quarta-feira, agosto 09, 2006

George Galloway; Hezbollah - organização terrorista?

George Galloway, deputado britânico, em entrevista à SkyNews, criticando Israel e os média. Entre outros reparos, Galloway rejeita a caracterização do Hezbollah como organização terrorista, apesar da insistência da entrevistadora que 'todos' o consideram como tal. Na verdade, o Hezbollah não é considerado como organização terrorista pela União Europeia, embora o seja por alguns estados-membros como a Grã-Bretanha, Itália, Holanda ou Polónia. A Rússia não incluiu o Hezollah na sua lista de organizações terroristas, ou imagino um considerável número de estados árabes e outros.
As Nações Unidas mantem uma lista de organizações terroristas, em resultado da resolução 1267 (de 1999) do Conselho de Segurança, mas esta inclui apenas entidades e individuos e estados associadas ao al-qaeda e Taliban. O Comité de Contra-Terrorismo associado ao CS das NU não mantem uma lista de organizações terroristas.
Os EUA mantêm várias listas de organizações terroristas, incluindo a FTO (Foreign Terrorist Organizations), ou uma lista mantida pelo Departamento de Tesouro. É interessante verificar que o Hezbollah não consta da Lista de Exclusão mantida pelo Departamento de Estado, que impede a immigração de qualquer membro dessa organização.
Daí que afirmar que é aceite que o Hezbollah é uma organização terrorista (à semelhança, por exemplo da al-qaeda) é incorrecto. Muitos estados reconheçem nesta organização uma força de resistência à ocupação Israelita do Líbano, que luta pela sua expulsão do território Libanês e pela libertação dos mihares de libaneses presos em Israel. Consistente com esta descrição está o facto de grande parte dos seus alvos terem consistido em alvos militares e diplomáticos (ver). E não o facto do seu braço político participar no governo Líbanês, fruto da sua força eleitoral, e ser responsável por uma rede de serviços sociais (à semelhança do Hamas). Não estou com isto a subescrever as tácticas do Hezbollah, simplesmente a fornecer elementos que põem em causa o simplismo da "aceitação generalizada" do Hezbollah como uma organização terrorista. Como afirma Galloway, o que uns consideram organização terrorista outros consideram um movimento de libertação. O que Israel qualifica como operações de defesa, outros caracterizam como terrorismo de estado. Importa sempre perguntar: quem é a força opressora, quem tem a cobertura dos estados imperiais, quem tem a força militar esmagadora? E neste caso: quem apesar da precisão das suas armas atinge indiscriminadamente? Quem apesar do seu declarado objectivo de eliminar uma organização, atinge toda uma população e destroi a infraestrutura de um país?

Um comentário:

andrea disse...

obrigada... concordo plenamente com o que diz o deputado G.Galloway, obrigada por ter metido esta entrevista aqui no seu blog.

falta mais gente no mundo como ele.