quarta-feira, fevereiro 08, 2023

Longo parto

 Hoje terminei uma fase importante de um projecto de grande envergadura. Não está ainda terminado, mas já 𝘦𝘯𝘵𝘳𝘦𝘪 𝘯𝘰 𝘦𝘴𝘵𝘢́𝘥𝘪𝘰. Porque não está terminado, irei omitir vários detalhes específicos.

Mas tenho de voltar atrás no tempo. Entre as muitas coisas que ganhei durante a minha estância dos EUA para realizar o doutoramento, já lá vão quase 20 anos, foi um grande apreço por audiolivros e aulas em formato áudio. Numa altura em que a internet ainda não tinha explodido e diversificado os seus conteúdos, antes do lançamento do Youtube, eu ia à biblioteca pública e trazia cassetes (qual CDs, eram K7s) com a leitura de livros ou com aulas. Durante os longos e solitários períodos de trabalho rotineiro, no laboratório e estufa, ia-me distraindo e instruindo. Durante uma directa a trabalhar, ouvi a versão dramatizada do Senhor dos Anéis. Fui-me habituando a ouvir livros ao adormecer e durante viagens de carro, e a descobrir verdadeiros génios da leitura. Antes de ter visto qualquer dos filmes (e sem ainda ter lido qualquer dos livros), entrei no mundo do Harry Potter através do magistral Jim Dale (verdadeiramente inúmeros). Fui à boleia pela galáxia através das palavras e voz do Douglas Adams. Ouvi e aprendi sobre música clássica com as Great Courses de Robert Greenberg. Etc.
Ao regressar a Portugal, partilhei entusiasticamente essa experiência com audiolivros e lamentava a ausência da sua oferta em Portugal. (No mundo anglo-saxónico, mas também na Alemanha por exemplo, são mercados significativos.) Foi crescendo o bichinho de procurar encorajar essa oferta. Uma escolha que me parecia óbvia era o José Saramago. Escandalosamente, existiam audiolivros do Saramago em várias línguas, mas não em português. A oralidade da sua prosa clamava por uma produção em áudio. Recordo-me vivamente como na adolescência o mundo do Levantado do Chão se ergueu na minha mente quando o comecei a ler em voz alta. A estranha pontuação, que para alguns era um empecilho, tornou-se natural e um auxílio à leitura e interpretação.
A Fundação José Saramago alimentou a ideia, mas não tinha meios próprios para essa produção. Uma tentativa de fazê-lo com uma pequena produtora acabou por não arrancar. A produção de um audiolivro – sobretudo de um livro de literatura, ainda mais com a complexidade dos livros do Saramago – é um empreendimento de monta, que exige tempo considerável. Outros projectos foram-se metendo pelo meio (incluindo leituras dramatizadas de O Ano da Morte de Ricardo Reis, com Mafalda Santos para a Fundação José Saramago), mas o bichinho do audiolivro nunca me abandonou.
Fui procurando ganhar experiência, fazendo algumas oficinas de locução e contar histórias, procurando produzir vídeos lendo contos da literatura portuguesa. Fui também ganhando treino lendo em voz alta para a minha mais fiel ouvinte (obrigado Mia Ferreira). Alguns desafios tornavam-se evidentes. Por exemplo, como criar várias vozes para os vários personagens e mantê-las consistentemente ao longo de uma leitura que se prolonga por várias semanas. Mas também outros desafios técnicos: como conseguir gravar em condições acústicas, sem ter acesso a uma cabine. Só quando se tem a preocupação com a qualidade de gravação é que nos damos conta da quantidade de barulhos no nosso estúdio doméstico: a canalização, o elevador, o cão do vizinho do prédio em frente, a ambulância, a avioneta (!), a nossa barriga a clamar almoço.
A aprendizagem era lenta e estava ainda incompleta quando uma editora mostrou interesse em avançar com um audiolivro do Saramago, a considerando o centenário do seu nascimento. A Fundação José Saramago confiou em mim (obrigado Sérgio Machado Letria e Idália Tiago) e pôs-me em contacto com a editora. As condições eram limitadas. O que me propunham pagar pelas gravações tornava impeditivo alugar um estúdio, ter um assistente durante as gravações, ou ter um engenheiro de som para fazer a edição e tratamento das gravações. Durante o verão passado, gravei os capítulos ao longo de várias semanas, em casa. Produzi as vozes de múltiplos personagem, mas a Mafalda Santos veio dar uma cor feminina. Gravei múltiplas versões do texto, onde o acto de leitura obrigava a incontáveis decisões de interpretação.
Depois houve que editar. Para cada minuto de gravação final, gastei 5-12 minutos a editar, consoante a continuidade da minha leitura (é frequente enganarmo-nos, ou haver um som de boca ou vizinhança que estraga a gravação), se havia diálogo, se o programa de edição começava a empatar. Durante o final de 2022 só consegui avançar cinco capítulos. Já não deu para aproveitar o centenário do Saramago. No começo de 2023, a editora pressionou-me (e bem) para tentar ainda aproveitar este ano lectivo. Os estudantes do secundário sempre foram um público-alvo na minha cabeça: poder com o audiolivro dar um corpo acústico e interpretativo que aliciassem um maior reconhecimento do valor do Saramago.
Nas últimas semanas, trabalhando afincadamente, consegui hoje terminar de montar a gravação da leitura do livro. Enviei para a editora, que agora irá rever as gravações e dar-me nota de correcções que sejam necessárias. Falta depois ainda fazer o tratamento do som, e parir esta criança e haveria muito mais para contar desta gestação. Mais perto do parto, darei mais detalhes.

sexta-feira, janeiro 27, 2023

Actor, interprete, representante

 Não venho provavelmente acrescentar nada que não tenha já sido dito sobre a recente controvérsia em torno da adaptação de «Tudo sobre a minha mãe», no Teatro São Luiz. Mas queria organizar umas ideias e partilhá-las. Fui levado a tal, após ler uma entrevista a Eddie Remanyne (ver abaixo)

Um actor é um intérprete (de um texto, um personagem, do conceito do encenador ou realizador, etc.). Ele representa, mas não no sentido parlamentar do termo. (Ele-actor ou ela-actriz, como é óbvio.) No seu papel de actor, não está no palco ou tela como representante da mesma forma que um deputado está no lugar o seu partido ou representa o seu distrito.
A personagem que o actor interpreta, esse sim, é representante, retrata, sendo mais ou menos representativa em função da qualidade do texto, encenação e actor. É desejável por isso que para um dado papel se tenha o actor mais indicado possível para uma dada representação de uma obra. O que isso significa depende das opções do encenador. Tal pode implicar a qualidade geral do actor enquanto tal, as suas características físicas enquanto corpo humano, o timbre de voz, etc. Estas últimas características poderão até nem corresponder a uma visão estreita e ultra-realista do texto e personagem.
Pode ser interessante ter um idoso a interpretar uma personagem jovem ou vice-versa. Para um actor, esse baralhar é um desafio cativante enquanto intérprete. Mas para o público, é também um desafio positivo.
Assim, idealmente, um actor deve ser escolhido em função das suas características individuais e do rumo que o encenador quer imprimir à obra. Podendo ou não gostar-se da escolha ou seu resultado final, nada houve de errado na opção de ter apenas homens no elenco de "A Casa de Bernarda Alba", na Comuna. Penso que nenhuma mulher se terá sido discriminada por isso. Foi uma escolha fundamentalmente artística. Não foi por falta de mulheres disponíveis, como por exemplo uma encenação numa prisão masculina. Nem se pode confundir com elencos há 400 anos, quando as mulheres não podiam pisar os palcos de teatro. Nesse contexto, uma mulher que desejasse ser atriz poderia sentir-se legitimamente alvo de discriminação, e reclamar contra os tabus e normas sociais vigentes.
O contexto é relevante. Ter um actor branco de cara pintada a representar uma personagem negra pode ser ofensivo, considerando a história racista do 𝘮𝘪𝘯𝘴𝘵𝘳𝘦𝘭𝘴𝘺, a descriminação histórica contra actores negros, etc. Hoje, no contexto português, seria uma escolha desnecessária (temos excelentes actores de pele negra) e a ser tomada merceria escrutínio. Poderia até ter legitimidade se feita por opção artística: por exemplo, a personagem de Robert Downey Jr em Tropical Thunder. Mas seria sempre inapropriada se fruto de discriminação da produção ou discriminação estrutural.
É pois legítimo que um actor possa interpretar qualquer papel. Mas um espectáculo é não só um evento artístico. Em maior ou menor grau, é um evento político. A escolha do tema, da encenação, dos actores, sua interpretação, tudo isso tem um cariz político. Escolhas muitas vezes a montante da apresentação do espectáculo. Como dito acima, temos excelentes actores negros em Portugal. Mas poderão ser considerados apenas para representar "personagens negras" ou quando se pretende retratar "questões negras". A revolta seria legítima se, quando finalmente surge um papel de um "personagem negro", fosse escolhido um actor branco para o interpretar.
Um actor – ou qualquer um envolvido numa obra colectiva como uma peça de teatro ou filme – não deve demitir-se inteiramente da responsabilidade política pela obra. Não significa que seja inteiramente livre. O actor profissional tem de trabalhar para viver. Mas um operário de uma fábrica de armamento pode sabotar as bombas que ajuda a produzir. Sendo escolhido para uma peça, o actor deve dar o seu melhor. Mas tão pouco deve perder de vista o contexto político mais amplo da obra em que estará envolvido.
Não tenho receitas. Falei até agora em generalidades e na importância do contexto: um actor deve poder fazer qualquer papel, mas não se pode descartar o contexto e cariz político de um espectáculo artístico. Para ser claro, não estou a apontar dedos a André Patrício, que merece a minha solidariedade, enquanto actor vítima de agressão em palco, que viu o seu trabalho limitado por uma direcção teatral frouxa. Se alguém merece nota negativa neste processo, diria ser esta direcção.
Um personagem transexual deve poder ser interpretado por qualquer actor, mas não podemos ignorar as queixas de discriminação por parte de transexuais, se sentem que nem para interpretar um transexual são escolhidos transexuais.
Não descarto inteiramente a invasão de palco como forma de protesto, mas não creio que tenha sido neste caso a escolha indicada. O protesto foi falado, mas não creio que resultados tenham sido positivos para a causa mais geral de integração dos transexuais nas artes e na sociedade como um todo.
Deixo agora então parte da entrevista do Redmayne (Guardian, 27 Janeiro 2023), a propósito do seu papel no filme «The Danish Girl», como Lili Elbe, umas das primeiras pessoas que fez cirurgia genital afirmativa de gênero:
"𝘈𝘭𝘨𝘶𝘯𝘴 𝘢𝘯𝘰𝘴 𝘢𝘵𝘳𝘢́𝘴, 𝘧𝘪𝘻 𝘶𝘮 𝘸𝘰𝘳𝘬𝘴𝘩𝘰𝘱 𝘤𝘰𝘮 𝘢𝘤𝘵𝘰𝘳𝘦𝘴 𝘵𝘳𝘢𝘯𝘴 𝘯𝘢 𝘊𝘦𝘯𝘵𝘳𝘢𝘭 𝘚𝘤𝘩𝘰𝘰𝘭 𝘰𝘧 𝘚𝘱𝘦𝘦𝘤𝘩 𝘢𝘯𝘥 𝘋𝘳𝘢𝘮𝘢. 𝘔𝘶𝘪𝘵𝘰𝘴 𝘮𝘦 𝘪𝘯𝘵𝘦𝘳𝘳𝘰𝘨𝘢𝘳𝘢𝘮 𝘴𝘰𝘣𝘳𝘦 𝘢 𝘮𝘪𝘯𝘩𝘢 𝘦𝘴𝘤𝘰𝘭𝘩𝘢 𝘥𝘦 𝘧𝘢𝘻𝘦𝘳 𝘛𝘩𝘦 𝘋𝘢𝘯𝘪𝘴𝘩 𝘎𝘪𝘳𝘭, 𝘦 𝘭𝘦𝘮𝘣𝘳𝘢𝘳𝘢𝘮 𝘲𝘶𝘦 𝘮𝘶𝘪𝘵𝘰𝘴 𝘢𝘵𝘰𝘳𝘦𝘴 𝘵𝘳𝘢𝘯𝘴 𝘯𝘢̃𝘰 𝘧𝘳𝘦𝘲𝘶𝘦𝘯𝘵𝘢𝘮 𝘢 𝘦𝘴𝘤𝘰𝘭𝘢 𝘥𝘦 𝘵𝘦𝘢𝘵𝘳𝘰 𝘱𝘰𝘳𝘲𝘶𝘦 𝘯𝘢̃𝘰 𝘷𝘦̂𝘦𝘮 𝘯𝘪𝘴𝘴𝘰 𝘶𝘮𝘢 𝘰𝘱𝘰𝘳𝘵𝘶𝘯𝘪𝘥𝘢𝘥𝘦. 𝘈 𝘮𝘦𝘯𝘰𝘴 𝘲𝘶𝘦 𝘩𝘢𝘫𝘢𝘮 𝘱𝘢𝘱𝘦́𝘪𝘴 𝘲𝘶𝘦 𝘱𝘦𝘯𝘴𝘢𝘴 𝘴𝘦𝘳 𝘱𝘰𝘴𝘴𝘪́𝘷𝘦𝘭 𝘪𝘯𝘵𝘦𝘳𝘱𝘳𝘦𝘵𝘢𝘳, 𝘱𝘰𝘳 𝘲𝘶𝘦 𝘰 𝘧𝘢𝘳𝘪𝘢𝘴 𝘵𝘶? (...)
𝘊𝘳𝘦𝘪𝘰 𝘲𝘶𝘦 𝘵𝘰𝘥𝘰𝘴 [𝘢𝘤𝘵𝘰𝘳𝘦𝘴] 𝘲𝘶𝘦𝘳𝘦𝘮 𝘴𝘦𝘳 𝘤𝘢𝘱𝘢𝘻𝘦𝘴 𝘥𝘦 𝘪𝘯𝘵𝘦𝘳𝘱𝘳𝘦𝘵𝘢𝘳 𝘵𝘰𝘥𝘰𝘴 𝘰𝘴 𝘱𝘢𝘱𝘦́𝘪𝘴. 𝘌́ 𝘤𝘰𝘮 𝘪𝘴𝘴𝘰 𝘲𝘶𝘦 𝘴𝘰𝘯𝘩𝘢𝘮𝘰𝘴 𝘤𝘰𝘮𝘰 𝘢𝘵𝘰𝘳𝘦𝘴, 𝘦 𝘥𝘦𝘷𝘦𝘳𝘪𝘢𝘮𝘰𝘴 𝘧𝘢𝘻𝘦𝘳. 𝘕𝘪𝘯𝘨𝘶𝘦́𝘮 𝘲𝘶𝘦𝘳 𝘴𝘦𝘳 𝘭𝘪𝘮𝘪𝘵𝘢𝘥𝘰 𝘱𝘦𝘭𝘰 𝘴𝘦𝘶 𝘨𝘦̂𝘯𝘦𝘳𝘰 𝘰𝘶 𝘴𝘦𝘹𝘶𝘢𝘭𝘪𝘥𝘢𝘥𝘦, 𝘮𝘢𝘴, 𝘩𝘪𝘴𝘵𝘰𝘳𝘪𝘤𝘢𝘮𝘦𝘯𝘵𝘦, 𝘦𝘴𝘴𝘢𝘴 𝘤𝘰𝘮𝘶𝘯𝘪𝘥𝘢𝘥𝘦𝘴 𝘯𝘢̃𝘰 𝘴𝘦 𝘴𝘦𝘯𝘵𝘢𝘳𝘢𝘮 𝘢̀ 𝘮𝘦𝘴𝘢. 𝘈𝘵𝘦́ 𝘲𝘶𝘦 𝘩𝘢𝘫𝘢 𝘶𝘮 𝘯𝘪𝘷𝘦𝘭𝘢𝘮𝘦𝘯𝘵𝘰, 𝘩𝘢́ 𝘤𝘦𝘳𝘵𝘰𝘴 𝘱𝘢𝘱𝘦́𝘪𝘴 𝘲𝘶𝘦 𝘦𝘶 𝘯𝘢̃𝘰 𝘵𝘰𝘤𝘢𝘳𝘪𝘢."
Em 2021, Redmayne disse "𝘧𝘪𝘻 𝘰 𝘧𝘪𝘭𝘮𝘦 𝘤𝘰𝘮 𝘢𝘴 𝘮𝘦𝘭𝘩𝘰𝘳𝘦𝘴 𝘪𝘯𝘵𝘦𝘯𝘤̧𝘰̃𝘦𝘴, 𝘮𝘢𝘴 𝘱𝘦𝘯𝘴𝘰 𝘲𝘶𝘦 𝘧𝘰𝘪 𝘶𝘮 𝘦𝘳𝘳𝘰". Hoje, diz que não aceitará papéis que deveriam ir para actores trans.

