sentido em biologia excepto à luz da evolução". Mas é extraordinário que, já em 1949, numa carta escrita da prisão para a sua família, enquanto estava na solitária, e após ter lido a «Origem», Álvaro Cunhal tenha usado a mesma metáfora, escrevendo “só é possível o estudo da biologia iluminado pela ideia de evolução”.
terça-feira, novembro 24, 2009
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