quarta-feira, abril 25, 2007







Lindo desfile do Marquês até ao Rossio assinalando o 33º aniversário do 25 de Abril.
Pessoalmente, o dia ficou marcado pela protecção policial ao outdoor do PNR no Marquês. Um grupo prestou-se a disponibilizar tomates podres para arremessar ao outdoor, mas quando lá cheguei a PSP nem me deixou tocar num tomatinho. Depois de uma rapariga ter conseguido dar azo ao seu asco pela presença do cartaz neste dia, os 2 polícias da foto escoltaram a jovem para longe do local, e foram substituidos por uma dezena de agentes acompanhados de uma carrinha, para proteger os tomates e o cartaz. Mas tal não impediu que outros ainda dessem uso aos frutos, até que a PSP removeu a salada para local secreto. Não deixa de ser irónico que a PJ tenha há dias prendido membros afectos ao PNR, e agora a PSP ali estava a proteger publicidade dessa mesma organização. Seria meritório não fosse tratar-se de um cartaz com uma mensagem que constitui um atentado à constituição. E não fosse a ausência de protecção quando outros cartazes políticos, legais, são removidos, por vezes pela própria Câmara Municipal de Lisboa.

Sobre os acontecimentos que decorreram mais tarde no Largo do Carmo, ver.

Números de desigualdade

  • No 4º trimestre de 2006, existiam 612 300 desempregados, segundo o INE.
  • Destes, metade são desempregados de longa duração.
  • Entre os desempregados, 240 000 são jovens, isto é, entre os jovens a taxa de desemprego é de 17%, bem mais do dobro da taxa nacional. Entre os jovens empregados, 46% tinham contratos precários.
  • Um terço dos portugueses pobres são trabalhadores; outro terço são reformados e pensionistas.
  • Portugal apresenta a maior taxa de trabalhadores pobres da União Europeia, os mais baixos salários da UE e os preços de serviços e bens essenciais mais altos. Portugal é o país com menos justiça social e com maiores desigualdades.
  • Por contraste, em 2006, os cinco principais bancos nacionais, juntamente com a EDP, PT, GALP, e SONAE tiveram 5,3 mil milhões de euros de lucros, mais 14,4% do que em 2005.
Foi também pela justiça social que se fez o 25 de Abril!
O processo iniciado há 33 anos ainda não terminou.
25 de Abril Sempre! Fascismo Nunca Mais.

terça-feira, abril 24, 2007

IX Congresso Fenprof

O fim de semana passado ficou marcado pelo 9º Congresso da FENPROF que culminou na importante eleição de Mário Nogueira como Secretário-geral (451 votos contra 321 por Manuela Mendonça). Este representa uma vitória de um sindicalismo reinvindicativo, que defende os direitos dos trabalhadores e os mobiliza para a luta, e a derrota de uma outra forma que restringe o sindicato às camadas dirigentes, descorando a organização e contacto com os seus membros. "Que se cuidem e não esperem vida facilitada porque não a terão!". Estas foram as palavras de Mário Nogueira referindo-se aos ministros do Ensino Superior e da Educação e ao Primeiro Ministro, no encerramento do Congresso, que acabou em força, com a aprovação de uma Resolução sobre a Acção Reivindicativa.

Note-se que as importantes lutas dos professores nos últimos meses foram possíveis apesar da (anterior) direcção renovadora da FENPROF. Não foram promovidas ou fomentadas pela direcção. Esta inclusivamente, em algumas regiões, pouco fez para divulgar iniciativas de luta, para mobilizar os professores. As lutas foram fruto do trabalho empenhado de alguns dos sindicatos regionais de professores, como sejam o Sindicato dos Professores da Região Centro, que tinha como coordenador Mário Nogueira, e de muitos professores indignados com os ataques do Governo.