quarta-feira, setembro 30, 2015

Leva a Luta até ao Voto: Rescaldo de 2015

Aproximam-se as eleições legislativas para eleger os 230 deputados da Assembleia da República. Pareceu-me um momento oportuno para recordar as lutas de trabalhadores realizadas em 2015 até à data, às quais haveria que juntar outras tantas lutas, como as dos utentes, das populações locais, os estudantes, lesados do BES, em defesa dos serviços públicos e contra as privatizações, pela Água Pública, em Defesa da Cultura, etc., todas reflectindo um protesto generalizado contra as políticas de direita, contra a vaga de austeridade ordenada pela Troika e praticada pelo Governo, e exigindo e propondo alternativas. Várias destas lutas tiveram sucessos em matéria salarial, readmissão de trabalhadores, atrasando processos de privatização (alguns casos são referidos abaixo, mas uma longa lista elaborada pela União dos Sindicatos de Setúbal, e que concluiu que este ano os trabalhadores receberam mais de um milhão de euros fruto da sua luta, está disponível aqui). São vastos e variados os motivos para ter lutado, assim como os motivos para agora traduzir essa luta num voto por uma ruptura com essa mesma política de direita, votando em quem sempre esteve ao lado dos trabalhadores e populações nas suas lutas, tanto à porta do local de trabalho e descendo avenidas, como na Assembleia da República confrontando os responsáveis pelas suas políticas e apresentando propostas que defendam os seus interesses e direitos. Porque é uma coligação de pessoas que estão na política para servir os trabalhadores; porque os seus deputados são dos que mais trabalham dentro e fora do hemiciclo, produzindo propostas e contactando os portugueses; porque têm propostas concretas de governação segundo uma política patriótica e de esquerda, de defesa da soberania e desenvolvimento nacional, com uma concepção de Estado que verdadeiramente traduz os princípios da Constituição e os valores de Abril, o meu voto é claro, inequívoco e recomenda-se: Voto CDU.

JANEIRO
  • Luta dos trabalhadores da Hotelaria no Porto e na Madeira, com greve ao período em torno da passagem de ano.
  • Trabalhadores da Administração Local manifestaram-se em Lisboa (6/Jan) e no Porto (5/Jan). Na última semana de Janeiro, realizaram sucessivos protestos à porta do Ministério das Finanças, exigindo a publicação dos acordos colectivos que consagram a semana de trabalho de 35 horas e condenando a política do Governo e as medidas inscritas no Orçamento do Estado.
  • Tribunal de Relação do Porto considera (10/Jan) que foi ilegal o despedimento de um sindicalista e trabalhador da ACP que fez greve ao trabalho suplementar (neste caso concreto, o apelo a justa causa envolveu a trabalhadora ter faltado 13 minutos).
  • Concentração junto à Presidência do Conselho de Ministros, dos trabalhadores das cantinas do ISEG, do Instituto Superior Técnico e da Faculdade de Ciências, que trabalhavam contratados pela Solnave até 31 de Dezembro, exigindo intervenção do Governo de modo a impedir o desemprego de 40 pessoas.
  • As cinco trabalhadoras da cantina do Hospital de Fafe processaram a Santa Casa da Misericórdia de Fafe (19/Jan), por esta se recusar a assumir os seus contratos de trabalho, bem como de outras sete trabalhadoras da limpeza, todas contratadas através de empresas de prestação de serviços e, desde 2 de Janeiro, impedidas de exercer as suas funções.
  • Manifestação dos trabalhadores da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (20/Jan) para exigir um aumento salarial imediato de 3,7 por cento, com um mínimo de 50 euros (salários estão congelados desde 2009). 
  • Continuação da luta dos trabalhadores da TAP, CP Carga, EMEF, Metro de Lisboa contra a privatização destas empresas.
  • Greve (13-15/Jan) dos sete auxiliares de terra da Soflusa, pelo fim do trabalho precário neste sector e pela contratação de trabalhadores cuja falta tem sido colmatada com recurso a empresas de trabalho temporário.
  • Protesto dos trabalhadores da Prégaia (21-/Jan), bloqueando saída de camiões carregados, exigindo garantias de que o produto de qualquer venda será destinado ao pagamento de salários em atraso, desde Novembro ou Outubro, e dos subsídios de férias e de Natal.
  • A Soturim, proprietária do Hotel da Horta, foi condenada a indemnizar 15 trabalhadores em mais de 120 mil euros, porque o tribunal considerou ilícito o despedimento colectivo efectuado após o encerramento da unidade hoteleira
  • Greve às horas extraordinárias na Carris (27/Jan-1/Mar), pela reposição do pagamento do trabalho extraordinário e pelo cumprimento do Acordo de Empresa, contra as medidas do Código do Trabalho e do Orçamento do Estado que visam o rendimento dos trabalhadores e pelo aumento real dos salários.
  • Concentração de reformados do Metropolitano de Lisboa (27/Jan) na Estação do Marquês de Pombal, para exigir a reposição dos complementos de reforma que não recebem há um ano, e que representavam entre 40 e 60 por cento dos seus rendimentos. 
  • Manifestação nacional dos trabalhadores da Administração Pública (30/Jan), pela reposição imediata das 35 horas como duração máxima da semana de trabalho na AP. Recorde-se que o Tribunal Constitucional não reprovou a aplicação das 40 horas que o Governo quis impor, uma vez que por contratação colectiva ou lei especial, o horário poderia ser reduzido. O Governo porém tem impedido a publicação dos acordos (ACEP) já celebrados que repõem as 35 horas.

