Depois de buscar, não consegui encontrar um sítio que tivesse as letras de todas as CANÇÕES HEROICAS adaptadas para música por Fernando Lopes Graça. Aqui ficam.
CANÇÕES HEROICAS
ACORDAI
(José Gomes Ferreira)
Acordai,
homens
que dormis
a
embalar a dor
dos
silêncios vis!
Vinde,
no clamor
das
almas viris,
arrancar
a flor
que
dorme na raiz!
Acordai,
raios
e tufões
que
dormis no ar
e
nas multidões!
Vinde
incendiar
de
astros e canções
as
pedras e o mar,
o
mundo e os corações!
Acordai!
Acendei,
de
almas e de sois
este
mar sem cais,
nem
luz de faróis!
E
acordai,
depois
das lutas finais,
os
nossos heróis
que
dormem nos covais
Acordai
!
JORNADA
(José Gomes Ferreira)
Solo
Não
fiques para trás, ó companheiro,
é
de aço esta fúria que nos leva.
P’ra
não te perderes no nevoeiro,
segue
os nossos corações na treva.
Coro
Vozes
ao alto!
Vozes
ao alto!
Unidos
como os dedos da mão
havemos
de chegar ao fim da estrada,
ao
sol desta canção.
Solo
Aqueles
que se percam no caminho,
que
importa! chegarão no nosso brado
Porque
nenhum de nós anda sozinho,
e
até mortos vão ao nosso lado.
Coro
Vozes
ao alto!
Vozes
ao alto! etc.
MÃE POBRE
(Carlos
de Oliveira)
Terra
Pátria serás nossa,
mais
este sol que te cobre,
serás
nossa,
mãe
pobre de gente pobre.
O
vento da nossa fúria
queime
as searas roubadas;
e
na noite dos ladrões
haja
frio, morte e espadas.
Terra
Pátria serás nossa
mais
os vinhedos e os milhos,
serás
nossa,
mãe
que não esquece os filhos.
Com
morte, espadas e frio,
se
a vida te não remir,
faremos
da nossa carne
as
searas do porvir.
Terra
Pátria serás nossa,
livre
e descoberta enfim,
serás
nossa,
ou
este sangue o teu fim.
E
se a loucura da sorte
assim
nos quiser perder,
abre
os teus braços de morte
e
deixa-nos aquecer.
CONVITE
Vinde
ver a Primavera,
vós
que sois da minha terra.
Na
raiz de cada chão
nasce
um canto contra a guerra.
Vinde
ver o sol fecundo
e
abraçar a ventania.
Nas
vozes de cada fome
há
gritos de rebeldia
Vinde,
vinde!
FIRMEZA
(João
José de Mello Cochofel Aires de Campos)
Sem
frases de desânimo,
nem
complicações de alma,
que
o teu corpo agora fale,
presente
e seguro do que vale.
Pedra
em que a vida se alicerça,
argamassa
e nervo,
pega-lhe
como um senhor
e
nunca como um servo.
Não
seja o travor das lágrimas
capaz
de embargar-te a voz;
que
a boca a sorrir não mate
nos
lábios o brado de combate.
Olha
que a vida nos acena
para
além da luta.
Canta
os sonhos com que esperas,
que
o espelho da vida nos escuta.
CANTEMOS O NOVO DIA
(Luísa
Irene)
Olhai
que vamos passar,
nosso
canto é de verdade;
vinde
connosco lutar,
nós
somos a liberdade.
A
terra está toda em flor
o
céu é todo alegria.
A
nossa voz é de amor,
–
Cantemos o Novo Dia!
Ó
jovem que és cavador,
semeia,
hás-de colher.
A
papoila é nossa flor,
o
trigo é nosso querer.
Toda
a palavra é de amor,
a
hora é nossa, confia,
nosso
olhar tem mais fulgor
– Cantemos
o Novo Dia!
Há
seiva forte a brotar,
novas
folhas a nascer,
a
Primavera a chegar,
os
homens querem viver.
A
juventude é mais moça
quando
o amor principia
pois
se a vida é toda nossa
– Cantemos
o Novo Dia!
COMBATE
(Joaquim
Namorado)
Nada
poderá deter-nos
nada
poderá vencer-nos.
Vimos
do cabo do mundo
com
este passo seguro
de
quem sabe aonde vai.
Nada poderá deter-nos,
nada poderá vencer-nos!
Guerras
perdidas e ganhas
marcaram
o nosso corpo,
mas
nunca em nós foi vencida
esta
certeza sabida de saber aonde vamos.
Nada poderá deter-nos, etc.
Os
mortos não os deixamos
para
trás, abandonados,
fizemos
deles bandeiras,
guias
e mestres, soldados
do
combate que travamos.
Nada poderá deter-nos, etc.
Nada
poderá deter-nos,
pró
assalto das muralhas
nossos
corpos são escadas,
para
as batalhas da rua
nossos
peitos barricadas.
