domingo, outubro 31, 2010

Sindicatos de classe

A nível mundial, e em Portugal, infelizmente, há sindicatos e sindicatos. Há os amarelos, os vermelhos, os cor de laranja, os mafiosos, os de classe, e os sem classe.

O último congresso da CGTP foi marcado por, entre outras questões, a questão da afiliação da CGTP a organizações sindicais internacionais. A questão foi debatida e a esmagadora maioria do congresso aprovou que a CGTP se manteria independente de organizações internacionais, estabelecendo relações com as várias existentes, mas não se afiliando em qualquer delas.

Para quem não esteja a par existem uma divisão ao nível das confederações internacionais, em particular entre a Confederação Internacional Sindical, CIS, que tem uma estrutura europeia, a CES; e a FSM, ou Federação Sindical Mundial. Decidam por vós, mas eu descrevo-as como a expressão da social democracia sindical versus o sindicalismo da classe trabalhadora.

Se a alguém resta dúvidas desta caracterização, ou que a CGTP fez muito bem em não aderir à CES, vejam a seguinte notícia da Lusa (27 Out)

O líder da Confederação Europeia de Sindicatos encorajou hoje o Governo português e a oposição a entenderem-se, sustentando que os países que estão a reagir melhor à crise são aqueles onde todos "remam para o mesmo lado".

Em entrevista à agência Lusa, em Bruxelas, pouco após o anúncio da rutura das negociações entre Governo e PSD em torno do Orçamento de Estado para 2011, John Monks comentou que as divisões visíveis em Portugal não ajudam o país a sair da crise, e aconselhou mais "coesão e união" a todas as partes.

"Sei que Portugal está sob uma pressão tremenda, mas acho que as pessoas ficariam mais impressionadas se o país reagisse como um todo, com responsabilidade, quer da parte do Governo, quer dos sindicatos, patronato e oposição parlamentar", disse, acrescentando estar "impressionado" com casos onde isso está a suceder, como Holanda e Áustria.
Ora, não sou ingénuo ao ponto de pensar que Monks pensa que Sócrates vai modificar em concertação social o Orçamento em função das posições sindicais. A telenovela com o PSD, parceiro ideológico, já é o que é. Daí se conclui que Monks está a apelar que os sindicatos e a oposição, incluindo portanto a oposição à esquerda do PS, que aprove um Orçamento lesivo para os trabalhadores e país, e bem da união e amizade entre as classes. Pois claro, esta crise é dura, não tem culpados, e há que encontrar uma solução, todos tem que se sacrificar, e o orçamento é apenas um instrumento financeiro, não é político, por isso, que haja concordância em como gerir as contas públicas.

Ter-se-á já esquecido da jornada de luta europeia convocada pela CES no dia 29 de Setembro? Estará impressionado com a luta sindical na França? Estará contra a convocação da Greve Geral pela CGTP para o dia 24 de Novembro?

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