FEVEREIRO
  • Greve de uma hora (4/Fev) dos trabalhadores dos centros de contacto da PT, contra os despedimentos e a precariedade.
  • Greve dos trabalhadores da Granitos de Maceira – Alpalhão (4/Fev)para exigir o pagamento de três meses de salário e de quinze de subsídios de férias e de Natal que há oito anos não lhes são pagos. 
  • Protesto (9/Fev) de professores e alunos exigindo que o Ministério da Educação e Ciência pague os montantes devidos às escolas de ensino artístico, algumas em risco de fechar portas
  • Greve (9-13/Fev) dos trabalhadores da Escola Profissional Beira Aguieira, pelo pagamento de salários em atraso. Docentes, formadores e pessoal não docente nada recebiam desde o início do ano lectivo, representando cinco salários.
  • Greve (6/Fev) dos trabalhadores do Hotel Estação, em Braga, após o patronato ter proibido uma reunião convocada pelo Sindicato da Hotelaria do Norte, para discutir o que fazer, onde há salários em atraso, que se arrastam há cerca de três anos e meio totalizando seis meses, embora o hotel esteja a laborar com uma boa taxa de ocupação. Os trabalhadores também estão a ser obrigados a realizar tarefas que não são as suas, como fora de forçá-los a se despedirem.
  • Tribunal de Trabalho de Coimbra determinou (6/Fev) que trabalhadora indevidamente despedida pela SUCH vai voltar ao seu posto de trabalho, dando razão à queixa apresentada pelo Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Hoteleira, Turismo Restaurantes e Similares do Centro. A empresa que presta os serviço nos Hospitais Universitários de Coimbra vinha «abusando do recurso a contratos sucessivos» quando o que estava em causa era a «ocupação de um posto de trabalho efectivo». 
  • Protesto de docentes do ensino superior (10/Fev), em Coimbra, para exigir que o Governo cumpra a directiva comunitária que estabelece limites ao recurso à contratação a termo e alargue o período de transição do regime precário para o vínculo sem termo.
  • Dois dias de greve no início de Fevereiro, dos trabalhadores da Lourilimpeza pelo pagamento dos salários de Dezembro e Janeiro, bem como do subsídio de Natal. 
  • Concentração dos trabalhadores da Efacec (11/Fev) para reivindicarem um aumento salarial mínimo de 50 euros, face à injustiça da empresa comprar carros novos para os quadros superiores, distribuir quantias elevadas em prémios para alguns, ao mesmo tempo que nega o aumento dos salários aos trabalhadores que produzem, criam a riqueza e desenvolvem a empresa. 
  • Dois dias de greve e uma manifestação frente ao Ministério da Saúde (12-13/Fev) dos Técnicos de Diagnóstico e Terapêutica para reivindicarem a defesa do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e direitos laborais. 
  • Concentração dos cerca de 20 trabalhadores da Amorin Cork (12/Fev) para exigir a readmissão na unidade de Corroios. A empresa encerrou a unidade no passado mês de Outubro,  propondo aos trabalhadores a transferência para Santa Maria da Feira ou a rescisão dos contratos, mas passados cinco meses mantinha a unidade em Corroios a funcionar recorrendo à contratação de novos trabalhadores e a trabalho extraordinário para satisfazer necessidades de produção.
  • Greve dos trabalhadores da Companhia Nacional de Refractários, situada na Abrigada, Alenquer (18/Fev) para forçar a administração a discutir o caderno reivindicativo.
  • Greve dos trabalhadores da Transportes Sul do Tejo (TST) (12/Fev) contra os salários de miséria, as irregularidades na aplicação dos «tempos de disponibilidade», as deficientes condições de trabalho, incluindo o estado degradado dos veículos prejudicando trabalhadores e utentes, e o incumprimento do Acordo de Empresa no que respeita ao pagamento do trabalho extraordinário.
  • Concentração dos cerca de cem trabalhadores da Beiralã (19/Fev) à porta da fábrica têxtil, em Seia, pelo pagamento de cerca de três milhões de euros, resultante do incumprimento do acordo, firmado no processo de viabilização da Beiralã, em 2009, para liquidação dos salários em atraso na altura, só tendo sido paga metade da primeira prestação. Em vez de reunir com os trabalhadores, o administrador chamou a GNR, que se prestou a defender o incumpridor, carregando sobre os lesados para libertar o acesso à empresa.
  • Greve (20/Fev) dos trabalhadores não docentes dos estabelecimentos de educação e ensino da rede pública contra a degradação da qualidade da Escola Pública, contra o processo de municipalização que o Governo quer implementar, e pela resolução da falta de pessoal e a proliferação da precariedade e da sazonalidade laboral.
  • Manifestação nacional dos trabalhadores da CP, da Refer, da EMEF e da CP Carga (26/Fev) contra a liquidação/privatização da EMEF e da CP Carga, a destruição da Refer na fusão com a Estradas de Portugal, contra a entrega a privados dos serviços lucrativos da CP, contra o roubo das concessões de transportes, pela ferrovia, pelos ferroviários, por Portugal.
  • Greve dos trabalhadores do Metropolitano de Lisboa (24, 27/Fev) em defesa do Metro como empresa pública, ao serviço dos utentes, e pelos postos de trabalho.
  • Greve dos trabalhadores da fábrica da BA Vidro na Amadora (24/Fev),  maior empresa do sector do vidro de embalagem em Portugal e teve lucros de 70 milhões de euros no ano passado. Os trabalhadores reclamam a restituição dos dias de compensação (e a correspondente reposição do subsídio de refeição), pelo pagamento do trabalho suplementar e em dias feriados segundo a contratação colectiva (como aconteceu até Agosto de 2012) e a negociação do Acordo de Empresa, consagrando os direitos conquistados. 
MARÇO
  • Protestos durante a 1ª quinzena de Março dos trabalhadores da Hotelaria em Lisboa, frente a hotéis do distrito (incluindo hotéis Ritz, Marriott, Roma, Palácio, Vila Galé Estoril, Corinthia, Éden, Sheraton e Praia Mar), para exigir aumentos salariais e o pagamento dos feriados pelo valor previstos no contrato colectivo.
  • Trabalhador da Bosch Car Multimedia, que não aceitou a injustiça de ser intermitentemente despedido e contratado com vínculo precário, reocupou o seu posto de trabalho, com vínculo efectivo (9/Mar) após do Tribunal de Trabalho de Braga e do Tribunal da Relação do Porto. A multinacional foi condenada a pagar as prestações, salários e subsídios relativos aos cerca de dois anos passados desde a contestação do despedimento.
  • Greve de dois períodos de duas horas por dia (12-17/Mar) dos trabalhadores da Abrigada – Companhia Nacional de Refractários, em defesa do seu caderno reivindicativo. 
  • Jornada Nacional de Luta (7/Mar) da CGTP, para «derrotar a política de direita e o Governo PSD/CDS-PP», com concentrações por todo o país (ver).
  • Greve nacional dos trabalhadores da Administração Pública (13/Mar), em defesa das funções sociais do Estado.
  • Greves parciais dos trabalhadores do Metropolitano de Lisboa (16, 18/Mar). 
  • Concentração dos trabalhadores da Transportes Sul do Tejo (16/Mar). Foi conseguida a reposição do pagamento do trabalho extraordinário, mas não houve resposta ao aumento salarial e ao fim do «tempo de disponibilidade» para reduzir a remuneração.
  • Na sequência das greves realizadas em 2010 e 2012 foi alcançada com o pagamento de muitos milhares de euros aos trabalhadores da Petrogal.
  • Duas greves de uma hora na fábrica da Visteon, em Palmela, resultaram nos compromissos de um aumento salarial de 1,2 por cento, de dez dias por ano para assistência à família, sem perda de remuneração, e pagamento de trabalho nocturno e diuturnidades.
  • «Caravana pelos serviços públicos de resíduos» percorre o país na 2ª quinzena de Março, contra a privatização da Empresa Geral do Fomento.
  • Greve na BA Vidro (21-23/Mar) de modo a que todos os trabalhadores dos centros de Avintes, Marinha Grande e Venda Nova sejam abrangidos nos diferentes regimes horários.
  • A convocação de greves dos trabalhadores da LBC Tanquipor (27,30,31/Mar, 1-2/Abr) devido à falta de resposta patronal ao caderno reivindicativo, foi suspensa porque a administração aceitou retomar as negociações salariais.
  • Concentração nacional dos trabalhadores das empresas de vigilância privada (20/Mar) pela revisão do contrato colectivo e a sua defesa da ameaça patronal de caducidade, bem como aumentos salariais e o pagamento do trabalho suplementar sem cortes.
  • Dois dias de greve dos guardas prisionais (24-25/Mar), que desde dia 2 faziam greve aos turnos da noite e aos fins-de-semana, com uma adesão de cerca de 80 por cento. Os protestos devem-se à não aplicação do estatuto profissional que entrou em vigor há mais de um ano, nomeadamente quanto a regulamentação do horário de trabalho, progressões nas carreiras e novos níveis remuneratórios.
  • Greve, por duas horas diárias, dos trabalhadores da Dyrup, em Sacavém, (27, 30 e 31/Mar) por aumentos salariais dignos e contra a proposta patronal de apenas 0,5 por cento nos salários, com um «prémio» de 200 euros. 
  • Manifestação de trabalhadores do sector têxtil (27/Mar) em Famalicão, na altura da visita do Presidente da República à empresa, contra o continuado ataque aos direitos e aos salários, e ao contrato colectivo de trabalho.
  • Concentração popular (27/Mar) em solidariedade para com os 44 trabalhadores da Empresa Litográfica do Sul, em Vila Real de Santo António, apoiando a exigência de pagamento dos salários e garantia dos postos de trabalho.
  • Manifestação Nacional dos Jovens Trabalhadores (28/Mar) sob o lema «Juventude em Marcha – Trabalho com Direitos! Contra a precariedade e exploração».
  • Início de uma série de greves de uma hora, a 30/Mar, na Jado Ibéria, em Nogueira (Braga), por aumentos salariais dignos e um subsídio de refeição de valor igual ao que a empresa paga aos designados «trabalhadores indirectos».
  • Luta pelo pagamento de salários devidos a cerca de 30 trabalhadores do Clube Praia da Rocha (Portimão), com realização de um «buzinão» na cidade (31(Mar). Após duas semanas de vigília e várias acções de solidariedade, chegou-se a um acordo para pagamento da dívida aos ex-trabalhadores do Clube Praia da Rocha.
ABRIL
  • Greve dos trabalhadores do Bingo do Ginásio Clube do Sul (1/Abr) pelo pagamento de salários em atraso. 
  • Greve na Renault Cacia (1/Abr) em apoio à reivindicação de aumentos salariais, que não ocorreram em 2014, apesar dos bons resultados da empresa, e de fim do abuso de trabalho precário. 
  • Nova greve de 24 horas (2/Abr) no refeitório da TAP, pelo justo pagamento do trabalho suplementar e em dias feriados, bem como o cumprimento da contratação colectiva.
  • Greves em empresas de transporte rodoviário de mercadorias, Patinter com sede em Mangualde, ZAS Transportes e Logística, em Modivas, e no Grupo Transportes Nogueira, em Vila Nova de Famalicão, exigido o cumprimento de diversas matérias do contrato colectivo, para além da reivindicação de aumentos salariais – os quais há mais de dez anos não ocorrem na Patinter e na ZAS.
  • Nova greve na BA Vidro (4/Abr).
  • Jornada Nacional de Luta e Protesto dos reformados, pensionistas e idosos (11/Abr)
  • Dia de luta nacional do sector ferroviário (16/Abr), por ocasião do 40º aniversário da nacionalização da CP. 
  • Greve dos trabalhadores da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (17/Abr) pela exigência de aumento dos salários, o descongelamento das progressões, a implementação das 35 horas de trabalho semanal e investimentos nos equipamentos da acção social da SCML.
  • Nova vaga de greves dos guardas prisionais (16-19, 23-25/Abr e 27/Abr a 1/Maio)
  • Greve dos trabalhadores de Hotelaria da RA da Madeira (18-19/Abr), durante a Festa da Flor, pelo cumprimento do contracto colectivo.  
  • Marcha contra as privatizações dos transportes (22/Abr) em particular da Carris e do Metropolitano de Lisboa, em curso, e da Transtejo e Soflusa, em preparação.
  • Manifestação nacional de trabalhadores da Administração Local (22/Abr) em Lisboapara exigir a redução dos impostos (particularmente, a sobretaxa extraordinária no IRS), o aumento geral dos salários (colocando o salário mínimo em 540 euros), a generalização da semana de 35 horas de trabalho e a publicação dos acordos ACEP que a consagram.
  • Manifestação dos trabalhadores da Manutenção Militar (24/Abr) contra a extinção da instituição e sua substituição por uma MM-EPE, ameaçando 120 postos de trabalho e pondo em causa o serviço prestado ao Exército pela Manutenção Militar há mais de um século.
  • Celebração do 25 de Abril e defesa dos valores da Revolução.
  • Greve parcial os trabalhadores do Metropolitano de Lisboa (28/Abr)
  • Depois de os trabalhadores da Confeitaria Real, em Vila Real de Santo António, realizarem uma concentração (28/Abr) «o patrão assumiu que irá tomar as medidas necessárias para corrigir os erros, respeitando os direitos consagrados no contrato colectivo de trabalho»,
  • Greves dos trabalhadores de cantinas hospitalares nos hospitais da Figueira da Foz e da Covilhã e no refeitório da Soporcel (27); Maternidade Bissaya Barreto, no Hospital Pediátrico de Coimbra e nos Covões (29). 
  • Greve duas horas por turno (27-30/Abr) dos trabalhadores da Flexipol, na Devesa Velha (S. João da Madeira) por aumentos salariais justos. 
  • Concentração de professores e outros trabalhadores de estabelecimentos particulares e cooperativos de ensino artístico especializado (30/Abr), reclamando uma solução urgente face à falta de financiamento que impede o pagamento de salários.
  • Greve dos trabalhadores da cantina da RTP Porto (30/Abr) em luta pelo pagamento sem cortes do trabalho nos feriados, por aumentos salariais que não ocorrem há cinco anos, contra os ritmos de trabalho intensos e a falta de pessoal.
MAIO
  • Grande jornada de luta e celebração no dia 1º de Maio.
  • Greve dos trabalhadores dos hipermercados e supermercados (1/Maio), por aumentos salariais e contra a ofensiva patronal
  • Greves dos trabalhadores de cantinas hospitalares hospitais de Leiria, Alcobaça, Pombal, Caldas da Rainha, Feira, Aveiro e Cantanhede (4 e 5/Maio).
  • Nova greve na BA Vidro (3-4/Maio), na Venda Nova e na Marinha Grande, porque o diálogo com a administração foi infrutífero, pelo pagamento do trabalho suplementar e em dias feriados, a reposição dos dias de «compensação do horário» e a defesa das 35 horas semanais, o subsídio de refeição nestes dias e a negociação do acordo de empresa.
  • Greve dos trabalhadores do empreendimento turístico Parque da Floresta, em Vila do Bispo, contra o processo pouco transparente de recuperação da empresa Golf Santo António, gestora do empreendimento.
  • Um trabalhador da Lusosider (6/Maio)que tinha sido despedido, no termo do contrato a prazo, retomou o seu posto após ter contestado a decisão da empresa e ver a sua razão ser confirmada pelo Tribunal da Relação de Lisboa. 
  • Greve dos trabalhadores das empresas do Grupo Transportes Nogueira (7-11/Maio) para que sejam cumpridos o contrato colectivo de trabalho e a lei.
  • Greve no STCP (11/Maio) pela defesa do seu carácter público, pela reposição do número de trabalhadores necessários para garantir a oferta programada e acabar de vez com a sistemática supressão diária de dezenas de carreiras.
  • Nova greve na Renault Cacia (11/Maio) exigindo aumentos salariais e o fim da precariedade. 
  • Greve na Carris, CarrisBus e CarrisTur (14/Maio), unindo todos os trabalhadores «na defesa de uma só Carris pública»
  • Greve do pessoal do Serviço Nacional de Saúde (15/Maio) pela reposição das 35 horas semanais, a contratação de trabalhadores necessários nos serviços, aumentos salariais anuais e o fim dos cortes, a regulamentação do subsídio de risco, a recusa da entrega de hospitais a Misericórdias, o combate à extinção e a desvalorização das carreiras específicas da saúde e a exigência de criação da carreira de técnico auxiliar de saúde (e também de técnico de emergência do INEM), a valorização da carreira dos técnicos de diagnóstico e terapêutica (considerando-os técnicos superiores), no quadro da luta por um SNS geral, universal e gratuito.
  • Greve parciais nos fins-de semana  na Atlantic Ferries, a empresa do Grupo Sonae que explora a travessia fluvial do Sado, por melhorias salariais. Face à luta a administração acabou por reconhecer que há dinheiro para aumentar salários.
  • Greve na CNB/Camac, em Santo Tirso, (15-22/Maio) para exigir o pagamento dos salários de Abril e do subsídio de Natal de 2014. Face à luta a administração prometeu liquidar os salários.
  • Paralisações na Petrogal, nas refinarias de Sines (19-22), Porto (21-23) e restantes empresas a 22, pela defesa dos seus direitos e melhor distribuição da riqueza, face aos enormes lucros do grupo e a abundante remuneração dos conselhos de administração, enquanto continuam a recusar aumentar os salários dos trabalhadores e persistem em pretender aniquilar direitos conquistados.
  • Greve dos trabalhadores da Eurospuma (20-21/Maio) cujos salários não são actualizados há mais de dez anos, e a intenção da administração deixar de aplicar o contrato colectivo de trabalho das indústrias químicas, para retirar direitos aos trabalhadores
  • Marcha contra as privatizações de empresas de transportes (21/Maio), em Lisboa. O «Apelo» da Federação dos Sindicatos dos Transportes e Comunicações (Fectrans/CGTP-IN) dirigido «aos trabalhadores, aos utentes e aos cidadãos», apelava a «uma forte jornada de luta contra a liquidação/privatização da TAP, da EMEF e da CP Carga; contra a subconcessão/privatização do Metropolitano de Lisboa, Carris, Transtejo, Soflusa, STCP e Metro do Porto; contra a entrega a privados dos serviços lucrativos da CP; contra a destruição da Refer na fusão com a Estradas de Portugal; contra o roubo dos direitos dos reformados; pela reposição da contratação colectiva nas empresas do sector; por um serviço público ao serviço dos cidadãos; pelo transporte público, pelos trabalhadores, pelos utentes, por Portugal».
  • Greves de uma hora por turno (22-23/Maio e 29/30/Maio) na Preh, em Trofa. Aproveitando os favores dos governos, passou de oito milhões de euros de lucros anuais, antes de 2011, para os actuais 14 milhões, mantendo o número de 750 trabalhadores. Estes rejeitaram o miserável aumento de um por cento.
  • Série de greves de uma hora trabalhadores da Automóveis Citroen (Grupo PSA) por um aumento real dos salários e pela efectiva negociação das suas reivindicações. 
  • Greve dos trabalhadores da Euroresinas (27/Maio-1/Jun) fábrica de resinas sintéticas da Sonae Indústria, em Sines, por aumentos salariais e melhor distribuição da riqueza produzida pelos trabalhadores; progressão nas carreiras; fim da discriminação salarial; aplicação do seguro de saúde igual para todos; e direitos iguais nas férias e subsídio de alimentação. Os trabalhadores decidiram suspender luta em Junho para dar abertura à negociação por parte da empresa.
  • Greve de quatro dias na Flexipol (29-22/Maio) perante os lucros da empresa e os aumentos chorudos atribuídos a alguns, enquanto para o pessoal da produção, que já tem os salários mais baixos, a proposta patronal está em 1,5 por cento.
  • Greve dos trabalhadores do refeitório do Hospital de Santa Maria (29/Maio), concessionado à Eurest, contra o despedimento colectivo de 48 funcionários.