Tratou-se portanto de uma importante mudança na direcção do maior federação sindical portuguêsa, o que assume importância não só para as lutas gerais face às políticas neo-liberais do Governo, mas também como importante inversão da tendência reformista observada em alguns sindicatos. Como um elemento significativo da CGTP-IN, esta vitória na FENPROF irá contribuir para que esta central sindical mantenha, no seu próximo congresso, a sua linha histórica de frente sindical de massas, reinvidicativa, e combativa, distinta dessa outra central sindical que já quase não assinala o 1º de Maio, e que tem apenas a função de assinar acordos de concertação social para que o patronato possa gabar-se de ter o apoio dos trabalhadores.

Vejam este video com palavras de Mário Nogueira:

A conta corrente dos EUA, o petróleo e a paz no mundo

Imaginem que à falta de dinheiro, passo uma nota promissória a um vendedor comprometendo-me a pagar-lhe uma dada quantia. O vendedor por sua vez faz uso da mesma nota para pagar a um fornecedor. Este eventualmente faz o mesmo, e assim por adiante. A nota promissória circula, funcionando na prática como dinheiro, e eu sem ter pago ainda nada a ninguém, contente da vida, começo a passar notas promissórias ao desbarato. Até que um dia, começam a bater-me à porta exigindo que converta as notas em dinheiro real. Continuando eu sem cheta, e tendo-me comprometido a pagar um valor muito acima das minhas possibilidades, só me resta declarar bancarrota. Ou então intimidar quem está na posse das notas promissórias a não me chatear.

Este cenário é análogo à actual circulação do dólar. O actual défice de conta corrente dos EUA atingiu, em 2006, quase 900 mil milhões de dólares (6.5% do PIB), um máximo histórico. Para tal contribui o enorme déficit comercial, que em 2005 alcançou $800 mil milhões. Para compensar este déficit e os investimentos no estrangeiro, os EUA precisa de atrair um influxo diário de $8 mil milhões em empréstimos e investimento. Os pagamentos das dívidas são, porém, muito reduzidos, e recentemente são até negativos, pois os investidores Estadunidenses têm maior retorno nas bolsas estrangeiras que os estrangeiros na bolsa dos EUA. Segundo os dados mais recentes (de finais de 2005), a dívida externa líquida é de $2.7 biliões (o bilião da escala longa, portanto 2.7 milhões de milhões). A dívida externa bruta porém é de $14 mil milhões, pois esta medida tem em conta as reservas de dólares espalhadas pelo mundo, que podem ser convertidas em qualquer momento noutras moedas. A principal razão porque tal não acontece em larga escala deve-se ao dólar ser a divisa exigida pelo FMI e a principal moeda para compra e venda de petróleo – dois terços dos dólares em circulação trocam de mãos fora dos EUA.

É neste ponto que o déficit de conta corrente remete para a minha história das notas promissórias. Os EUA têm podido sustentar esta dívida monstruosa pois emite dólares em excesso, cujo valor não cai vertiginosamente porque continua circulando sem que seja trocado por outra moeda. No momento em que tal suceder, haverá uma uma depreciação do dólar, uma subida dramática do preço das importações e da inflação, uma depressão nos mercados de valores e mobiliários, e um efeito cascata sobre a economia mundial.

Compreende-se assim que a manutenção do dólar como principal moeda de troca no comércio dos hidrocarbonetos não é apenas uma questão de imposição imperial, trata-se da sobrevivência da economia Estadunidense. Por esta razão houve quem argumentasse que um dos factores influentes no derrube do regime de Saddam Hussein foi a sua decisão de abandonar o dólar e vender o petróleo Iraquiano por euros.

