A 2 de Julho tiveram lugar as eleições presidenciais no México. Ao contrário do que pensará o Presidente Bush, que se precipitou a congratular o candidato do Partido de Acção Nacional (PAN), Felipe Calderón, ainda não existe um presidente-eleito, um candidato que formalmente tenha ganho as eleições.
Segundo os resultados da contagem "oficial, Calderón recebeu 15,000,284 votos (35.89%), enquanto o candidato da Aliança pelo Bem de Todos, que inclui o Partido Revolução Democrática (PRD), Partido de Trabalho e o Partido Convergência, Andrés Manuel Lopes Obrador (AMLO), recebeu 14,756,350 votos (35.31%). Isto é segundo o voto oficial, AMLO terá perdido por 0.58%. Este foi o resultado oficialmente reconhecido pelo Instituto Federal Eleitoral (IFE) do México. Contudo, segundo a lei eleitoral do México, o Tribunal Electoral del Poder Judicial de la Federación precisa ainda de se pronunciar antes que exista um vencedor das eleições. Este apenas irá emitir o seu parecer em Agosto. Dado as inúmeras instâncias de fraude documentadas pela candidatura de AMLO existe alguma probabilidade de o Tribunal anular as eleições.
Quais as evidências de fraude? Vítor Romero, professor de estatística na Universidade Nacional do México, estudou os resultados eleitorais de cada umas das 113 mil estações de voto. A contagem oficial foi efectuada no dia 5 de Julho. Assim Romero pôde acompanhar os resultados há medida que os distritos eleitorais iam enviando os resultados para o IFE. Os resultados começam a entrar ao meio-dia, e durante a maior parte do dia a soma das contagens reflete os resultados de sondagens à boca das urnas, dando uma vantagem de 2% a Obrador. Perto do fim do dia, as mesas que enviam os seus resultados indicam uma vantagem de 10 para 1, e depois 100 para um, para Calderón, revertendo as eleições em favor do candidato do PAN literalmente nos últimos minutos. Romero afirma que estatisticamente isto é altamente improvável. Como será possível? Basta encher urnas com boletins de voto. Obrador tornou publico vários videos demonstrando instâncias de fraude. Um video mostra um oficial a empanturar uma urna com boletins de voto, outro mostra como urnas enviadas aos centros de contagem foram abertas antes da contagem - ver página do AMLO com este e outros videos.
Outros dados gritam fraude eleitoral. Cesar Yanez, director de campanha de Obrador, nota que existem 300,000 menos votos para presidente do que para senador, uma diferença sem precendentes, que só se compreende com fraude. Esta diferença ocorre precisamente nos estados em que o PRD, de Obrador, recebeu a maioria de votos para o Senado. Nos estados controlados pelo PAN, sucedeu o inverso: mais votos para a presidência (e para Calderón) que para o Senado.
A IFE aceitou reabrir 1% das urnas para uma recontagem: na maior parte dos casos, votos dados como brancos eram realmente votos para Obrador. Se a proporção de votos brancos recontados como votos para Obrador se mantivesse para todas as urnas, Obrador seria dado como vencedor. Daí que o povo que saíu à rua tenha exigido a contagem de todos os votos "voto por voto".
O jornalista Greg Palast teve acesso a ficheiros do FBI dos EUA que revelam que o governo dos EUA contratou uma empresa privada, a ChoicePoint, que terá recolhido inteligência para contra-terrorismo que inclui ficheiros sobre eleitores em algumas nações da América Latina, em particular onde existam presidentes ou candidatos presidenciais de esquerda, incluindo a Venezuela e o México. (A ChoicePoint é a empresa que permitiu à Procuradora-Geral da Florida, Katherine Harris, privar milhares de Africano-Americanos de votarem na Florida nas eleições presidenciais de 2000.) A campanha de Obrador descobriu que a campanha de Calderón teve acesso a estes ficheiros do FBI, com listas de eleitores Mexicanos, algo que é ilegal segunda a Lei Eleitoral Mexicana.
Porque haveria os EUA de ajudar a manipular as eleições no México? Uma vitória de uma candidato de esquerda num país vizinho dos EUA seria uma peça importante perdida no seu próprio hemisfério. Entre outras muitas razões, México é o maior fornecedor estrangeiro de petróleo aos EUA, mais que a Arábia Saudita. E Obrador já afirmou que não quer que as empresas petrolíferas dos EUA tenham qualquer acesso ao petróleo Mexicano.
domingo, julho 23, 2006
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