JUNHO
  • Greve dos enfermeiros (4-5/Jun) pela melhoria das condições de trabalho, pelo limite máximo de 35 horas semanais, e em defesa da melhoria dos cuidados de enfermagem.
  • Greve dos trabalhadores das cerâmicas Abrigada (Alenquer), Rauschert (S. Domingos de Rana) e Cobert Telhas (Torres Vedras) (4/Jun) pela reposição do feriado roubado, pela reposição do feriado roubado, pela defesa dos direitos consagrados no contrato colectivo e pelas reivindicações apresentadas às empresas.
  • Ocupação simbólica da sede do Metropolitano de Lisboa (4/Jun), onde estavam reunidos os administradores, em acumulação de funções, desta empresa, da Carris, da Transtejo e da Soflusa, para exigir a marcação da uma reunião com a administração, há muito solicitada.
  • Greve na fábrica de travões do Grupo CBI (antiga Robert Bosch), em Abrantes (5/Jun) para exigir aumentos salariais e o fim das arbitrariedades no pagamento do trabalho extraordinário.
  • Greve de 48 horas (8-9/Jun) dos trabalhadores da Covibus na Covilhã. O pessoal daquela transportadora do grupo espanhol Avanza reclama aumento dos salários (inferiores a 600 euros) e do subsídio de refeição e a integração permanente nos quadros de alguns trabalhadores que têm estado com sucessivos contratos a prazo. 
  • Greve dos trabalhadores da Eurest no refeitório da Autoeuropa (11-12/Jun) pela negociação salarial; há seis anos que os salários não são actualizados.
  • Nova greve dos trabalhadores da Eurospuma, em Guetim (17/Jun) e desde a fábrica até à Câmara Municipal de Espinho. 
  • Greve dos trabalhadores da Panrico no feriado de 10 de Junho e dia 29, para exigir que a empresa pague o trabalho suplementar de acordo com o que estipula o contrato colectivo de trabalho da pastelaria e confeitaria,
  • Greves do sector dos transportes: CP Carga (17/Jun), Metropolitano de Lisboa (18 e 26/Jun), SPdH (19/Jun)
  • Greves de duas horas dos trabalhadores da Logística do Continente (Grupo Sonae) na Maia (17-/Jun), para exigirem aumentos salariais de 30 euros por mês e de cinco por cento no subsídio de refeição.
  • Greve de médicos do IPO do Porto (18-19/Jun) em protesto contra a ilegalidade que os obriga a trabalhar «pelo menos 30 horas seguidas».
  • Jornada de luta dos trabalhadores dos sectores da Agricultura, Alimentação, Bebidas, Tabacos, Hotelaria e Turismo (18/Jun), com concentrações em Lisboa e Funchal, pelo aumento imediato dos salários, contra a caducidade dos contratos colectivos e pela efectivação do direito à negociação, posto em causa por associações patronais e empresas.
  • Greve ao trabalho suplementar dos os trabalhadores a Logística do LIDL, na Marateca (Palmela), por aumentos dos salários e também por horários que permitam conciliar a vida profissional com a vida pessoal e familiar. 
  • Greve às diligências dos guardas prisionais (17-19/Jun)
  • Greve dos trabalhadores da Preh Portugal, na Trofa (19-/Jun) provocando a paragem da produção, para insistirem na exigência de aumentos salariais superiores ao valor de um por cento, aplicado em Abril. 
  • Manifestação Nacional de Professores (20/Jun) em defesa da profissão docente e da escola pública.
  • Nova greve dos trabalhadores da Camac (25/Jun) para exigir o pagamento de salários e subsídios em atraso, tendo fechado os portões das instalações a cadeado para impedir a entrada e saída de mercadorias.
  • Jornada nacional de luta dos trabalhadores da Administração Pública (26/Jun) com concentração frente à Assembleia da República)
JULHO
  • Vigílias e greves dos trabalhadores dos transportes (8/Jul) contra as privatizações, na EMEF (greves de duas horas nos dias 8,10, 13 e 15), Metropolitano de Lisboa, Carris, SPdH, e CP Carga (16). Ferroviários no activo e reformados concentraram-se em Lisboa no dia 16.
  • Novas greves na BA Vidro (11-14/Jul), nas fábricas de Avintes (Vila Nova de Gaia), Marinha Grande e Venda Nova (Amadora).
  • Greve dos trabalhadores do hotel Palácio Hotel, propriedade da Sonae Turismo (15/Jul) a única unidade de cinco estrelas que não actualiza salários há quatro anos, mantendo a tabela salarial mínima, o que representa cerca de 600 euros para a maioria do pessoal.
  • Concentração de trabalhadores frente à AR (22/Jul), convocada pela CGTP-IN, para dizer «basta» à política de exploração e empobrecimento.
  • A luta dos trabalhadores da Lisnave, Lisnave Yards, Gaslimpo, Tecor e Rebocalis levou a aumentos salariais de 2%, com efeitos retroactivos a Janeiro deste ano, incluindo aumentos do subsídio de férias e trabalho suplementar, 
  • Após o início de nova greve dos trabalhadores da Euroespuma (15/Jul) a administração recebeu os trabalhadores e comprometeu-se a iniciar negociações.
  • Greve parcial dos trabalhadores da Bosch Car Multimedia, em Braga (17/Jul) para exigir resposta positiva ao caderno reivindicativo entregue em Fevereiro, exigindo um aumento salarial de um euro por dia e um salário mínimo base de 600 euros para os trabalhadores com contrato a termo ou temporário. 
  • Greve dos trabalhadores da OTIS Elevadores (24/Jul) para reclamar aumentos salariais de 60 euros para todos os trabalhadores.
  • Greves de duas horas dos trabalhadores da Logística do Continente, na Maia (28-/Jul), para reivindicarem aumentos salariais, que não ocorrem há cerca de cinco anos.
  • No 2º dia de greve dos trabalhadores da Chronopost, em Valongo (29-30/Jul) a unidade de intervenção da GNR impediu a legal actuação do piquete. Em causa está o cálculo dos subsídios de férias e de Natal, contando as prestações complementares (trabalho suplementar, trabalho nocturno), uma compensação pelo acréscimo de encargos com transportes depois da mudança para instalações a cerca de quatro quilómetros, e a remuneração do trabalho suplementar sem os cortes impostos desde 2012.  
  • «Marcha dos Recibos» dos trabalhadores da SPdH, com greve parcial (31/Jul) por melhores salários, fim dos abusos na organização dos horários de trabalho e à proliferação da precariedade.
AGOSTO
  • Greves dos enfermeiros de um dia em cada uma das cinco ARS, durante 1ª quinzena, porque o Ministério da Saúde não está a cumprir o protocolo negocial que assinou há dois meses.
  • Greve dos funcionários do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras com funções não policiais (13-14/Ag) reivindicando melhores condições de trabalho. 
  • Greve dos trabalhadores da Naveprinter, na Maia (14/Ag) porque a administração recusou negociar as reivindicações apresentadas, entre as quais um aumento salarial de 50 euros. 
  • Greve dos trabalhadores de cantinas em hospitais e outros locais de trabalho (15/Ag), em protesto contra a violação do contrato colectivo no que diz respeito ao pagamento do trabalho prestado em dias feriados.
  • Greve dos trabalhadores do serviço fluvial da MoveAveiro (ferry entre São Jacinto e o Forte da Barra, na Gafanha da Nazaré) (19-24/Ag), contra cortes salariais de 100 a 300 euros e pelo reconhecimento da antiguidade na transição para a Câmara de Aveiro.
  • Greve dos trabalhadores dos Empreendimentos Turísticos Montebelo (Grupo Visabeira) (21/Ag) para contestar a decisão patronal de alterar a convenção colectiva que vigora há anos na empresa, o que impõe aos trabalhadores perda das diuturnidades, da majoração das férias, do subsídio de alimentação nas férias, do feriado do Carnaval e da progressão automática na carreira, entre outros direitos.
  • Greve dos trabalhadores da SPdH (29-39/Set) por uma revisão salarial e em «solidariedade para com os nossos colegas contratados e subcontratados».
SETEMBRO
  • Greves parciais dos trabalhadores dos transportes, na Transtejo (7-8/Set), na Soflusa (14-15/Set),  e Carristur (12/Set) contra os processos de subconcessão/privatização e pelo cumprimento dos acordos de empresa.
  • Novas greves de duas horas por turno dos trabalhadores da Logística do Continente (Grupo Sonae), na Maia (19-22/Set) por aumentos salariais, congelados há cinco anos.
  • Greve dos guardas prisionais do Estabelecimento Prisional do Funchal (11-20/Set) a exigir a substituição do director e outro responsável em comissão de serviço, devido à instabilidade gerada.
  • Novas greves na BA Vidro (19-22/Set) porque a administração rompeu as negociações do Acordo de Empresa e recusa repor os direitos contratuais que retirou ao pessoal.
  • Greves de enfermeiros no Hospital de Guimarães e na Unidade Local de Saúde do Alto Minho (hospitais de Viana do Castelo e Ponte de Lima, 13 centros de saúde, unidades de convalescença de Valença e Arcos de Valdevez) (25-30/Set), pela harmonização salarial.
Esta resenha dá seguimento a compilações feitas em anos anteriores (ver 2006200720082009, 2010, 201120122013, 2014). É elaborada a partir de uma recolha de notícias do jornal Avante! e sítios sindicais. É portanto incompleta, mas já dá ideia da intensidade da luta.

