Pouco tempo depois do escândalo da passagem (por Portugal e outros locais na Europa) de vôos secretos da CIA transportando prisioneiros para locais de tortura, eis que se vem a saber que vários aviões militares israelitas fizeram escala na Base das Lajes, transportando “material bélico não ofensivo”. O Ministério dos Negócios Estrangeiros afirmou que se tratou de “apenas um voo”, pedido pelo embaixador Aaron Ram.
Recorde-se que a base das Lajes, localizada na ilha Terceira, foi estabelecida em 1943, integrada na rede de bases da NATO, e possui desde então um contingente de soldados da NATO, sobretudo dos EUA.
Com isto o MNE toma partido no assalto Israelita ao Líbano, na ausência de uma posição das NU ou da NATO, e mais importante, na Assembleia da República. É irrelevante que se tenha tratado de material "não ofensivo", "não contencioso" ou "pouca quantidade". Portugal dá assim involve-se num conflito militar, e alia-se a um dos países involvidos no conflito, em particular ao lado do país que conduz os bombardeamentos de zonas civis e responsável pela morte de mais de mil civis.
O secretário de Estado dos Assuntos Europeus, Manuel Lobo Antunes, afirmou "Considerámos o pedido excepcional e informámos Israel de que não aceitaríamos outros pedidos, por exemplo de material contencioso. Ficou claro que não daríamos mais respostas positivas."
Esperemos que assim seja. O actual governo pôde alegar não estar no governo durante os vôos secretos da CIA. Agora, alega excepcionalidade. O que deve fazer é assumur claramente que é contra a "utilização do território português para apoio directo ou indirecto a acções militares ofensivas". A confirmarem-se estas informações, o PCP ameaça levantar a questão na Assembleia da República.
Por fim, podemos perguntar-nos: porque passava um avião Israelita pelos Açores? Viria do Belize, Honduras ... ou os EUA? Talvez transportando material aí adquirido ou doado. Porque está claro que é absolutamente illegítimo que o Hezbollah receba apoio da Síria ou Irão, mas já Israel ter recebido mais de USD$108 mil milhões dos EUA desde 1949 (metade do qual em apoio militar) (ver) já não merece reparo. Nem tão pouco o facto dos EUA ter enviado material bélico ofensivo para Israel em plena campanha contra o Líbano, enquanto dá ares de querer um cessar-fogo.
quarta-feira, agosto 09, 2006
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