E chegamos por fim à situação do Irão. Na sequência da sua inclusão no "eixo do mal", em 2002, o Irão começou a estudar a possibilidade de vender petróleo noutra divisa que não o dólar. Em Junho de 2004, anunciou que iria criar um bourse de petróleo, ou um mercado internacional de troca de petróleo, alternativo aos mercados de Londres e Nova Yorque. A sua abertura estava planeada para Março de 2006, mas tem sido sucessivamente adiada e ainda não foi inaugurada, estando o início de operações prevista para breve. Significativamente, foi já anunciado que os câmbios serão realizados em euros. Em Março deste ano, o banco central do Irão anunciou que havia reduzido as suas reservas em dólares a apenas 20% das suas divisas estrangeiras, em resposta à hostilidade Estadunidense. O Irão exporta 2.5 milhões de barris de petróleo por dia, o equivalente, aos preços actuais, ao influxo de 150 milhões de dólares/dia que passaria a realizar-se em euros. Em Março foi também noticiado que a Zhuhai Zhenrong Corp, principal comprador de crude Iraniano, começou a pagar em euros.

Este volume refere-se apenas à venda de petróleo Iraniano. A possibilidade de comprar petróleo em euros será provavelmente adoptada pela União Europeia, e também pelas grandes economias da China e Rússia que vêm procurando diversificar as suas reservas de divisas, vendendo reservas de um dólar crescentemente desvalorizado. Pela mesma razão, vários países árabes da OPEC poderão também adoptar o euro. Juntamente com a Rússia, os seus comércios sçao mais intensos com a UE do que com os EUA. E a "diplomacia" imperial dos EUA também servirá de incentivo. Face a tal ameaça ao centro nevrálgico da economia Estadunidense, é previsível que os EUA tenham de tomar medidas. É a sua hegemonia que está em causa.

Publicado no Avante! Edição Nº.1743, 26/04/2007

sábado, abril 14, 2007

Apaga essa chama

Já aqui tenho defendido que não será ignorando o crescente nacionalismo de direita em Portugual que lhe vamos fazer frente. Há que lhe fazer combate, desmascarando-o como um movimento fascista, retrógrado, xenófobo, anti-comunista, e contrário ao espirito da Constituição Portuguêsa. Está cada vez mais activo, organizado e ambicioso, e se não for a esquerda progressista a fazer-lhe frente, ficarão com o caminho livre e facilitado pela comunicação social. Leiam a entrevista que José Pinto Coelho, presidente do PNR, deu ao jornal SOL. E vejam como a Juventude Nacionalista irá hospedar, no próximo fim de semana, a I Conferência Internacional dedicada ao tema "Activismo Nacionalista", que irá contar com a presença de organizações de extrema-direita europeias, incluindo o NPD (Alemanha), FPO (Austria), Fiamma Tricolore (Itália), PNOS (Suiça), Noua Dreapta (Roménia), e o BNP (Grã-Bretanha), e que só não contará com a presença da Frente Nacional Francesa devido às eleições presidenciais nesse país.

terça-feira, abril 10, 2007

Diferença de perspectivas?

A Audiência Portuguêsa do Tribunal Mundial sobre o Iraque listou os seguintes títulos colhidos online de várias fontes de notícias a propósito do aniversário da ocupação de Bagadade:

- "Mega-protesto em Najaf contra ocupação aliada" (TVI),
- "Milhares contra EUA no Iraque" (Portugal Diário),
- "Milhares protestam contra presença norte-americana" (TSF),
- "Papa Bento XVI denuncia 'os massacres no Iraque'" (DN),
- "Iraque: Protestos contra EUA" (Correio da Manhã),
- "Iraquianos protestam contra os EUA no 4o aniversário da invasão" (Globo Online),
- "Milhares de xiitas exigem em Najaf a retirada das tropas dos EUA do Iraque" (El Pais),
- "Manifestação anti-americana no 4º aniversário da queda de Bagdade" (Le Monde),
- "Iraque, a cólera xiita contra os EUA" (La Stampa),
- "Iraquianos protestam contra ocupação do Iraque pelos EUA" (New York Times).
- etc.
Título do Público de Belmiro e José Manuel Fernandes: "Iraque assinala a queda do regime".

Num espírito de camaradagem e solidariedade, e com vista à partilha de informação e discussão de opiniões juntei-me à INTERCOM, blog de convergência de comunistas na web.

quinta-feira, abril 05, 2007