sábado, março 28, 2015

Perigosa situação no Iémene

A situação no Iémene está em grande aceleração, ameaçando expandir-se de um conflito nacional para um guerra regional no Médio Oriente, região de grande interesse do imperialismo, representando portanto um potencial perigo para a paz não só na região mas com com efeitos globais.
O conflito nacional envolve duas frentes independentes contra o governo: uma protagonizada pelo Ansar al-Sharia (afiliado ao Al-Qaeda da Peninsula Árabe) possivelmente em aliança com o Estado Islâmico; e os houthis, grupo xiita (mais especificamente zaídi) cujo nome deriva do seu líder Hussein al-Houthi.
O grupo sunita Ansar al-Sharia conduz uma campanha separatista do Iémen do Sul, tendo protagonizado inúmeros ataques terroristas, incluindo um ataque suicida ao palácio presidencial, em 2012, no dia que o Presidente Hadi assumiu funções, resultando na morte de 26 guardas republicanos, e três meses mais tarde outro ataque que matou 96 soldados em Sana. Este grupo tem sido o principal alvo dos inúmeros ataques dos EUA no Iémen, desde 2009, usando aviões não pilotados, incluindo um ataque supostamente sobre um campo terrorista que atingiu uma vila, matando mais de 60 civis, incluindo 28 crianças. Ataques que persistiram depois da derrube de Saleh, tendo o novo presidente, Abd Rabbuh Mansur Hadi recebdi grande apoio por parte dos EUA.
Os houthis, grupo minoritário no Iémen, com base no norte, tem vindo a combater o governo desde 2004, acusando-o de opressão durante o regime da República e Saleh durante a guerra entre 2004-2010, e por se terem sentido excluídos do processo político de transição desde o golpe (apoiado pelos EUA) que substituiu o presidente Saleh por um governo transitório liderado por Hadi, um governo frágil, corrupto e ineficaz (a taxa de pobreza é acima dos 50%).
Adam Baron defende que existe uma componente ideológica ao movimento, de fortalecimento do zaidismo face às ideologias influenciadas pela Arábia Saudita e a influência dos EUA sobre este país. Os houthis ganharam ascensão, logrando vir a participar no Conselho de Diálogo Nacional, iniciativa apoiada pelas NU para formar a nova constituição. Mas tensões entre os houthis e outras facções cresceram e o colapso do processo. Em meados de 2014 realizaram manifestações contra o governo em torno do cancelamento de subsídios de combustível que os afectou brutalmente. Os protestos evoluíram para confrontos militares e em Setembro os houthis controlavam a capital do país, Sana. O sucesso da sua campanha militar deve-se em parte devido à grande fragilidade do governo e das forças militares.
Obrigaram então Hadi a formar um governo de unidade, mas recusaram-se a participar no governo tendo continuado a aplicar pressão, bombardeando a residência presidencial, prendendo o presidente e forçando a demissão do governo em Janeiro deste ano. Dissolveram então parlamento, declararam um Comité Revolucionário liderado por al-Houthi, e declaram uma constituição em Fevereiro. Aparentemente os houthis estabeleceram uma aliança com o ex-presidente Saleh, tendo apelado para a eleição do seu filho, Ahmed Ali Abdullah Saleh, como futuro líder do Iémene.
 Hadi fugiu para Aden, no sul do país, donde rescindiu a sua demissão e declarando Arden como capital. Em Março, Hadi foi forçado a fugir do país para a Arábia Saudita, país que considera os houthis (xiitas) como posto avançado no Irão e Hezbollah, e logo uma ameaça nas sua fronteira. Nessa altura retiraram-se também as tropas especiais e corpo diplomático dos EUA.
Esta semana a Arábia Saudita formou uma coligação militar com os Emiratos Árabes, Kuwait, Catar, Bahrein, Jordânia, Marrocos, Sudão, Egipto, e Paquistão (e apoio logístico e de inteligência por parte dos EUA) e iniciaram já uma campanha militar com ataques aéreos sobre o Iémene não tendo excluindo a possibilidade de envio de tropas terrestres, usando tropas sauditas e egípcias.
Há 6 meses, o Presidente Obama descrevia a situação no Iémene como um caso de sucesso no combate ao terrorismo, testemunho de que os EUA continua a possuir um nível de inteligência e compreensão da complexidade do Médio Oriente muitíssimo carente, ofuscada pela seu foco do terrorismo e protecção dos seus aliados de circunstância que garantam seu domínio regional.



quarta-feira, janeiro 07, 2015

2014: Ano de lutas e resistência

Apresento uma apanhado das lutas dos trabalhadores de 2014, dando continuação à compilação feita em Maio também referente a 2014, e compilações feitas em anos anteriores (ver 20062007200820092010201120122013), largamente feito a partir de uma recolha de notícias do jornal Avante! e sítios sindicais. É portanto incompleta, mas já dá ideia da intensidade da luta.
2014, à semelhança de os anos recentes, caracterizou-se por uma luta e resistência acérrima dos trabalhadores dos mais variados sectores, cuja intensidade é medida pelo número e forma de lutas, mas também pela resposta do capital e do governo e forças ao seu serviço. Recorde-se a pressão exercida sobre os professores, os trabalhadores do Metropolitano de Lisboa, os trabalhadores da TAP, acusando-os de agirem contra os alunos, os restantes trabalhadores, as famílias separadas pela emigração, a saúde pública (durante o surto de Legionella), usando demagogia, calúnias, a comunicação social e armas judiciais contra os trabalhadores. Mas não esqueçamos que são as lutas destes trabalhadores que representam a linha da frente na defesa de uma educação livre e de qualidade, dos serviços públicos, contra as privatizações, pelos contractos colectivos de trabalho, pela contagem das horas extraordinárias, e promovendo o desenvolvimento soberano de Portugal, livre das condicionantes impostas pela Troika estrangeira. E o sucesso das lutas exprimiram-se nos tribunais, em algumas conquistas reivindicativas, no obrigar o governo a retroceder em "medidas de austeridade" que já se preparavam para tornar permanentes, e no atrasar sine die de várias medidas. Um sector que tende a inspirar muita tinta e bafo é o do Metro de Lisboa. Em 2014, os trabalhadores do Metro  realizaram um total de oito paralisações. Em 2012 haviam sido 12. Por muito transtorno que estas paralisações tenham criado aos passageiros, as muitas horas "perdidas" ou "gastas" (como é frequente a comunicação referir o tempo de greve) têm conseguido evitar a privatização deste transporte público fundamental em Lisboa, algo que o Governo tinha por dado adquirido. Este ano marcou também o 40º aniversário do 25 de Abril, cujas comemorações pautaram todo o ano, com o reivindicar dos valores de Abril.