Nada poderá deter-nos, etc.
Nada
poderá vencer-nos,
vimos
do cabo do mundo
vimos
do fundo da vida:
que
somos o próprio mundo
e
somos a própria vida.
Nada poderá deter-nos, etc.
RONDA
(João
José de Mello Cochofel Aires de Campos)
Amor,
já se aproxima a hora
de
darmos as mãos e dançar.
A
ronda que começa agora,
eia agora!
é
para nela se bailar.
Mas
precisamos ir primeiro
por
uma madrugada fria,
fazer
dos anseios bandeira,
na
dor temperar a alegria.
Amor,
já se aproxima a hora
de
darmos as mãos e dançar.
Na
ronda que começa agora,
eia agora!
havemos
todos de entrar.
Se
a vida vã que nos uniu
à
morte assim nos entregasse,
seria
uma noite mais noite
que
a esta noite nos poupasse.
Amor,
já se aproxima a hora
de
darmos as mãos e dançar.
A
ronda que começa agora,
eia agora!
não
mais voltará a parar.
E
o novo dia se levanta
vadiando
da rua ao telhado.
–Amor,
estende a tua manta,
vamos
dormir sobre o passado.
LIVRE
(Manuel
Augusto Coentro Pinho Freire)
Solo
Não
há machado que corte
a
raiz ao pensamento:
Coro
não
há morte para o vento,
não
há morte.
Solo
Se
ao morrer o coração
morresse
a luz que lhe é querida,
Coro
sem
razão seria a vida, sem razão.
Solo
Nada
apaga a luz que vive
num
amor, num pensamento,
Coro
porque
é livre como o vento
porque
é livre,
CANTO DE ESPERANÇA
Solo
Dentro
de mim e de ti
algo
de novo estremece,
a
vida abre-se e ri
na
hora que se entretece.
Vultos
parados e sós,
mudez
da alma sozinha,
tomai
o corpo e a voz
da
vida que se adivinha.
Coro
Canta
mais alto, avança e canta,
lança-te
à marcha, não te afastes.
Mistura
a tua voz à voz que se levanta
das
chaminés e dos guindastes.
Solo
Rasgam-se
os céus e a terra,
a
esperança cai e refaz-se.
É
o grito duma outra guerra:
canto
do homem que nasce.
Tomam
forma consistente
as
ilusões encobertas.
Caminha,
caminha em frente
para
as novas descobertas.
Coro
Canta
mais alto, avança e canta, etc.
Solo
Molda
em teus dedos leais
um
destino à tua imagem.
Ao
ódio dos vendavais
ergue
uma viva barragem.
Da
lama do tempo inteiro
Arranca
a felicidade.
Homens
humanos do mundo!
Homens
de boa vontade!
Coro
Canta
mais alto, avança e canta, etc
CANTO DE PAZ
(Carlos
de Oliveira)
Coro
Homens
deixai abrir a alma ao que vier,
deixai
entrar a paz do tempo que ela quer.
Solo
De
par em par aberta com sol até ao fundo,
gastai
a alma toda na harmonia do mundo.
Coro
Homens
deixai abrir a alma ao que vier, etc.
Solo
Homens
que vagueais pela berma da vida,
tereis
enfim sinais da glória prometida.
Coro
Homens
deixai abrir a alma ao que vier, etc.
Solo
Na
voz do Dia Novo a dar bom dia aos astros,
Quando
a tristeza for só pó dos vossos rastros,
Coro
Homens
deixai abrir a alma ao que vier, etc.
CANTO LIVRE
(António
Augusto Soares de Passos)
Gema
embora a terra inteira
acurvada
a iníquas leis;
esta
fonte sobranceira
jamais
de rojo a vereis.
Hó!
ninguém, ninguém a esmaga
que
eu sou livre como a vaga,
que
sacode sobre a plaga
o
jugo de altos baixéis.
Liberdade
é o mote escrito
no
céu, na terra e no mar!
Di-lo
a fera no seu grito (bis)
e
as aves cruzando o ar,
Di-lo
o vento da procela,
a
vaga que se encapela
e
nos espaços a estrela (bis)
em
seu contínuo girar.
Eu
sou livre; eis minha crença,
nem
força contra ela vale.
Que
um tirano enfim me vença;
triunfarei
por seu mal.
Triunfarei,
que algemado
e
diante dele arrastado,
sou
livre! será meu brado
até
ao momento final
Liberdade
é o mote escrito etc.
CLAMOR
Ao
sol os olhos vendados,
braços
na luta cingidos;
e
ainda que algemados
– algemados
mas
nunca vencidos!
Sabemos
do sofrimento
o
que no sofrimento há;
se
a dor é desalento
– desalento
outra
fé nos dá!
Uma
esperança em cada vida,
que
ao calor do ódio arde;
luta
até mesmo abatida
– abatida
mas
nunca cobarde!
Carne
que se não corrige,
chicote
com sangue a lava;
se
só na morte transige
– transige
mas
nunca é escrava!