MAIO
  • Grande jornada de luta e celebração no dia 1º de Maio.
  • Greve (30/Abr-2/Maio) dos trabalhadores da Amarsul/EGF, empresa que efectua a recolha, valorização e tratamento dos resíduos sólidos em nove concelhos da Península de Setúbal, em defesa dos postos de trabalho, do acordo de empresa, do aumento dos salários e contra a privatização da Empresa Geral do Fomento (EGF).
  • Greve (30/Abr-2/Maio) dos trabalhadores das minas da Panasqueira, em luta por melhores salários e condições de vida.
  • Greve (8/Maio) dos ferroviários da EMEF, CP Carga, Refer e CP em defesa dos salários da contratação colectiva, dos direitos e de um país soberano, com políticas ao serviço das pessoas.
  • Manifestação (9/Maio) de milhares de trabalhadores da administração local de todo o País, em Lisboa, sob o título «Derrotar o Governo na rua e nas urnas, lutar pelo emprego, direitos e salários».
  • Manifestação (15/Maio) do trabalhadores das Oficinas Gerais de Fardamento e Equipamento, contra a extinção e encerramento de todos os quatro estabelecimentos fabris do Exército
  • Iniciativa pública (15/Maio) frente ao Ministério da Defesa, da Associação Nacional de Sargentos e a Associação de Praças , em defesa do sistema de saúde e da acção social complementar, bem como para dar pública expressão às suas preocupações.
  • Vigília (15/Maio) dos funcionários judiciários, frente ao Tribunal do Seixal (Quinta dos Franceses), contra a reforma do mapa judiciário e a desqualificação daquele órgão judicial, que passará a integral a Comarca de Lisboa.
  • Concentração (16/Maio), em Évora, dos trabalhadores da Kemet, contra o despedimento colectivo, em defesa dos postos de trabalho e da produção nacional.
  • Greve (15-16/Maio) dos trabalhadores da empresas TST, Grupo Transdev e Rodoviária de Lisboa, do sector rodoviário pesado de passageiros, contra a imposição do tempo de disponibilidade e a diminuição dos salários.
  • Semana de greves, concentrações e manifestações (26-31/Maio) em defesa da contratação colectiva, da redução dos horários de trabalho e do aumento dos salários.
  • Greves e concentrações dos trabalhadores do sector da hotelaria, pela actualização dos salários e defesa do contracto colectivo: em Lisboa, frente à sede da associação patronal AHP (Associação da Hotelaria de Portugal): Marriott, Corinthia, Tivoli, Sheraton e Ritz (19-13/Maio); em Faro, frente à sede da associação patronal AIHSA (Associação dos Industriais Hoteleiros e Similares do Algarve) (28/Maio); em Monte Gordo (Vila Real de Santo António), Hotel Navegadores (29/Maio); frente ao Praia d'El Rey Marriott, do Grupo Beltico (dia 29/Maio); Hotel Ipanema Park (6/Jun) 
  • Greve na Kemet, em Évora, contra o despedimento colectivo de 127 trabalhadores.
  • Greve na Restflight, pelo aumento dos salários e a defesa do IRCT,
  • Greve nas escolas públicas do distrito de Castelo Branco pela contratação de mais pessoal.
  • Greve (27-31/Maio) dos trabalhadores da Soporcel, em Lavos (Figueira da Foz), contra a «retirada de direitos que tem caracterizado a actuação da administração.
  • Greve de duas horas por turno (27/Maio-13/Jun) na Printer Portuguesa. Os 150 trabalhadores da gráfica não eram aumentados há oito anos.
  • Greve de 2 dias dos trabalhadores do Colégio Militar contra as alterações unilaterais aos horários de trabalho e em defesa do pagamento do trabalho extraordinário e da inclusão de todas as tarefas desempenhadas no processo de avaliação. 
  • Greve (30/Maio-2/Jun) dos trabalhadores da Divisão de Ambiente da Câmara Municipal de Coimbra (CMC). Em causa estava o pagamento do trabalho extraordinário efectuado entre 2007 e 2012 (três horas e meia por semana) aos trabalhadores da recolha de resíduos sólidos, e o cumprimento da sentença do Tribunal Administrativo de Coimbra nesse sentido.
  • Greve no período da manhã (30/Maio) dos funcionários não docentes dos mega-agrupamentos Nuno Álvares e Amato Lusitano,  levando ao encerramento de 4 escolas, contra os ritmos excessivos de trabalho provocados pela redução de pessoal, entre outras questões apontadas pelo sindicato da Função Pública.

JUNHO
  • Manifestação (2/Jun) dos Vitivinicultores, na Régua, contra o o saneamento financeiro e a revisão do Estatuto da Casa do Douro, aprovado em Conselho de Ministros, um «esbulho» à lavoura duriense que vai atingir mais de 35 mil vitivinicultores. para denunciar este «roubo».
  • Greve (2/Jun) dos trabalhadores do centro de distribuição dos CTT de Rio Maior. Em causa estão a falta de pessoal (a redução e a substituição de funcionários por outros contratados a meio tempo, o alargamento das voltas), a diminuição da qualidade do serviço prestado às populações (em grande medida decorrente das alterações introduzidas pela administração dos CTT) e as péssimas condições de trabalho nas actuais instalações (amianto, ratos sobre o tecto falso, inalação de fumo de escape de veículos num espaço contíguo). 
  • Greve (4/Jun) e concentração dos trabalhadores da fábrica Amtrol-Alfa, em Brito (Guimarães), exigindo aumento salarial mínimo de um euro por dia.
  • Paralisação de uma hora e meia (6/Jun) do pessoal da fábrica da Vitrohm em Trajouce (Cascais) face à ausência de resposta da empresa à proposta de aumentos salariais e de melhores condições de trabalho apresentada em Fevereiro. 
  • Conclusão da greve dos guardas prisionais ao período de trabalho nocturno e aos fins-de-semana (entre 17/Abr-9/Jun), com uma adesão média superior a 90 por cento.
  • Greve duas horas por turno (9, 16, 17, 23, 24 e 30/Jun, 1/Jul) do pessoal dos call centers da EDP da Quinta do Lambert e do Parque das Nações, em Lisboa, exige à administração: aumento salarial de 30 euros por mês; criação de mais um escalão de vencimento; aumento da diuturnidade e criação de mais duas; melhoria das condições de trabalho; reposição do feriado de Carnaval. 
  • Protesto (10/Jun) no âmbito das cerimónias oficiais do Dia de Portugal, de mais de 200 professores na Guarda contra o ataque que tem sido desferido contra os serviços públicos, a Escola Pública e a profissão docente.
  • Greve (12/Jun) dos trabalhadores da Câmara Municipal de Lisboa e das juntas de Freguesia.
  • Greve (12-13/Jun) dos trabalhadores da distribuição postal de Santarém, pela melhoria das condições de trabalho e em defesa do serviço público postal. 
  • Greve (12/Jun) dos trabalhadores das empresas privadas de transporte rodoviário de passageiros, contra o aumento do horário de trabalho por via da imposição do tempo de disponibilidade, contra a redução dos salários e em defesa da contratação colectiva. 
  • Manifestação (21/Jun) de muitos milhares de pessoas, em Lisboa, pela demissão do Governo e para pôr termo à política de direita, por uma política de esquerda e soberana, que assegure ao povo e ao País um futuro de desenvolvimento, progresso e justiça social. Esta jornada foi precedida por manifestação no Porto (14/Jun) e Funchal (20/Jun).
  • Protesto (30/Jun) de mais de uma centena de pais, professores, alunos dos concelhos de Arronches, Avis, Castelo de Vide e Portalegre, frente às instalações da DEGEstE em Évora, contra o risco de encerramento de escolas no distrito.

JULHO
  • Greve (4,10/Jul) dos trabalhadores da Vitrohm, exigindo um aumento salarial de 35 euros, a gratuitidade das refeições no refeitório e a generalização do seguro de saúde, a atenuação das diferenças salariais entre mulheres e homens e entre trabalhadores do mesmo grupo profissional, bem como o acesso das mulheres da produção a profissões mais qualificadas e o cumprimento do direito à formação profissional.
  • Greve (8-9/Jul) dos médicos, por todo o País, contra a Portaria 82/2014 (cuja aplicação está a desmantelar e encerrar serviços hospitalares). Contrariamente às falsidades afirmadas pelo Ministro Paulo Macedo, não houve qualquer reivindicação de ordem salarial na greve.
  • Manifestação em Lisboa (10/Jul) de cerca de 40 mil pessoas, vindas de todos os distritos, condenando a maioria PSD/CDS e reclamando a demissão do Governo.
  • Greve (10-11/Jul) de enfermeiros, no Centro de Saúde Arnaldo Sampaio, em Leiria, face à grave carência de profissionais de Enfermagem  denunciada no início do ano. 
  • Greve (11/Jul) na Controlinveste, contra o despedimento colectivo de 66 jornalistas, num total de 140 trabalhadores (a que acrescem mais duas dezenas, para despedir por «acordo»), e vigílias simultâneas em Lisboa e no Porto (7/Jul). 
  • Greve (14/Jul) dos trabalhadores das empresas Cofely, GM.FM e ISS, que prestam serviços de limpeza na Mabor Continental, em Famalicão, por aumentos salariais.
  • Paralisação (18/Jul) na fábrica de pneus CNB/Camac, em Palmeira (Santo Tirso), para exigir o pagamento de salários e subsídios em atraso. Não foi pago o salário de Junho a cerca de 35 trabalhadores e que nenhum recebeu os subsídios de férias deste ano e o subsídio de Natal de 2013.
  • Semana e meia de greves (21-/Jul) por turnos nas centrais de tratamento de correio de Lisboa, Coimbra e Porto (centros de produção e logística de Cabo Ruivo, Taveiro e Maia, respectivamente), seguido de dois dias de greve (4-5/Ag) contra a intenção da administração da empresa de acabar com o horário contínuo, que prejudica os trabalhadores: conduz ao aumento da carga horária; dificulta a conciliação entre a vida profissional e familiar; aumenta a exploração e cria condições para a redução de postos de trabalho.
  • Concentração (28/Jul) de trabalhadores da Empresa de Manutenção de Equipamento Ferroviário (EMEF) em protesto contra a entrega das oficinas de Guifões à Refer, uma medida avançada pelo secretário de Estado dos Transportes que, para além de ameaçar os postos de trabalho, conduzirá ao esvaziamento das funções desempenhadas pela EMEF/Guifões e criará as condições para que o serviço de manutenção da frota do Metro do Porto seja entregue a empresas privadas.
  • Concentração (25/Jul) de dirigentes, delegados, activistas sindicais e representantes de comissões de trabalhadores em Lisboa, para rejeitar os cortes nas pensões, salários e direitos que nesse dia foram discutidos e votados na Assembleia da República, nomeadamente, novos cortes salariais na Função Pública e criação da Contribuição de Sustentabilidade, aplicada aos reformados.
  • Paralisações (31/Jul) dos trabalhadores dos Serviços Portugueses de Handling na escala do Porto, em protesto contra a degradação das relações de trabalho, patentes num processo disciplinar.


AGOSTO

  • Vigília durante vários dias (8-/Ag) à porta da fábrica da Moritex, em Pinheiro (Guimarães), para evitar qualquer tentativa de desvio de património. A empresa devia mais de 200 mil euros aos trabalhadores só em salários, sendo que as dívidas aos credores ascendem a 2,5 milhões de euros. A empresa deixou de pagar salários em Abril e, dos cerca de 130 trabalhadores que tinha em Maio, só 28 se mantêm em serviço, tendo muitos suspenso ou rompido os contratos
  • Greve 48 horas (7-9/Ag) no restaurante e nos oito cafés e bares da empresa no Aeroporto de Lisboa, motivada pela imposição de alterações aos horários, folgas e funções dos trabalhadores, só não teve a adesão de trabalhadores com contratos precários ou que estão a exercer funções como temporários.
  • Greve aos dias feriados dos trabalhadores dos refeitórios e lavandarias de hospitais (15,20/Ag) contra a redução da remuneração imposta pelo patronato desde Agosto de 2012, encerrando as cantinas da TAP, em Lisboa, e da RTP, no Porto, e outros estabelecimentos do sector.
  • Greve parcial (18/Ag) dos trabalhadores do Centro de Distribuição Postal 4800, em Guimarães, em protesto contra as consequências da falta de pessoal. A par do cansaço físico, o sindicato tem referido graves efeitos psicológicos das pressões para que não fique correio por entregar. Exigiu-se trabalho remunerado, digno e com direitos e também a garantia de um serviço postal público e de qualidade.
  • Greve nacional dos enfermeiros (19-22/Ag) alertando para redução do número de enfermeiros por turno, a organização de horários com excesso de dias de trabalho (o que representa trabalho extraordinário, que inadmissivelmente fica por pagar) e o encerramento de camas em vários serviços, que têm reflexo em intensos ritmos de trabalho, fadiga e exaustão. A este período de greve, juntaram-se outras greves locais durante o mês de Agosto, como no Centro Hospitalar do Alto Ave (5-7/Ag).

SETEMBRO
  • Manifestações (1/Set) frente aos Centros de Emprego de milhares de professores cujos contratos de trabalho terminaram no último dia de Agosto, juntando-se a muitos outros que já se encontravam desempregados ou afastados da profissão.
  • Greve (17/Set) dos trabalhadores da EMEF nas instalações do Porto, Entroncamento, Barreiro, Lisboa e Vila Real de Santo António, tendo-se depois dirigido a Lisboa e concentrado junto ao Ministério das Finanças contra o processo de destruição da empresa.
  • Greve (10 e 25/Set) dos trabalhadores do Metropolitano de Lisboa para exigir a manutenção da componente social do serviço público prestado pela empresa, a reposição do quadro de trabalhadores e o investimento necessário ao serviço com a qualidade e segurança a que os utentes têm direito, o fim dos roubos nos salários e nas reformas, e o cumprimento integral do Acordo de Empresa.
  • Greve nacional de enfermeiros (24-25/Set) 
  • Greve (26/Set) dos Funcionários Judiciais pelos seus direitos, mas também pelos dos cidadãos, pela Justiça e o Estado de Direito. Os funcionários judiciais exigem: a imediata abertura de procedimento para ingresso dos oficiais de Justiça em falta; o início imediato da negociação do estatuto sócio-profissional; o descongelamento imediato das promoções para todas as categorias e a abertura de concursos de acesso aos lugares de chefia; a regularização do regime de aposentação dos funcionários judiciais nos termos da excepção criada por deliberação da AR.
  • Manifestação (30/Set) dos trabalhadores dos Estabelecimentos Fabris do Exército, frente ao Ministério da Defesa Nacional, em Lisboa, em protesto contra o processo de extinção destas centenárias instalações movido pelo Governo, que põe em causa centenas de postos de trabalho.

OUTUBRO
  • Greve dos funcionários judiciais (comarca a comarca durante o mês de Outubro), com concentrações junto às sedes de comarca, exigindo a contratação urgente de oficiais de justiça.
  • Acção de protesto (2/Out), junto à sede da associação patronal da hotelaria e restauração (Ahresp), exigindo que desbloqueie a negociação colectiva e que aceite aumentar os salários dos trabalhadores.
  • Manifestações (2,5/Out) dos trabalhadores da administração local e professores para exigir o respeito pelos seus direitos e a defesa de importantes garantias constitucionais; e em defesa da escola pública
  • Tribuna pública (3/Out) dos trabalhadores da Fico Cables, dirigentes e delegados sindicais do Site-Norte, no centro das Taipas (Guimarães), exigindo melhores condições de vida e de trabalho para os trabalhadores do sector das cutelarias
  • Greve e concentrações (5/Out) dis trabalhadores da Portway, exigindo que a empresa de handling (integrada na multinacional Vinci, depois de esta ter adquirido a ANA) respeite a contratação colectiva e os direitos nela inscritos (em especial, quanto a majoração de férias e retribuição do trabalho suplementar). 
  • Greve em várias empresas de transportes dos grupos Transdev, na região Norte, e Arriva.
  • Greve ao trabalho extraordinário dos motoristas da Sociedade de Transportes Colectivos do Porto (STCP)(13-19/Out) contra a degradação propositada do serviço público que este Governo tenta a todo o custo e pelos vistos a todo o preço.
  • Paralisação (9-10/Out) dos trabalhadores dos transportes do distrito de Braga, englobando dez empresas, maioritariamente pertencentes aos grupos alemão Arriva e francês Transdev.
  • Reunião, seguida de manifestação (15/Out) da Comissão Coordenadora das CT do sector bancário incluindo as estruturas representativas da CGD, BPI, Santander, Montepio, Banco Popular, BCP e Parvalorem, pela exigência de uma mais equitativa distribuição dos rendimentos entre capital e trabalho, manifestar solidariedade a todos os trabalhadores bancários vítimas de perseguição e apoiar os trabalhadores do Barclays e da Parvalorem na defesa dos respectivos postos de trabalho, objectivo extensível aos trabalhadores do Novo Banco, os quais, para mais, defendem manutenção da empresa «sob orientação do Estado». A jornada incluiu também uma tribuna pública frente à sede do Novo Banco, na Avenida da Liberdade.exigindo o apuramento das responsabilidades sobre a situação no grupo financeiro e «a manutenção do Novo Banco e da Tranquilidade como empresas autónomas sob controlo público», bem como «de todos os postos de trabalho, como o aproveitamento das reconhecidas experiências, capacidades e saberes de todos os trabalhadores» e o «cumprimento efectivo de todos os instrumentos de Regulamentação Colectiva de Trabalho em vigor»..
  • Três dias de Greve (15-17/Out) dos trabalhadores da POSTEJO Pré-fabricados de cimentos, para exigir o pagamento de subsídios em atraso, bem como as diuturnidades vencidas, e reivindicar melhores condições de segurança e higiene no local de trabalho.
  • Largas dezenas de amas participaram num protesto (16/Out), na sequência da entrada em vigor do novo regime que regulamenta a sua actividade profissional das amas e que, de acordo com o Governo, serviria para «abrir a actividade ao mercado».
  • Concentração (16/Out) dos trabalhadores da aviação e aeroportos com vista a defender uma aviação segura para todos, contra as perseguições, por melhores salários e horários mais justos e por um acordo colectivo para o sector.
  • Paralisação de 24 horas (21/Out) dos trabalhadores do Metropolitano de Lisboa.
  • Manifestação (23/Out) dos trabalhadores dos sistemas multimunicipais onde a Empresa Geral do Fomento tem participação maioritária realizam para exigirem que não seja entregue a um grupo privado o domínio de dois terços do tratamento dos resíduos sólidos urbanos do País.
  • Greve (24/Out) dos trabalhadores do sector da Saúde, pelas 35 horas de trabalho semanal; horários e condições de trabalho dignas; contratação de pessoal para suprir as necessidades dos serviços; igualdade de direitos; direito à carreira, à respectiva revisão e progressão para todos; estabilidade de emprego; defesa do Serviço Nacional de Saúde; recusa da entrega dos serviços públicos de saúde a IPSS e misericórdias.
  • «Tribuna pública de denúncia, protesto e luta» (27/out) junto à sede da Galp Energia. Enquanto a empresa anunciava lucros de 236 milhões de euros, os salários estão congelados há vários anos consecutivos e há ataques sistemáticos a direitos importantes, como os regimes de reforma e de saúde. A administração preparava-se para entregar a empresas exteriores (em outsourcing) diversos serviços, em todas as empresas, incluindo as refinarias, o que constitui uma ameaça a centenas de postos de trabalho.
  • Marcha de milhares de trabalhadores da Administração Pública (31/Out), em Lisboa, contra a proposta de Orçamento do Estado que os deputados do PSD e do CDS-PP tinham aprovado na generalidade poucas horas antes. 
  • Greve (31/Out) dos trabalhadores da Fermentopão (Beja) contra o pagamento irregular dos salários.