Ó PASTOR QUE CHORAS
(José
Gomes Ferreira)
Ó
pastor que choras;
o
teu rebanho onde está? (bis)
deita
as mágoas fora!
Carneiros
é o que mais há! (bis)
Uns
de finos modos
outros
vis por desprazer: (bis)
mas
carneiros todos
com
carne de obedecer! (bis)
Quem
te pôs na orelha
essas
cerejas pastor? (bis)
São
de cor vermelha!
Vai
pintá-las de outra cor... (bis)
Vai
pintar os frutos,
as
amoras, os rosais: (bis)
vai
pintar de luto
as
papoilas dos trigais! (bis)
CANÇÕES DE CATARINA
(Papiniano
Manuel Carlos de Vasconcelos Rodrigues)
Solo
Na
fome verde das searas roxas
passeava
sorrindo Catarina (bis)
Coro
Ah!
Solo
Na
fome verde das searas roxas
ai
a papoila,
ai
a papoila cresce na campina! (bis)
Coro
Ah!
Solo
Na
fome roxa das searas negras
que
levas, Catarina, em tua fonte? (bis)
Solo
Na
fome roxa das searas negras
ai
devoraram,
ai
devoraram corvos o horizonte! (bis)
Coro
Ah!
Solo
Na
fome negra das searas rubras
ai
da papoila, ai de Catarina! (bis)
Coro
Ah!
Solo
Na
fome negra das searas rubras
trinta
balas,
trinta
balas gritaram na campina
Solo
Trinta
balas
trinta
balas
te
mataram a fome
Coro
Catarina
AS PAPOILAS
O
papoilas dos trigais,
em
ondas de cor... (bis)
Sangrentas
como os punhais
do
nosso suor... (bis)
Dá
vontade de arrancá-las,
pô-las
nas lapelas... (bis)
E,
depois,
E,
depois, dependurá-las
na
luz das estrelas. (bis)
O
papoilas como chagas
em
ondas de flor... (bis)
No
sangue das vossas
vagas
anda a nossa dor. (bis)
CANÇÃO DO CAMPONÊS
(Arquimedes
da Silva Santos)
Solo
Adeus
trigo, ai, adeus trigo,
depois
de ceifado, adeus:
amanho-te
e não mastigo,
ai,
nem eu, nem eu nem os meus.
Coro
O
escravo da campina
ouve
o motor do trator
Com
ele mudas a sina –
da
terra és conquistador!.
Solo
Searas
cor de sol posto,
meu
mar alto de aflição
enche-o
com suor do rosto,
ai,
em troca falta-me o pão.
Coro
0
escravo da campina etc.
Solo
Ai
campos, como os meus olhos.
Solo
Ai
campos, como os meus olhos,
rasos
de água tanta vez:
foram-se
espigas nos molhos,
ai,
vem fome para o camponês.
Coro
O
escravo da campina, etc.
QUANDO A ALEGRIA FOR DE TODOS
Quando
a alegria for de todos
como
bem que não tem dono; (bis)
quando
a alegria for de todos
e
tão naturalmente (bis)
como
o ar que respiramos
quando
a alegria for de todos –
que
bom será viver
e
respirar a plenos pulmões
o
ar saudável da alegria!
Como
será bom e belo e fecundo o
riso da Vida (bis)
nas
bocas floridas,
nas
bocas floridas de palavras de Amor!
Ah!
Quando
a alegria for de todos (bis)
todos,
todos!
NAO TE DEITES, CORAÇAO
Não
te deites, coração
à
sombra dos teus amores.
Não
durmas, olha para eles,
com
alegrias e dores.
Não
tenhas medo. O calor,
que
vem das serras ao mar,
erguendo
incêndios não queima (bis)
o
que não é de queimar.
Agradece
ao vento frio
que
traz chuva miudinha
é
neve que se aproxima,
tormenta
que se avizinha...
Nos
incêndios naturais
queima
o ramo das saudades
e
faz a tua canção (bis)
do
surgir das tempestades!
HINO DO HOMEM
(Armindo
José Rodrigues)
Solo
Homem,
se homem queres ser
e
não uma sombra triste,
olha
para tudo o que existe
com
olhos de bem o ver.
Solos
Nada,
Nada
receies saber.
Ao
que não amas, resiste.
Coro
Mesmo
vencido, persiste
E
acabarás,
E
acabarás por vencer.
Solos
Quere,
Quere
e poderás poder.
Vai
por onde decidiste.
Coro
A
liberdade consiste
No
que a razão (bis)
No
que a razão te impuser.
4 comentários:
e não estão todas ;)
e onde posso arranjar partituras para coro? tenho a Mãe Pobre e mais nada. Obrigada
e onde posso arranjar partituras para coro? tenho a Mãe Pobre e mais nada. Obrigada
pesquise na Biblioteca Nacional em: https://digitarq.arquivos.pt/ViewerForm.aspx?id=4331758
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