NOVEMBRO
  • Greve 2-3/Nov) dos técnicos de diagnóstico e terapêutica, revelou, contra a sobrecarga de trabalho resultante da não substituição dos técnicos que se foram aposentando.
  • Greve (3-/Nov) dos trabalhadores da Câmara Municipal de Arganil, à última hora de serviço durante o mês de Novembro, pela semana de 35 horas.
  • Greve (3/Nov) dos trabalhadores da limpeza da empresa concessionária do serviço, a Vadeca, pelo pagamento de salários e suplementos.
  • «Queremos que a Vadeca pague os salários no último dia útil de cada mês e de uma só vez; pague os subsídios antes dos trabalhadores começarem as férias; cumpra com o pagamento do subsídio de alimentação e com os descontos, e pague o trabalho extraordinário conforme a lei», explicou o delegado sindical do STAD, para quem os sucessivos atrasos são intoleráveis, «daí esta primeira greve» e a perspectiva de nova paralisação em Dezembro, caso as reivindicações laborais não sejam satisfeitas.
  • Marcha (6/Nov) dos trabalhadores ferroviários no activo e reformados contra o roubo do direito ao transporte, expressando a indignação e protesto contra a actual política e Governo e suas consequências.
  • Greve de 24 horas dos trabalhadores (8/Nov) dos bares e restaurante do centro comercial El Corte Inglés, em Lisboa. A empresa não negoceia o aumento dos salários contratuais há quatro anos. A situação agravou-se com redução de pessoal, falta de reforço durante a presente época de Natal, não pagamento de horas suplementares, adiamento de férias e ameaça de anular o gozo do feriado, no Natal ou no Ano Novo.
  • Greve parcial dos (13/Nov) para protestar contra as deficientes condições de trabalho, onde 11 pessoas laboram num espaço exíguo, com zona da bilheteira inadequada e sem instalações sanitárias nesta.
  • «Dia nacional de indignação, acção e luta» convocado pela CGTP (13/Nov), com acções por todo o país: 
    • Greves e paralisações na Cerdomus (Aveiro); Saint-Gobain Sekurit, em Santa Iria de Azóia (Loures); Rauschert e na Soplacas (ambas no concelho de Cascais); na Postejo (Benavente);  Bosch, Delphi e Fehst no Complexo Grundig (Braga); Groz Beckert (Vila Nova de Gaia); Sakthi (Maia); na Inapal Metal (Trofa), na Kathrein Automotive (Vila Real, com paragem total da produção), na CAMO (Vila Nova de Gaia); Isporeco (parque industrial da Autoeuropa); no sector dos transportes, incluindo CP Carga, oficinas da EMEF, SPdH (handling do Aeroporto de Lisboa), Metropolitano de Lisboa, Fectrans [incluindo cortes simbólicos da via, durante a tarde, nas estações de Santa Apolónia e Entroncamento, e um desfile no Porto]; no sector têxtil na Huber Tricot (Santa Maria da Feira) e na Trecar (Oliveira de Azeméis); na UNICER; entre os trabalhadores da alimentação colectiva, encerrando refeitórios de mais de quatro dezenas de escolas, mas também a área de serviço do Fundão, na A23, registando-se fortes níveis de adesão noutras, como a do Pombal, na A1, e a de Montemor-o-Novo, na A6, e também por completo o refeitório da Autoeuropa; os trabalhadores do Pólo Logístico Sul da Sonae (Azambuja); na a Misericórdia de Vila Nova de Gaia; na empresa municipal EGEAC (Lisboa);  trabalhadores do Castelo de São Jorge; e de milhares de trabalhadores na administração local por todo o país; 
    • Concentrações de trabalhadores da Petrogal e da EFATM (Sines), Petrogal e de empreiteiros na refinaria do Porto (Matosinhos); Portugal Telecom; junto às sedes da Eurest (Alfragide) e da Gertal e Itau (Matosinhos); sede do Pingo Doce; 
    • Plenários de trabalhadores da Multiauto (Setúbal, Beja e Évora); no estaleiro da Mitrena (Setúbal); trabalhadores da Lisnave e Lisnave Yard; realizaram um plenário e desfilaram até ao edifício da administração, a exigir aumento dos salários.
  • Concentração dos trabalhadores do Casino do Estoril à porta do Tribunal de Cascais (21/Nov), contra a demora do processo de despedimento colectivo iniciado pela Estoril-Sol em 2010.
  • Greve de 24 horas (14 e 21/Nov) na Soporcel, em Lavos (Figueira da Foz). Os trabalhadores, lutam em defesa de direitos relativos ao fundo de pensões e exigem resposta ao caderno reivindicativo.
  • Greve dos enfermeiros (14 e 21/Nov) contra a grande sobrecarga de trabalho, bem como pelo justo pagamento das horas trabalhadas para além do horário normal, a progressão na carreira e a reposição da semana de 35 horas.
  • Primeira greve do sector da Polícia Municipal visando exigir que a carreira, criada em 2000, seja reconhecida como especial e confira direito a um subsídio de risco, rompendo com uma situação em que os polícias municipais são tratados como assistentes técnicos.
  • Greve (24/Nov), nos serviços comerciais e de revisão da CP, contra o corte e congelamento dos salários que o OE 2015 preconiza; contra o roubo do direito ao transporte (concessões); pelo cumprimento integral do Acordo de Empresa; contra a redução de trabalhadores e pela reposição do efectivo; contra a redução das indemnizações compensatórias e das obrigações do Estado; pela revogação do Decreto-lei 133/2013 (que veio impor, no sector empresarial do Estado, o pagamento do subsídio de refeição, do trabalho nocturno, do trabalho extraordinário e das ajudas de custo e deslocações segundo os valores, substancialmente inferiores, que são pagos aos trabalhadores em funções públicas); e pelo pagamento das dívidas aos trabalhadores.
  • Acções realizadas por todo o País, de dia 21 a 25, contra o Orçamento do Estado para 2015, que os deputados do PSD e do CDS-PP fizeram aprovar, contra a política de exploração e empobrecimento e pela construção de uma alternativa. As acções culminaram com manifestação em Lisboa e concentração frente à Assembleia da República. Durante este período decorreram lutas Açores, Guimarães, Faro, Viana de Castelo, Beja, Castelo Branco, Porto, Aveiro, Évora, Portalegre, Viseu, Guarda, Leiria, Madeira, Coimbra, Grândola, Santarém, Lisboa e Setúbal.


DEZEMBRO
  • Greve (1/Dez) dos trabalhadores das lavandarias hospitalares da Região Centro, do SUCH (Serviço de Utilização Comum dos Hospitais), por aumentos salariais, pela reposição do valor do subsídio de alimentação, cortado há três anos, e pela negociação colectiva
  • Greve do pessoal da assistência em terra nos aeroportos (1/Dez) unindo os trabalhadores da Portway, da SPdH e das empresas de trabalho temporário, em defesa de um contrato colectivo de trabalho e exigência do fim da precarização do trabalho neste sector.
  • Manifestação (3/Dez), junto ao Meo Arena, trabalhadores subcontratados dos centros de atendimento (call centers) da EDP, a exigir a integração nos quadros da empresa. A trabalhar anos sucessivos através de empresas de trabalho temporário, os trabalhadores voltaram a reivindicar que, tal como são a voz da EDP quando atendem clientes, devem ser da EDP quando se trata de condições laborais.
  • Manifestação de trabalhadores da EMEF e de antigos trabalhadores da Sorefame (3/Dez) para alertar a população acerca do perigo que corre a empresa de manutenção e reparação do Grupo CP, colocada na mira do Governo como alvo de uma privatização que terá como consequência a sua destruição.
  • Greve de 24 horas e uma concentração (4/Dez) dos trabalhadores Instituto da Segurança Social frente ao Ministério da tutela, contra o despedimento de 697 pessoas e a garantia de um serviço com carácter universal, público e solidário.
  • Manifestação de milhares de trabalhadores da Administração Local, com concentração junto à Assembleia da República (4/Dez), contra o aumento do horário de trabalho e pelo cumprimento do direito à contratação colectiva, visando igualmente defender a autonomia das autarquias locais.
  • Greve dos trabalhadores da Conforlimpa na Biblioteca Municipal da Amadora, após meses sucessivos sem receberem os salários a tempo e horas. Também os trabalhadores da limpeza da Vadeca, no Museu do Oriente, fizeram greve (5/Dez) por a empresa não ter pago os salários por completo até ao fim do mês. 
  • Trabalhadores da CP Carga bloquearam a entrada do terminal da transportadora na Bobadela (5/Dez), em protesto contra as transformações que o Governo operou nestes centros de trabalho, com a sua passagem para a Refer.
  • Greve no STCP (9/Dez; Sociedade de Transportes Colectivos do Porto) pelos direitos laborais e o serviço público de transportes, tendo por objectivo a manutenção da STCP, enquanto empresa de referência no País, no que concerne à prestação de um serviço público de qualidade.
  • Acção pública (10/Dez), na baixa de Lisboa, contra a regulação dos horários de trabalho, apontado como um dos mais graves impedimentos à conciliação do trabalho com a vida pessoal e familiar. Foram referidos o aumento da semana de trabalho na Administração Pública, de 35 para 40 horas; a imposição de «bancos» de horas; a negação do direito a horários flexíveis para mães e pais trabalhadores com filhos de idade até 12 anos.
  • Jornada de luta (12/Dez) dos trabalhadores do município de Braga, das empresas municipais, escolas e outros serviços, contra um novo regulamento interno e em defesa do regresso à semana de 35 horas. 
  • Greve nas minas e concentração em Lisboa (16/Dez), contra mais graves prejuízos na antecipação da reforma, exigindo o alargamento do regime de antecipação aos trabalhadores das lavarias, dada a actividade de natureza penosa e desgastante.
  • Com greve convocada para todo o dia 16, o ponto alto da jornada nacional de luta será uma concentração junto ao Ministério da Solidariedade, do Emprego e da Segurança Social.
  • Greve na Exploração Operacional (17/Dez) no Metropolitano de Lisboa,  provocando a paralisação da circulação e o encerramento das estações. Esta greve, tendo como primeiro objectivo a exigência da contratação de mais pessoal para a área da tracção e movimento, mas unindo-se aos objectivos mais gerais de luta contra a privatização da empresa, desencadeada sob a forma de subconcessão, pela contratação colectiva e dos direitos nela inscritos, e contra os roubos nos salários e pensões.
  • Greve na Refer (18/Dez), contestando a fusão da gestora da infra-estrutura ferroviária com a Estradas de Portugal, colocando aquela serviço dos interesses das PPP, que vivem à conta da empresa das estradas.Entre as reivindicações que motivaram a greve estão a defesa da Refer ao serviço da garantia de qualidade e segurança do transporte ferroviário, a preservação dos postos de trabalho, a reposição dos direitos (incluindo o direito ao transporte), a resistência à destruição da contratação colectiva, o combate aos cortes e congelamento de salários, o respeito integral do Acordo de Empresa.
  • Greve de professores PACC (prova de avaliação de capacidades e conhecimentos) (19/Dez). A FENPROF viu o colégio arbitral dar razão aos sindicatos quando recusou decretar «serviços mínimos».
  • Entrega (20/Dez) pela Fenprof, na residência oficial do primeiro-ministro, de mais de 20 mil assinaturas de docentes contra a «municipalização» da educação, contestando o processo de transferência, para os municípios, de competências que são actualmente da responsabilidade do Ministério da Educação.
  • Greve de 24 horas no Metropolitano de Lisboa (dia 22/Dez), a oitava paralisação de 2014, no quadro da luta contra a privatização, por via da subconcessão, em defesa do serviço público de qualidade, pelo cumprimento do Acordo de Empresa e dos direitos nele inscritos, contra os cortes salariais. 
  • Trabalhadores da EMEG (22/Dez) deslocaram-se em protesto ao Min. da Economia, contra o perigo de ser adjudicada à Bombardier a manutenção da frota do Metro do Porto. O contrato de três meses, renovável, acabou por ser atribuído à EMEF.
  • Greve de 36 horas (23/Dez) dos trabalhadores do Lidl em Torres Novas, no Ribeirão (Braga) e na Marateca (Setúbal), para exigir actualização salarial, que não ocorre há quatro anos, e também a passagem aos quadros de todos os trabalhadores de empresas de trabalho temporário que prestam serviço em postos de trabalho permanentes, a equiparação das carreiras profissionais do pessoal dos armazéns às carreiras das lojas, a criação de um subsídio de frio para quem trabalha nas secções com temperaturas artificiais e a atribuição de dez por cento de desconto nas compras em lojas da rede.
  • Greve dos enfermeiros da Madeira (23/Dez) demonstrando a sua insatisfação e revolta pela falta de soluções para as suas difíceis condições laborais. 
  • Greve dos funcionários da cozinha da Unidade Local de Saúde da Guarda (23/Dez) para exigir uma solução que acabe com as deficientes condições de trabalho. Há mais de um ano que a cozinha funciona provisoriamente em contentores, sem espaço suficiente para todo o pessoal e com outras deficiências.
  • De manhã, durante a greve, os trabalhadores concentraram-se à entrada do Hospital Sousa Martins e da sede da ULS da Guarda, no Parque de Saúde da cidade.
  • Greve dos trabalhadores da transportadora (24-25/Dez) Scotturb, que nas instalações da Scotturb na Adroana (Cascais), contou mais uma vez como a presença da GNR para impedir o piquete de greve de ultrapassar a “linha amarela".
  • Face à ameaça, de longe anunciada, de privatização da TAP, todos os sindicatos dos seus trabalhadores anunciam uma greve de 4 dias (27 a 30 de Dez.). Em resposta, o governo usam de calúnias e falsidades para acusar os trabalhadores, enquanto dão a entender que a sua posição de privatizar a TAP é inalterável. No dia 18, recorrem a uma requisição civil para forçar os trabalhadores ao trabalho. Face à pressão, alguns sindicatos aceitam o compromisso de conversações sobre o processo de privatização (não a privatização em si), e desconvocam a greve. Tal é rapidamente anunciado pela comunicação social como a desconvocação da greve, muito embora os sindicatos que representam a maioria dos trabalhadores -- Sitava (Sindicato dos Trabalhadores da Aviação e Aeroportos, da Fectrans/CGTP-IN), Sintac (Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Aviação Civil) e o Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil -- tenham mantido a greve contra a privatização, e avançado com pedido de impugnação da requisição civil.
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† Por motivo de férias, a lista de final de ano é desta feita publicada uns dias mais tarde.